Mãe, a senhora me prometeu

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Eu simplesmente não acredito no que estou vendo com meus próprios e lindos olhos.

Afinal, euzinho faço de tudo para ter a confiança da minha mãe. Tudo mesmo (menos parar de vestir minhas roupas pretas, claro), tô há anos na luta de conseguir a confiança dela. Mas em meio ano de grêmio estudantil e duas vezes conversando com minha mãe — uma delas agora, no meu telefone — Will já tem toda a confiança da velha? Sério mesmo?

Se fosse eu no telefone eu teria ficado de castigo pelos próximos cinco anos e viveria apenas da casa pra escola, da escola pra casa. Mas ele convenceu ela de que estávamos tendo sérias conversas sobre o rumo da minha vida e por isso eu não vi a hora e nem o celular; e o pior de tudo foi que ela acreditou.

Mãe, a senhora me prometeu, na moral, por que você é assim?

E agora ando nas ruas escuras de Nova York junto de Shel e Will — vale ressaltar que Will segura minha mão com seus dedos entrelaçados aos meus —, o silêncio é grande e sei que o único motivo para Shel não estar me enchendo de perguntas é o garoto ao meu lado. Estamos indo em direção a casa de minha amiga, apenas porque ela se recusou a me deixar dormir sozinho na casa de Will — e eu, de certa forma, agradeço um pouco por isso, só os deuses sabem o que teria acontecido.

— Não sabia que você era do tipo de amiga ciumenta. — O loiro fala à Shel, que apenas o olha feio.

— Não sou ciumenta. — Pontua, determinada — Apenas amiga dedicada e preocupada com a integridade do meu garoto que seria jogada pelos ares se passasse a noite contigo. — Ela responde rude e evita nos olhar.

— Você fala como se fosse santa. O que você achou que eu ia fazer com o Nico? Você sabe que eu nunca forço ninguém a nada. — Confesso que me preocupei com o tom de voz de Will, sinceramente, se eles resolverem cair no soco eu vou só assistir.

— O que eu quero dizer é que você é um bêbado e fumante de carteirinha e não quero que o Nico acabe assim também. — Ela afronta e sinto que essa era pra ser uma puta de uma indireta mas se tornou uma direta logo no começo da frase.

Ow, Ow, Ow, nem vem. O que eu faço ou deixo de fazer nunca foi e nunca vai ser problema dos outros. Se ele não quer beber nem fumar, eu não vou fazer ele beber e fumar. — Ele rebate estressado e eu só sei olhar pro horizonte e me perguntar: por que, Deuses?

Ah, é? E o que vocês estavam fazendo quando eu cheguei, hein, William Solace? — Ok. Essa foi a gota d'água.

— Shel, eu não criança. — Sinto a extrema necessidade de pontuar isso, já que ela parece não saber — Primeiro que eu não bebi nem fumei. Pelo menos não diretamente. — Respondo e Shel me direciona um olhar repreendedor. — Eu sei que não sou muito dessas coisas, mas eu sei me cuidar. Você fala tanto da minha mãe, mas tá fazendo igual.

— Eu não tô fazendo igual. Eu te aceito do jeito que você é. Só me preocupo nas merda que tu tá se metendo.

— Você não falou pra eu me enturmar com os amigos do Leo? — Afronto e sinto Shel se abalar por um momento.

É Shel, você não falou pra ele se enturmar com os amigos do Leo? — O garoto afrontosamente completa.

— Ele é amigo do Leo. Estávamos nos dando muito bem.

— Só vamos logo pra minha casa. Não vou ficar discutindo com vocês dois. — Will e Nico: um; Shel: zero.

Foi necessário apenas mais alguns minutos para que nós finalmente chegássemos na modesta casa de Shel. A garota colocou dois colchões no chão de seu quarto e seguiu para falar com sua mãe, e avisar que havíamos chego.

Bad Influence ✧ SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora