Capítulo 5 - O que você perdeu, Landon Davis?

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"Eu vou pedir um coração — replicou o homem de Lata —,

porque um cérebro não faz a pessoa feliz,

e a felicidade é a melhor coisa desse mundo."

(O Mágico de Oz, L. Frank Baum)

ANTES

Meu melhor amigo era muito apegado ao pai, assim como eu também me afeiçoei muito pelo senhor Lewis. Ele era uma alma artística, como nós, mas que acabou perdendo toda a sua glória muito cedo. Lewis Davis era pintor e, uma das suas obras, "As cores que eu vejo" foi muito aclamada ainda quando ele era um pintor em ascensão. O que foi um fôlego para a família, pois eles tiveram uma filha muito cedo, aos dezesseis anos, e arcaram com essa responsabilidade, ainda sem saberem qual seria o vislumbre do futuro.

Por um tempo tudo deu muito certo, até que não mais. Depois de ter perdido sua casa, por tê-la hipotecado para abrir sua galeria, Lewis praticamente desistiu do seu sonho. Após muitas brigas com sua esposa, ele começou a trabalhar como pintor, mas dessa vez, apenas de casas. O que foi um fôlego para colocarem a vida financeira nos eixos.

Sempre que eu conversava com o senhor Davis, quando ele estava sozinho na garagem pintando um de seus quadros, apenas pelo seu hobby, eu percebia onde estava o seu coração, que aos poucos, ele foi perdendo.

Elle Davis herdou a beleza da família e, apesar de vê-la com pouca frequência, ela era tão legal quanto o Landon. Era dia de Ação de Graças e a minha família e a dos Davis estavam reunidas. Elle havia avisado a família que traria a pessoa que namorava e todos estavam muito ansiosos para isso.

Eu havia acabado de fazer catorze anos, há oito dias para ser exata, e estava começando a me interessar por coisas que não era desenhar ou ler livros. Fiquei interessada em me maquiar porque, um dia, o Landon disse que, nossa colega e a mais popular do colégio, Lily Brown, era bonita. Sim! Ele disse que outra garota era bonita na minha frente! Ok. Eu entendo que eu o pressionei e pedi para dizer quem ele achava bonita. Esperava que dissesse que era eu, mas não, era ela.

Pensei que ele a achava bonita, porque ela usava gloss labial e já tinha seios bem maiores que a maioria das garotas da nossa idade. Por isso, decidi que me arrumaria para o dia de Ação de Graças. Deixei que minhas irmãs me arrumassem, coloquei um vestido azul claro levemente rodado, meus cabelos enrolamos com baby liss, eu havia deixado eles crescerem até a altura do ombro. Emily e Melissa me fizeram uma maquiagem leve condizente com a minha idade. E, escondida de todo mundo, coloquei meias no meu sutiã. Enfim, fiquei peituda. Tinha adorado isso, fiquei me olhando no espelho me achando um máximo.

— Callie, você... — De repente o Landon apareceu. Ele tinha a mania de pular minha janela e apareceu bem do nada quando eu estava contemplando meus seios de pano. A reação dele foi de total choque, queixo caído e tudo.

"Está vendo Landon, quem é a bonita aqui?" falei nos meus pensamentos.

— Ei! Você não pode aparecer assim do nada, e se eu estivesse me trocando?! — disse algo diferente do que pensei, é claro.

— Por que você está vestida assim? — perguntou sem nem ligar para o que eu acabei de dizer.

— Qual o problema? — Coloquei a mão na cintura.

— É que... é estranho, porque você está parecendo uma garota.

— Eu sou uma garota, paspalho! — gritei indignada.

As Cores que PerdemosOnde histórias criam vida. Descubra agora