Capítulo 19 - Draco

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"Você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem."
L. Frank Baum 

"-Tem certeza que quer voltar pra lá?

-Sim, ele precisa de mim! 

-Você sempre vai ter um lugar na Toca, sabe disso não sabe? 

-Sei, eu sou da família...

-Sempre. Não faça nada estúpido, certo? 

-Como eu poderia? Está levando toda a burrice com você!"

(...)

Era difícil respirar mesmo quando estava sozinho. Durante toda a sua vida foi submetido a caprichos, desejos e realizações de seus próprios pais. Sim, eu disse "pais". Se sentia mal por dizer isso de sua mãe, mesmo ela sendo uma das maiores de suas defensoras. Mas ela também o sufocava quando o protegia em excesso. Ele nunca foi uma criança sensível ou que precisasse de extrema atenção. Na verdade, ele até gostaria de ter tido um irmão para que as atenções não fossem voltadas somente para ele. Mas não desejaria que mais ninguém passasse pelo que ele passou. A verdade sobre ele? Seu pai não queria um filho, queria um herdeiro… 

Aos 4 anos, seu pai já dizia: 

"-Um bom profissional é formado desde pequeno!" 

Mesmo que ele ainda fosse um bebê. Ele não entendia as brigas que aconteciam em sua casa, mas sabia que os gritos não eram coisas boas. A vida toda foi criado sem o amor de um pai, mesmo o tendo ao seu lado. 
Não era fácil ouvir seus pais debatendo sobre sua própria vida como se ele fosse um peso, e aos 7 anos a discussão era sobre a escola. Lúcio queria que seu filho fosse mandado para um internato e que já voltasse de lá um homem, mas não era assim que Narcisa pensava. Ela queria seu filho por perto. Esperava que quando ele chegasse na idade certa, assumisse as responsabilidades que um Malfoy precisa, mas até lá, seu filho teria uma vida ao seu lado.

-Qual o problema dele frequentar uma escola normal? Ele só tem 7 anos! - disse Narcisa, já nervosa.

-Com 7 anos eu estudava em Durmstrang e sobrevivi. Não vejo problema em ele ir pra lá! - respondeu Lúcio, a um passo de gritar. 

-Não quero ficar longe do meu filho, e não quero que… - o choro entalou em sua garganta.

-Não quer o quê? Anda Narcisa, diz o que você sempre quis me dizer! 

-Não quero que meu filho seja igual a você! Ele não vai sair da cidade, Lúcio! 

-Isso é o que nós vamos ver… 

-É, isso é o que nós vamos ver! - disse, e logo após se retirou do quarto. 

Narcisa não se rendia aos caprichos do marido e sabia muito bem como conseguir o que queria. Era só envolver os avós paternos de Draco que tudo sempre caía sob seu colo, e dessa vez não tinha sido diferente. Ela tinha conseguido convencê-lo a enviar Draco a uma escola normal, mas assim que chegasse em casa teria aulas complementares. Não era uma rotina para uma criança de 7 anos, mas era muito melhor do que teria se o pai tivesse ganhado a discussão. 

E assim seria feito, durante a manhã ele iria até a escola e a tarde receberia professores em casa. 

Se lembrava com detalhes do seu primeiro dia. Não queria ter amigos, não queria precisar falar e interagir com qualquer criança. Continuaria sozinho e vivendo no seu próprio mundo. Porque agiria dessa forma? Simples, era mais fácil. É mais fácil não precisar falar, e logo, não se sentiria da mesma forma que se sentia em casa. 

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