CUANDO TE BESÉ | Gianluca Petecof

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*Baseado em uma história real
{♥}

Sintonia é algo que não existe explicação racional. Ela acontece de forma sinérgica. É difícil de colocar em palavras o que acontece quando você cai na real que tem algo que vai muito além da compreensão mental com alguém.

O grande problema é que quando você se dá conta, essa sintonia se transforma em paixão.

E o perigo mora exatamente neste lugar.

Foi assim que aconteceu com Gianluca. A gente não se conhece a vida inteira, mas dá para cravar que em grande parte do nosso crescimento um esteve na companhia do outro. Eu lembro exatamente de quando o conheci. Ele não era o que é hoje, longe disso. Dava até para considerá-lo uma pessoa comum, assim como eu sou.

Mas eu sempre senti uma atração gigantesca por ele, algo que nunca consegui descrever exatamente como é que acontece para ninguém. Ela só acontece. Eu sinto todas as vezes que nosso olhar se cruza quando ele está andando pelo paddock e eu estou sentada nas cadeiras entre as palmeiras digitando compulsivamente no meu computador.

E é até meio bizarro você parar para pensar que levou oito anos para que a gente trocasse um único beijo. Foi especial. Nada parecido com contos de fadas, mas especial porque foi real, meu corpo sentiu cada centímetro daquela movimentação. Aconteceu uma única vez. E eu nunca mais esqueci.

Era um dia frio em São Paulo, eu tinha me mudado há pouco tempo para essa selva de pedras e não conhecia muitas pessoas. Estava no meu apartamento, deitada na cama enquanto a televisão passava qualquer coisa na tela e eu me divertia nas redes sociais. Já tinha uns dias que eu estava suspeitando que o namoro dele de mais de dez anos com a Bruna tinha acabado, mas ainda não tinha certeza.

Eu acompanhava de 'perto'. Conhecia Bruna Santoni e ele, conversava com ela, mas sempre com um peso na consciência em saber que por trás da minha simpatia, existiam conversas comprometedoras com o namorado dela no meio da madrugada dizendo um para o outro o quanto a gente desejava estar juntos, naquele exato momento. Não me orgulhava, mas também não me arrependia.

Não tínhamos o costume de conversar todos os dias, as trocas de mensagens aconteciam mais quando ele estava viajando para correr. Óbvio, era só ele, o celular e um quarto de hotel. Uma grande red flag que eu ignorava solenemente.

Começava com uma curtida no story postado em uma cidade diferente e, em quase todas essas ocasiões, acabavam com fotos e revelações que mostravam e diziam mais do que deveriam. Era como se estivéssemos embriagados, não de álcool, mas sim de coragem para dizer inúmeras coisas que durante o dia jamais sairiam de nossas bocas. Lembro que em uma dessas conversas perguntei a ele se não estivesse em um relacionamento a tanto tempo e que se fosse uma pessoa livre, se ele namoraria comigo. Uma dúvida ridícula que eu tinha, mas queria uma resposta como se precisasse daquela certeza para me sentir a pessoa mais deseja do mundo.

E óbvio. Ele disse que sim, que era um sonho dele.

A corrida seria no fim de semana e ele tinha chegado na cidade na quarta-feira. Na noite anterior, nos falamos por mensagem com aquela velha desculpa: "ah, precisamos nos ver dessa vez sem desculpas, sempre falamos que vamos sair e nunca fazemos nada". Porque era assim, enquanto morávamos na mesma cidade, não havíamos saído juntos nem uma vez sequer.

Era como se o medo e a consciência sempre falassem mais alto na 'hora H'.

"Ah não, não acredito que você tá vindo para SP! Por favor, temos que nos ver dessa vez" - enviei sem o menor pudor quando vi a foto indicando que ele tinha decolado rumo à SP.

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