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Rodrigo

O dia estava diferente, na verdade tudo ficou diferente depois que dormi com a Mayla. O clima entre nós deu uma diferenciada. Continuávamos a conversar normalmente, mas haviam momentos em que ela me olhava de longe com certa raiva, estranhamente.

Posso dizer que aquilo tinha mexido comigo de certa forma. A maneira como ela agiu comigo naquela noite, por que estou pensando nisso? Eu não deveria querer mais.

Dou uma risada triste em meu escritório. Ela nunca me veria como algo diferente de amigo, esquece.

Espanto esses pensamentos e me volto para os documentos. Meus advogados viriam mais tarde para discutirmos o caso da empresa. A cada dia mais contratos são quebrados, a imagem da empresa estava indo para o ralo.

Eles poderiam fazer tudo comigo, me prender, me esculachar, até mesmo falar qualquer mentira inventada, mas tocar no nome da empresa, destruir algo que meu avô levou anos para levantar? Aquilo tinha passado dos limites. Ainda lendo os papéis que meus advogados tinham enviado a porta abre fazendo um barulho quase como sussuro. Ao levantar meu olhar vejo Mayla, logo dou um sorriso. Ela retribuí fechando a porta e se sentando em minha frente.

- Fugindo do trabalho? - Dou uma risada e volto a folhear.

- Até parece que faço isso. - Ela revirou os olhos, seu tom era impaciente, mas logo deu um risinho. - Na verdade, seus advogados já estão a caminho. Eles ligaram avisando que vão adiantar a reunião.

Levanto meu olhar e largo os papéis.

- Bom saber. - Entrelaço minhas mãos e as apoio nós braços da cadeira.

- Ainda é sobre as notícias? - Ela perguntou preocupada. Eu concordo com a cabeça e deslizo a cadeira em direção a janela, meu olhar sobre a cidade me fazia pensar em tudo que já conquistamos nesse prédio.

- Os contratos continuam diminuindo, alguns funcionários já pediram cartas para tentar em outras empresas. - Dou um suspiro, minha raiva estava crescendo. - Essas notícias conseguiram acabar com a única coisa que eu tinha de concreto em minha vida... - Volto a olhar para Mayla. - Mesmo fazendo minhas merdas eu prezo por essa empresa... Ela foi a única coisa boa que me restou.

Dou um sorriso triste. Na verdade, foi a única coisa boa que eu já havia tido.

- Você ainda tem tempo para construir coisas boas e concretas, Ro... E você não deveria desvalorizar aquilo que ainda tem. - Ela encolheu seus ombros ao falar e eu arregalei meus olhos enquanto a encarava.

Aquilo aquecia meu peito, não sei o porquê. A forma como ela falava e me olhava, eu só poderia estar maluco.

Uma coisa que eu queria fazer nessa transição era ser verdadeiro com os outros. Esse seria um grande passo. Naqueles últimos dias eu estava gostado de passar mais tempo com a Mayla. Nos divertimos muito, mesmo que ainda meio diferentes por conta daquela noite, mas acho que não temos para onde correr.

Seja lá o que estivesse acontecendo dentro de mim, eu precisava perguntar a ela. Precisava saber se ela estava se sentindo estranha como eu, se ela não parava de pensar em alguma possibilidade... Um silêncio tinha tomado conta enquanto nos encarávamos.

- Mayla... - Minha voz quase tinha saído num sussurro mas ela escuta e se inclina em minha direção. Antes que eu conseguisse iniciar a pergunta, minha porta abre lentamente.

Império PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora