Mãe, Eu Devo Estar Doido

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Pelo amor que a minha mãe, claramente, não tem por mim. O que acabou de acontecer? Honestamente, eu realmente acabei de aparecer pra todo o ensino médio e dei uma lacrada colossal neles? É isso mesmo? Porque, sinceramente, me sinto tão hiperventilando, com as pernas tão fracas e com a visão tão turva que já não consigo dizer o que é real e o que é sonho. Sinto que a qualquer momento vou acordar na cama do meu quarto, descobrindo que tudo não passou de um pesadelo.

Mas no fundo eu sei que é real e ironicamente, eu sinto que eu estou fazendo o certo. Porque Will, por mais que seja sim um maconheiro doido da cabeça, também era muito mais que isso. Qual é? Ninguém é perfeito, tudo bem ele traficar drogas nas horas vagas...

Porque, apesar disso, Will Solace nunca deixou de ser a pessoa mais disposta do colégio a ajudar todo mundo. Ele nunca deixou de ser a pessoa que viu tudo o que eu escondia e, em momento algum, zombou da minha cara ou, me tratou como uma criança — Shel e Piper que me perdoem, mas tá aí um defeito das duas que quase me fez socar a carinha delas —, ele, além de tudo, me fez sentir incluído, me fez sentir realmente parte de algo.

Não que eu tenha me sentido parte do colégio, ou dos alunos, mas eu me sentia parte do grupo de adolescentes sem noção que fazem coisas extremamente duvidosas e que futuramente, ou vai virar piada, ou eles vão deixar embaixo do tapete.

E eu só posso agradecê-lo por ter me permitido viver essas coisas.

Por saber o que é matar aula para beijar na boca, por saber o que é ir em uma festa e ter que dormir na casa de algum amigo para que sua mãe não veja sua situação. Por me mostrar o que é a adrenalina de fazer coisas que sua mãe, no quarto ao lado, não poderia descobrir. Por me mostrar o que é gostar tanto de alguém a ponto de se arriscar e colocar todos os seus medos de lado para proteger essa pessoa.

E eu precisava urgentemente retribuir, pelo menos um pouco, tudo que ele fez por mim.

E é claro que eu deveria estar indo para a direção nesse momento, mas minha cabeça está tão a mil que eu simplesmente não consigo nem dizer onde diabos eu estou agora. Mal consigo respirar direito. E, provando a teoria de que ou eu estou completamente louco ou isso é um sonho, Will Solace aparece na minha frente. É isso crianças, alucinações nunca são um bom sinal.

— Vem comigo. — É tudo que a alucinação extremamente realista do garoto que roubou meu coração diz, antes de segurar minha mão e começar a correr comigo por aí. E assim, eu nunca tive alucinações antes, mas algo que me diz que elas não são palpáveis a esse ponto.

— Por..., por quê? — Eu pergunto meio sem ar, enquanto sou arrastado pelos corredores.

— Por quê, o quê?

— Por que veio atrás de mim?

— Porque eu sabia que você ia precisar de ajuda. Não é todo dia que você fala na frente de tanta gente..., fiquei preocupado. — Ele explica calmo, sem olhar para trás, me levando para o lado de fora do prédio, em direção ao muro do colégio, ele se pendura na árvore e estende a mão para mim, mas eu apenas o encaro confuso. — Nico, não fiquei bravo com você em momento algum. Vem, a gente precisa conversar antes de tomarmos qualquer atitude.

— Mas eu deveria estar indo na diretoria... — Acabo soltando o pensamento desesperado e começo a olhar em volta, preocupado de sermos pegos.

— Neeks, não se preocupe, vamos lá depois. Mas antes a gente precisa mesmo conversar. — Ele explica e estende a mão para mim novamente..., e eu resolvo ceder e segurá-lo, sendo impulsionado para cima do galho e pulando o muro por meio deste.

William segura minha mão e entrelaça nossos dedos, caminhando ao meu lado sem dizer nada. Não sei como ele está se sentindo, mas o silêncio não me incomoda, mesmo que eu não faça ideia de onde ele está me levando, mesmo que meu celular não pare de vibrar em meu bolso, mesmo que seu rosto esteja meio indecifrável, mesmo que eu esteja meio assustado..., eu me sinto em paz.

Bad Influence ✧ SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora