— Não vai, por favor, Cate. — Deitado sobre a cama de casal que há poucos minutos presenciava um sexo apaixonado, Gasly via Caterina Masetti passar pelo corpo o vestido de cetim vinho.
— Me desculpa, baby, mas eu não posso.
— Por quê? Eu nunca consigo entender. Eu te amo, Caterina, o que mais é preciso pra você parar de fugir?
A morena odiava ouvir Pierre dizer aquelas palavras, elas machucavam mais do que ele podia imaginar. Ela também o amava, muito, mas acreditava fielmente que não era a pessoa certa para o francês. Não naquele momento, e em algumas horas, Zannini chegava a crer que eles nunca iriam conseguir ficar juntos.
Caterina tinha medo de machucar Gasly. Ela suportava viver sem a presença constante do piloto, mas jamais conseguiria se perdoar caso fosse a responsável por qualquer dor gerada a ele. Masetti era carregada de cicatrizes. Não era uma mulher fácil de lidar, muito menos de desvendar. Pierre, no entanto, a conhecia com mais facilidade do que um dia ela pensou ser possível. Os outros, no entanto, não tiveram a mesma capacidade.
Antes de descobrir o amor puro, saudável, benéfico, Cate precisou lidar com experiências que a levaram ao fundo do poço. A terapia era sua melhor amiga, assim como a solidão fora por muito tempo. O mal que lhe causaram despertou em si o temor de replicar tudo aquilo que a assombrava.
A morena havia experimentado o desprezo, a arrogância e a prepotência. Ela sabia que o francês não era assim, nem de longe. Pierre era um anjo para Caterina. Não só na aparência física, mas também nas atitudes e nos valores. E isso dava a ela a segurança de que no momento, não era possível estar ao lado dele de forma salubre.
Não contar a Gasly o que, realmente, a atormentava também a matava aos poucos. A desculpa era sempre a mesma, o fato de que ela não conseguiria manter uma relação à distância com ele. Mas a realidade não era traçada por esse caminho. Masetti ainda não estava pronta.
Ela lutava contra os seus monstros diariamente e entrar de cabeça no relacionamento com o piloto exigia uma força que ainda não era visível por parte da morena e Cate lamentava amargamente por isso. Estar pronta para receber todo o amor que Gasly tinha a oferecer era o que ela mais desejava.
— Eu só... —As lágrimas invadiram os olhos da morena. De cabeça baixa, Caterina caiu sobre os joelhos e apoiou as mãos sobre o rosto.
Terrivelmente preocupado, o francês deixou o lado da cama que ocupava e se postou ao lado de Zannini. Pierre exibia seu peito descoberto e sem pestanejar, puxou a amada pelo ombro fazendo com que ela apoiasse a cabeça em si.
— Caterina, eu te suplico. Eu preciso entender, eu não consigo te ajudar ou seja lá o que for, se você não me deixar fazer parte da sua vida de vez. — Com os lábios sobre os cabelos da garota, o piloto falava em um tom mais baixo.
A noite em Paris era deslumbrante. A grande massa redonda e luminosa no céu enviava toda a sua luz para dentro do quarto onde Gasly e Masetti falavam a mesma língua, mas não conversavam. Cate sentia-se como o demônio da vida do francês. Ela não queria puxa-lo para uma espiral de problemas e preocupações. A morena constatava que não era merecedora do posto de algo na vida de Pierre. Não enquanto vivesse na corda bamba.
— Me desculpa, baby. É a única coisa que posso te pedir. Desculpas. Você não tem culpa de absolutamente nada. — Aninhada no peitoral de Gasly, Caterina cerrava fortemente as pálpebras e deixava o cheiro inebriante do francês invadi-la.