Capítulo 15

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   Após tanta espera, os soldados sobreviventes retornaram à base militar WARHORSE. Como era de se esperar, houve um tumulto na hora de sua chegada. Todos os militares da base correram em direção ao portão para receberem os soldados que escaparam dessa tragédia. Por precaução, Claudia,  eu e Aika ficamos afastados dessa movimentação no pátio, mas o meu amor já se encontrava chorando e tentando ver de longe se conseguia avistar Ocre e Machmoud no meio da multidão. E de repente Claudia gritou e começou a balançar seus braços para o alto, ela havia visto o soldado Ocre no meio dessa confusão, e é claro que eu tive que contê- la para ela não correr em direção à ele, então esperamos que Ocre chegasse até nós, e quando ele parou na nossa frente, Claudia o abraçou e começou a se debulhar em lágrimas, enquanto Aika pulava nele e latia animada. Claudia o via como um irmão mais novo e era o soldado que ela tinha mais contato dentro da base. Apesar da felicidade de ver que ele havia sobrevivido ao ataque dos terroristas iraquianos, eu ainda estava bem tenso, procurando meu amigo Machmoud no meio dos soldados e para minha satisfação o avistei são e salvo. Ele veio em passos largos em nossa direção e o abracei com muita força, grato por ele ter sobrevivido. Comemoramos por eles estarem vivos, mas também nos sentimos inconsoláveis por aqueles que se foram. Esses que foram mortos, ainda há poucas horas estavam vivos. Eles amaram e também foram amados, e eles sentiram a aurora e viram o poente a rebrilhar, e agora não viviam mais e seus corpos sem vida seriam sepultados, e suas famílias sofreriam eternamente por essas perdas.

   Depois de um tempo, felizes por Machmoud e o soldado Ocre estarem bem, eu e meu amor retornamos ao nosso quarto, para finalizarmos a organização de nossa bagagem, para em breve partirmos para o melhor destino possível: a minha casa e agora a de Claudia também. Um pouco mais cedo entrei em contato com os meus superiores e me foi concedida uma licença por tempo indeterminado, mas se por um acaso eu fosse convocado, teria que retornar imediatamente, e essa última parte com certeza não revelarei ao meu amor. Eu estava muito ansioso, porque daqui a algumas horas partiríamos em direção ao aeroporto de Bagdá e um avião nos levaria de volta aos EUA. Além de eu e Claudia, outros militares deixariam a base WARHORSE, entre eles meu amigo Machmoud, soldado Ocre, sargento Gaiman e também Aika. Pedi permissão para o meu superior para que eu pudesse levar o animal para minha residência, explicando os motivos para tal ação, e para o contentamento de Claudia, a permissão havia sido concedida. Mas apesar do meu amor estar muito ansiosa em partir, também se encontrava extremamente nervosa e apavorada com toda essa mudança em sua vida. E eu tentava acalmá- la, dizendo que teríamos uma vida bem mais tranquila,  longe dos perigos da guerra.

   Enquanto nos despedíamos dos militares que permaneceriam na base, nosso transporte estava nos aguardando,  para nos levar ao aeroporto de Bagdá. O meu amor permaneceu todo o percurso em total silêncio e agarrada ao meu corpo, com sua cabeça recostada em meu peito. E quando embarcamos no avião, Claudia estava toda gelada e trêmula, e eu sempre estava a acalmando, dizendo que tudo ficaria bem e para não se preocupar com nada, que eu estaria com ela o tempo todo. E para distraí- la, disse à ela que Aika já se encontrava no compartimento dos animais, e que havia tomado um medicamento para não ficar muito agitada durante a viagem. E o meu amor me pediu para tomar um remédio também, mas disse à ela que não era seguro, por estar grávida, poderia fazer mal ao nosso bebê. Quando o avião começou a decolar, cobri Claudia com um cobertor, e a abracei bem forte, e disse à ela que se o avião começasse a balançar um pouco seria algo normal, e logo em seguida ela cobriu até sua cabeça com a coberta, e envolveu seus braços em minha cintura me apertando mais do  que o normal.

   Durante nossa viagem, tudo transcorreu muito bem, e o meu amor dormiu a maior parte do tempo, e eu também aproveitei para descansar bastante durante o vôo. A vida na base militar não era nada fácil, não tínhamos nenhum conforto, e sempre estávamos em alerta, porque  ficávamos pensando que poderíamos ser atacados pelos terroristas iraquianos a qualquer instante. Até eu estranharia essa nova vida, mas não a trocaria por nada nesse mundo. Ter Claudia e meu bebê debaixo do mesmo teto que eu, às vezes me apavorava,  teria que ser completamente responsável por essas duas vidas, mas ao mesmo tempo isso me fascinava, só de imaginar de ter uma esposa e um filho (ou filha) correndo por toda a casa e fazendo arte, meu coração começava a disparar e meus olhos se enchiam de lágrimas de extrema felicidade só de pensar  como seria minha vida de agora em diante.

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2021 ⏰

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