BUCKBEACK

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Já é terça feira à noite. O segundo dia de detenção foi um desastre. Por que permito que Draco faça isso comigo?

Parece que gosto de me submeter à essa situação ridícula em que ele tem todo o controle sobre mim.

- Ainda continua se martirizando? - Charlotte pergunta. Achava que ela estava dormindo, mas a vejo com apenas um olho aberto, me encarando.

- Um pouco. Por qual razão ele faria isso?
Charlie revira os olhos, e se senta violentamente na cama.

- Pare de colocar expectativas no Malfoy. Se você quer que uma situação se torne verdade, faça dela verdadeira.

Aquele tom de voz de Charlotte queria dizer que ela já estava de saco cheio da situação. E eu, sinceramente, já estava de saco cheio de pensar sobre ela.

Me deito na cama ao lado, e apago o abajur, esperando que de manhã às respostas possam vir à minha cabeça naturalmente.

*

- Eu te odeio, sabe? - digo à Blaise, jogando uma torrada no prato dele. Blaise estava contando sobre a primeira vez que bebemos whisky juntos, e posso garantir que não havia sido uma imagem nada boa. - Ana ficou toda vomitada, choramingando pra lá e pra cá que os pais dela não iriam gostar nada de vê-la daquele jeito.

- E meus pais acharam que estávamos namorando, pois te viram entrar no quarto comigo. - disse, rindo. Havia sido uma festa de família. Meus pais são liberais e haviam permitido que Blaise passasse o final de semana conosco. Uma coisa leva a outra, e bebemos muito.

Posso perceber Draco dar um leve risinho quando sorrio muito com a história, e aquilo aquece meu coração.

Crabbe e Goyle começam a contar histórias também que, sinceramente, ninguém quer ouvir e eu apenas finjo escutar, enquanto Charlotte faz o mesmo. Na verdade, ela está montando carinhas no prato com morangos, blueberries e panquecas.

Ela, as vezes, faz a mesma coisa no almoço e diz que o brócolis é o seu cabelo, e acho a coisa mais fofa do mundo.

Vemos alguns alunos começarem a levantar, e logo sei que o café da manhã se encerrou e já temos aula. Na verdade, eu tenho aula com Charlotte agora.

- Malfoy. - tento chamar o louro à minha frente, mas ele sai andando e eu prefiro presumir que ele não ouviu, a pensar que ele me ignorou.

Charlotte vê minha cara de decepcionada e me dá um leve abraço.

- Acho que você está precisando de conselhos masculinos. - ela aponta para Blaise, que está recolhendo sua mochila. - Guardo um lugar pra você na sala.

Ela sai andando e eu espero Blaise vir até mim.

- O que aconteceu? - ele me conhece bem o suficiente para ver meu rosto por alguns segundos e saber que algo está errado.

- Malfoy aconteceu. - reviro os olhos. - Você já sabe, não sabe?

Me refiro às detenções, e ele não olha no meu olho, apenas me acompanhando.

- Não sabia que você gostava de se debruçar em mesas de madeira.

Posso ver ele tentando segurar o riso e eu faço o mesmo, depositando um tapa em seu braço.

- Ei, ei, foi muita emoção, certo? Mas é
sério...ele tem falado algo sobre mim?

- Ana....

Blaise e eu temos um combinado. Ele sabe que eu gosto do Malfoy, e ele é melhor amigo dele, assim como é o meu. Então para a nossa própria amizade, prometemos não misturar nada disso. Mas diante dessa situação, parece inevitável.

Where It All BeganOnde histórias criam vida. Descubra agora