𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝙸

109 14 18
                                    

TW: Drogas, palavrões, morte.

05/02/1924
Nova Iorque - Manhattan
10:34

Wooseok arrumou a boina sobre os cabelos castanhos com mechas loiras e empurrou a porta do pequeno apartamento, trancando-a e descendo as escadinhas, passando a andar na calçada e encolhendo os ombros sob o pesado sobretudo. Pegando uma cartela de cigarros, colocando a mão na frente da chama do isqueiro, deixando o pulso coberto de tatuagens a mostra.

O dia do moreno não começou bem, pois logo pela manhã recebeu uma transmissão de um dos membros da gangue, esse dizendo que uma das encomendas de charuto tinha sido roubada e que agora o comprador queria outra.

O maior bufou e jogou o resto do cigarro no chão, amassando com o sapato social e virou a esquina, atravessando a rua e recebendo uma buzinada de um Peugeot 5CV que teve que frear antes que pudesse bater no em si. Wooseok sorriu em escárnio e continuou andando, entrando em uma viela e tirando as chaves do galpão do bolso. Destrancou e fez força, puxando o enorme portão, sentindo o cheiro de tabaco. Cumprimentou alguns funcionários e subiu a escada, entrando no escritório e sentando na cadeira de couro, tirou a boina e suspirou, puxando os cabelos para trás.

- Chefe? - Wooseok ouviu batidas na porta e resmungou um "entre".

- Temos alguma informação do filho da puta? - Perguntou o moreno e leu alguns papéis, assinando alguns e jogando fora outros.

- Infelizmente não... - Jeff abaixou a cabeça e bateu o pé, apreensivo, no chão.

- Qual foi o prejuízo? - Wooseok pegou outro cigarro e levantou da cadeira, tirando o sobretudo e afrouxando a gravata, ficando somente com uma camisa social branca, um colete cinza risca de giz e calças do mesmo estilo. - Quantos charutos?

- Um prejuízo de cinco mil dólares, chefe. Uma quantidade de trezentos.

O moreno bateu o punho na mesa de madeira e abaixou a cabeça, os negócios decaíram abruptamente nos últimos meses, mais alguém na região tinha começado a fazer o mesmo trabalho que o seu.

- Pra quem era essa encomenda?

- Para o magnata do bairro Upper East Side.

- Faça outro pacote e entregue pessoalmente. Não quero mais saber de incompetência nesse galpão, ou eu dou um tiro em cada um de vocês. - Wooseok falou com o cigarro no meio dos lábios e encarou o empregado.

- Si... Sim, chefe. Vou fazer a entrega agora mesmo. - Jeff gaguejou e saiu batendo a porta.

- Bando de imprestáveis. - Outro soco na mesa e um menear de cabeça. Wooseok tinha que descobrir quem estava atrapalhando seus negócios.

---x---

- Não... Não... Claro! Os nossos charutos e cigarros são os de melhor qualidade em toda Manhattan. Totalmente puros!

- Mas outra pessoa me fez um preço melhor, Wooseok. Sinto muito.

- Eu posso cobrir o preço dele! Quan... - A ligação foi acabada e o moreno puxou os cabelos para trás com raiva. Mais uma venda perdida.

Wooseok plugou o transmissor do telefone na base e girou a cadeira de couro. Abriu a caixinha de madeira encima da mesa e tirou um charuto de dentro, acendendo o isqueiro e soltando a fumaça pra cima.

- Eu preciso descobrir quem é o filho da puta. - O moreno balbuciou e bateu os longos dedos na coxa, pensativo.

- Chefe! O senhor precisa ver isso! - Um dos empregados bateu na porta e não esperou uma resposta, entrando ofegante e arrumando a boina.

- Que merda aconteceu agora? - Wooseok disse com o charuto nos lábios e levantou, acertando o colete cinza sobre o corpo e acompanhando o homem para fora.

Descendo as escadas o maior percebeu uma pequena roda de pessoas na frente do portão fechado do galpão, sussurros e palavrões eram escutados.

- Saiam da porra da minha frente. - Wooseok empurrou os funcionários e tapou o nariz com as costas da mão, o corpo de Jeff jazia imóvel no chão, com uma faca cravada no peito com um bilhete.

" Estamos aqui. Preparem -se"

Wooseok arrancou a faca do corpo e pegou o bilhete, amassando-o. Tirou o charuto dos lábios, deixando a droga entre os dedos indicador e médio, passou as costas da mão no rosto, manchando a pele com sangue.

- Como aconteceu essa merda? - O moreno perguntou olhando para o rosto de todos ali.

- E... Ele saiu para... Para fazer a entrega... - Disse um.

- E es... Escutamos um barulho do lado de fora... - Completou outro empregado, ambos encolhidos, amendrotados.

Wooseok trancou o maxilar e respirou fundo pelo nariz, jogou o papel no chão e passou o pé por cima.

- Voltem todos para a porra do trabalho de vocês, antes que eu bote todos no olho da rua! E livrem-se da merda do corpo! AGORA! - O moreno gritou e logo todos estavam atendendendo as ordens ditas.

Wooseok subiu as escadas apressado e bateu a pesada porta de madeira do escritório, fazendo a sala tremer. Voltou a colocar o charuto - agora pela metade-, nos lábios e pela incontável vez no dia, jogou os cabelos para trás, fazendo algumas mechas caírem nos olhos.

- Matar meu supervisor geral, que baixaria do caralho! - Balbuciou irritado e socou uma das paredes do escritório, encostando a testa no gesso.

- Che... Chefe?

O mais alto apoiou uma das mãos na parede e outra na cintura, virando-se lentamente.

- Que merda você quer?

- E... Eu...

- Quer saber? Nem termine. Eu vou embora, limpe a porra do meu escritório.

Wooseok ordenou e foi até o cabideiro ao lado da mesa, pegando o pesado sobretudo preto e a boina, passando reto e descendo as escadas, vendo alguns empregados limparem o sangue seco na frente do portão. Passou as pesadas portas e jogou o charuto no montante de neve do lado do galpão.

05/02/1924
Nova Iorque - Manhattan
23:45

Wooseok subiu as escadinhas do apartamento e destrancou a porta, tropeçando em uma caixa quando passou o batente.

- Caralho. Que merda é essa? - O moreno se abaixou e pegou a pequena caixa de madeira, entrando no apartamento e fechando a porta com o pé.

Colocou a caixa de tamanho médio na mesa da cozinha e abriu, uma careta de confusão se formando no seu rosto. Uma margarida sobre um tecido de seda preto juntamente com um cartão posto embaixo da flor trazia seu nome em uma caligrafia rebuscada. Wooseok puxou o cartão e abriu o envelope, suprimindo um arfar de susto.

" Espero que você não tenha ficado muito chateado com a morte do seu supervisor.
Estou aqui. Prepare -se, Woo "

O moreno novamente trancou o maxilar e amassou o cartão, jogando o papel no chão. Somente uma pessoa usava esse apelido e que sabia seu gosto pela flor branca.

- Yuto...






𝙳𝚊𝚒𝚜𝚒𝚎𝚜 𝚊𝚗𝚍 𝙲𝚒𝚐𝚊𝚛𝚛𝚎𝚝𝚎𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora