Mãe, Socorro Eu Tô Passando Mal

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Acelero meus passos, enquanto me esquivo daquela multidão de pessoas egocêntricas e mesquinhas, procurando qualquer sinal do loiro — que, aliás, eu poderia chamar de Mestre dos Magos, já que ele simplesmente desapareceu —, mas nada, não há um sinal dele. Merda, Will, do que adiantou eu tirar o nó na garganta, se agora ele já está se formando outra vez com seu sumiço?

Entro na sala e corro em direção aos seus amigos, que parecem preocupados também.— Annabeth, Silena, vocês viram o Will?

— Ver, a gente até viu. — A loira começa.

— Mas ele passou tão rápido, que se a gente não tivesse prestando atenção, ele ia passar despercebido. — Completa a outra.

— Pegou o material dele e saiu tão rápido quanto entrou.

— Se duvidar, correu até mais.

Essas duas, estranhamente, completam suas falas, eu apenas concordo com a cabeça, entrando em pânico e decidindo ir em direção ao pátio, talvez o encontre. Mas na saída da sala, acabo trombando com Piper, que estava acompanhada de Shel.

— Nico, aconteceu alguma coisa? Acabamos de ver o Will pular o muro da escola.

— E ele estava chorando... E pela sua cara, realmente tem algo rolando.

E eu não respondo. Não respondo ninguém, porque no momento, sinto que nem voz eu tenho mais. Porque meu cérebro começa a ferver, e a culpa a me consumir. E eu me odeio, me odeio mais do que já me odiei em toda a minha vida — e olha que eu nunca fui de gostar muito de mim mesmo —, me odeio porque eu devia ter ficado quieto.

Onde eu estava com a cabeça? Algumas pessoas foram feitas para não ter o direito de falar! Simples! Se você virar a situação, e deixar os mudos falarem, é automático: o caos surge. E eu implementei um na vida de Will. Caralho, ele só queria me ajudar!

— Nico, calma, respira. Olha pra mim. — A garota começa, mas eu não consigo a olhar. Apenas quero correr para fora desse colégio, mas não adiantaria nada, porque apesar do loiro me conhecer bem pra caramba, eu não o conheço na mesma medida. Não sei onde se esconderia e, muito menos sei onde mora, para poder o esperar na porta de sua casa. Mas Shel segura meu rosto com as duas mãos e me força a olhá-la.

Aos poucos, eu escuto suas palavras calmas e consigo sentir que minhas vias aéreas voltaram a funcionar, que já não estou hiperventilando. Mas o medo ainda é real, a culpa ainda pesa em meus ombros.

— Eu preciso falar com ele... — Digo tão baixinho que quase não conseguem me ouvir.

As duas me guiam para um banheiro pouco frequentado, na intenção de podermos conversar. Elas me convidam a sentar embaixo da pia e ficamos ali um pouco, até eu finalmente conseguir me acalmar o suficiente para começar a falar.

— A gente tava esperando pra falar com a diretora, mas ele queria que eu desabafasse porque sabia que eu tava entalado com palavras. Só que eu tava bravo, então, eu explodi... Descontei tudo nele, reclamei sobre todas as coisas que ele faz e sai impune. Mas eu NÃO SABIA que a diretora tava ouvindo TUDO! — Explico, as palavras saem completamente atropeladas, e os dois ficam parados um tempo, com os olhos arregalados, tentando processar tudo. — E ela falou que por ser uma péssima influência, e por enganar ela, o Will seria expulso do clube estudantil, e os pais dele seriam comunicados. VOCÊS SABIAM QUE OS PAIS DELE ESTÃO NO TEXAS? POIS É! E ele começou a chorar, e apenas saiu correndo da sala. Era pra eu ter ido atrás dele de cara, mas a diretora me segurou e começou a BABAR MEU OVO falando que agradecia a minha coragem por ter dedurado o Will, SENDO QUE EU NUNCA FIZ ISSO, ELA OUVIU TUDO SEM EU SABER! E ficou querendo se desculpar comigo, e não sei mais o quê, ignorei a baranga chata e saí correndo atrás dele, mas JÁ ERA TARDE!

Bad Influence ✧ SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora