Ok. Eu vou fazer isso de maneira bem simples: jamais — foque no JAMAIS — coloque sua música favorita como despertador. Depois não digam que eu não avisei.
Se eu pudesse voltar no tempo, eu certamente me impediria de colocar Ghost do Confetti pra despertar todas as fucking manhãs. De verdade, a cada dia que essa música me acorda — e meu ódio pela vida e pela humanidade apenas aumenta — eu percebo que jamais vou conseguir ouvir essa música de novo. Principalmente porque foi a caminho do meu primeiro dia de aula no colégio novo que o meu maravilhoso aleatório resolve tocar essa música, e a minha cara se fecha na hora.
Confesso que isso não favoreceu meu começo naquele lugar; desde então, as pessoas no geral parecem me olhar com um pouco de medo.
Não que eu vá mesmo fazer algo pra mudar — sequer consigo parar alguém pra pedir informação, quem dirá chegar sorrindo e sendo gentil com estranhos —, Shel sempre tenta me convencer a ir nas festas do colégio, para quem sabe lá eu consiga melhorar minha imagem e fazer as pessoas não terem medo de se aproximarem de mim, mas não tenho a menor coragem de ir nesses rolês que ela vai.
No fim das contas, eu acabo tendo que concordar com Piper que, realmente, minhas roupas de couro e minha fixação por preto, as correntes e a cara de quem não dorme faz três meses não ajudam em nada pra melhorar meu visual.
— Nico, que porra é essa? — Escuto Piper perguntar quando se aproxima de minha mesa— Por que você deixou o caderno da Drew do primeiro C no meu armário?
— Trombei com ela hoje mais cedo e ela saiu de perto de mim tão rápido que esqueceu de levar o caderno junto. — Explico bocejando. — Acho que ela fugiria de mim... Você pode entregar pra ela? — Peço com um meio sorriso.
— Não entendo como as pessoas têm medo de você. — Ela fala com um tom de apoio, mas olha bem pra mim e posso sentir pela sua face que no fundo ela entende sim, profundamente e poderia me fazer uma apresentação de uns trinta slides me explicando as razões pelas quais as pessoas têm medo de mim.
Mas é aquele ditado: vamo fazê o quê né?
Já tenho Piper em minha sala, crescemos juntos afinal, e por causa dela conheci Shel — a aluna preferida dos professores, felizmente um ano mais velha, ser da sala dela deve ser um porre —. É claro, tenho Bianca também, mas ela voltou para Itália já faz algum tempo e isso não ajuda muito em como nossa mãe me trata... De qualquer forma, não preciso de mais gente que isso na minha vida.
— Ah, tanto faz. Quem liga pra isso?! — Digo meio soprado e mantenho a minha cara de quem vai dormir de novo na aula de química, mesmo estando prestes a bombar nessa matéria.
— Você liga, Nico. — Escuto Shel falar como se fosse extremamente óbvio. Só então me toco que ela tá na sala do segundo ano. — Você não engana a gente.
— O seu problema é que você quer encontrar alguém, mas fica com medo da sua mãe.— Piper diz e eu a olho feio. Que mentira mais cabeluda. — E eu to errada? Não tô porra.
Estou prestes a pedir o apoio de Shel, mas noto que a outra está apenas concordando com a cabeça. Traidora de merda.
— Eu sou tímido demais pra isso. Não tem jeito. E não tem nada haver com minha mãe. — Digo meio baixo e encosto o queixo na mesa. Pô, eu infelizmente tenho a maior cara de cachorrinho que caiu do caminhão da mudança, esse povo não enxerga isso porque não quer!
— Aham. O que foi que você me disse ontem? Era algo como, Pipes, eu não posso colar na prova, minha mãe vai me matar se ficar sabendo.— Disse, e pra me imitar ela usou um tom de voz ridículo. Cheguei a conclusão de que as pessoas me acham medonho porque elas olham a forma como eu olho pra Piper. Eu também teria medo (mas ela que deveria ter, adivinhem, não tem).
— E semana retrasada? — Shel continua e começa a mudar seu tom para me imitar. — Shel, não posso ir nessa festa porque minha mãe me quer em casa às nove e meia. — Com vocês: Shel, mais conhecida como "minha última esperança", acaba de descer pro posto de "inferno de amiga" junto à Piper. Aqui está seus mais belos "parabéns" em neon.
— Não sou pago o suficiente pra isso. — Reclamo, enfiando minha cara na mesa e fingindo não conhecer as duas.
— Nico, você sequer é pago. — Shel comenta achando graça.
— EXATO. Que vocês se explodam. — Retruco sem sequer me mover, não gostava nada de ouvir as duas falando assim sobre a minha vida. Principalmente pelo fato de eu saber que é verdade.
Eu não saio porque sei que vou ficar ouvindo minha mãe fazer um discurso sem fim sobre voltar até as 22:30, não beber, não fumar, não me envolver com meninos, não beijar bocas desconhecidas, não ficar dançando como as garotas costumam dançar e, basicamente, não fazer nada. Ou pelo menos nada que eu realmente queria fazer.
Mas mesmo que eu pense seriamente em tentar ir em uma dessas malditas festas, no final eu vou estar estressando tanto Shel quanto Piper de tanto dizer que quero minha casa; e que eu vou ficar olhando as pessoas fumando e não vou fumar; não vou beber mesmo tendo bebida de sobra; não dançarei como gosto de dançar e nem como vejo as meninas dançando — elas dançam muito bem, por sinal —, assim como também não teria coragem de beijar uns meninos aleatórios e, porra, como eu queria beijar as bocas de alguns meninos.
Estou cansado de ser tímido e um baita de um pau mandado da minha mãe. Estou ainda mais cansado de não ser comunicativo que nem a Bianca, de não ser bonito que nem a Bianca, de não ser inteligente e aspirante a cursos socialmente aceitos que nem a Bianca, basicamente, de não ser perfeito que nem a Bianca. E sinto que irei continuar assim até explodir, porque é o que eu faço. É o que eu sempre fiz: guardar tudo dentro de mim até explodir completamente.
— Olha, Neeks. — Escuto Shel falando bem perto de mim, provavelmente para que Piper não escute.— Eu sei que tem muita coisa que você quer fazer, mas que não consegue se soltar. Isso é normal, de verdade.
— Você vai me convidar pra outra festa, não vai?
— Você já foi em algumas, isso é bom, é aos poucos que você vai se soltando. Dessa vez vou te apresentar os amigos do Leo... Eles são ótimos em deixar pessoas confortáveis. — Ela diz, me dando apoio ao segurar meu braço.
— Leo é aquele seu amigo texano? — Pergunto baixinho.
— Sim. Aquele da minha sala que ta no clube de mecânica. — Ela responde rindo e eu apenas concordo com um sinal de cabeça.
— Você vai? — Ela questiona esperançosa.
Oh shit, e lá vamos nós de novo...— Vou pensar, Shel.
--|FIM DO CAP|--
Boa noite, meus semi deuses. Como vocês estão?
Para quem não me conhece eu sou fanfiqueira de quarteirinha já faz seis anos e, por isso, venho melhorando muito minha escrita. Sou aspirante a escritora e estou fazendo a venda de um livro autoral.De qualquer forma, essa estória é de originalmente de 2019, com um shipp de kpop, mas agora estou adaptando ela para Solangelo porque eu me enfiei nesse buraco sem fundo que é o riordanverso e precisei escrever algo sobre. Por isso, se tiver algum erro de pronome de tratamento ou nomes estranos, é porque passou despercebido (mas eu vou fazer o máximo para que isso não aconteça).
mAS e então pessoal, o que acharam até aqui? Gostaram desse Nico? Ansiosos? Espero que sim. Quem puder comentar, saiba que vai me ajudar muito e me deixar muito animada com o projeto.
Acho que até final de semana eu trago o próximo capitulo! Até lá, semi deuses.
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Bad Influence ✧ Solangelo
ФанфикNa qual o bad boy do colégio, a maior má influencia já existente, aquele que teve dedo no fato de mais da metade dos alunos do segundo ano terem virado maconheiros de uma hora pra outra, fumante de carteirinha e bebado nas horas vagas, acaba por enc...