Jazmine
Tudo bem
Ele não tinha me visto...... Tudo bem que ele tinha olhado diretamente para mim e eu tenha estremecido de leve.
Isso não quer dizer que ele me reconheceria
Não é?
Puxo uma respiração enquanto aperto com força o volante do carro, a estrada a minha frente parece cada vez mais longa. Jesus, Nova Orleans não parecia tão distante.
Olho pelo retrovisor e suspiro baixinho quando não vejo nenhum carro atrás de mim. Ok, eu tinha escapado e ele não me encontraria mais, e aquele frio na espinha? Não sentiria mais
Solto uma das mãos e movo o dedo pela tela do celular procurando uma playlist adequada com o momento.
Será que tem alguma parecida com o dia do julgamento? Tipo, uns tambores, ou umas gaitas......Ok, eu estava enlouquecendo. Pigarreio e me ajeito no banco de couro clicando na primeira playlist que eu vejo. A música Now Or Never de Halsey começa a tocar e eu me permito relaxar.
Certo, eu conseguiria
É claro que eu conseguiria
........................................
Eu não consegui
Obviamente, já que um idiota quase bateu em meu carro e fingiu que nem tinha visto enquanto passava por mim com seu carro enorme parecendo mais um tanque de guerra chique.
E sabe o que eu fiz? Não, não foi respirar e seguir adiante
Foi abrir a janela e gritar como louca chamando-o de nomes que se minha tia estivesse viva cairia dura no chão. Mas pensando pelo lado positivo, eu consegui extravasar e todo minha raiva e aflição interior foi para os ares.
Mais ou menos
Paro o carro em uma lanchonete mais parecida com uma casa de bonecas e desço estremecendo quando sinto o ar frio bater em meu rosto. Coloco o casaco mais próximo ao meu corpo e bato a porta antes de caminhar até lá dentro da lanchonete
Quando eu disse que parecia com uma casa de bonecas, eu não estava falando a sério, mas aí eu entrei e vi que era realmente um casa, só que sem a Barbie ou o Ken, o que era uma pena. As paredes eram totalmente brancas, com mesas cor de rosa em madeira, e rosas que cheiravam a perfumes errados.
Franzindo a testa me aproximo do balcão e dou um sorriso quando vejo uma mulher vestida com uma roupa em cores pretas e rosas. Ela repara e revira os olhos se inclinando no balcão
- Não ligue para esse teatro. A dona daqui é meio maluca – ela sussurra e eu me inclino também sussurrando
- Eu achei vintage
- Ah por favor, você é maluca também? – ela pergunta e eu levanto um ombro
- Só nas horas vagas – respondo e ela dá risada
- Com o que eu posso ajudar?
- Preciso de um café, com bastante açúcar
- Está querendo viver perigosamente? – ela diz e digita algo no computador antes de passar para a menina ao seu lado
- Gosto dos riscos – eu falo e olho ao redor antes de me virar para ela – Mas qual é a do tema rosa?
- É a cor favorita da dona da lanchonete – ela responde revirando os olhos – Ela disse que acalma os clientes
- E acalma?
- Não, mas eu é quem não vou dizer isso a ela – ela fala e eu dou risada olhando para a sua plaquinha da farda. Pego meu copo de isopor e estremeço com a sensação de calor nas minhas mãos gélidas, tiro uma nota e entrego a ela que registra
- Muito obrigada Penelope – eu falo e ela sorri – Pelo café e pela explicação cor de rosa
- Por nada – ela diz e me observa – Quando precisar de algo rosa é só me pedir
- Você me ajudará? – eu pergunto desconfiada e ela balança a cabeça
- Não, é só para me avisar e eu conseguir fugir a tempo – dou risada e aceno me despedindo, tomo um gole do café e abro a porta da lanchonete.
Olho para o meu carro e de volta para calçada. Levantando um ombro, me viro e começo a andar lentamente enquanto observo as pequenas lojas coloridas.
Ofereço um sorriso para uma das senhoras que estão na porta e desço as escadas virando em uma rua, mas paro abruptamente quando bato em uma parede humana.
- Puta que pariu – ouço um rosnado e tiro o copo de isopor agora vazio de perto de mim e vejo a grande mancha preta em minha roupa
- Ah droga, meu café – eu resmungo e desgrudo a camisa do meu peito enquanto assopro
- O que diabos é isso? – levanto abruptamente a cabeça e olho para a camisa do cara em que eu bati, vejo o que parece ser uma gosma rosa e mordo o lábio inferior tentando não rir
- Chantilly
- Chantilly é branco – ele responde quase grunhindo e eu começo a rir baixinho – Você está rindo? – ele pergunta afrontado e eu olho para cima. Paro de rir no mesmo instante
Caceta, aquele cara tinha saído de alguma revista sexy?
Seus olhos quase azuis me observam e eu fixo meu olhar em seus cabelos pretos, a coisa mais segura nele. Pigarreio e me afasto dando um passo atrás
- Isso é chantilly, só que rosa – eu respondo e ele estreita os olhos na minha direção
- Não brinca gênio – ele fala e eu faço uma careta
- Só estou respondendo sua pergunta, não precisa ser grosso
- Acha que eu estou sendo grosso? – ele diz e eu arqueio uma sobrancelha – Você deveria começar a olhar por onde anda
- Desculpe, mas você é tão responsável por isso quanto eu
- Verdade? Porque posso jurar que a estabanada aqui na minha frente não foi capaz nem de segurar o copo o suficiente para que não derramasse em mim – seus olhos claros se fixam em mim e eu puxo uma respiração
- Olha aqui seu babaca, eu não sou adivinha para saber que vou bater em uma pedra. Então porque não sai da minha frente e me esquece?
- Com prazer
- Ótimo – eu praticamente rosno enquanto passo por ele sem direção alguma e sigo em frente
Mas que filho de um demônio
Passo a mão na mancha e resmungo uma imprecação. Mas que droga, essa viagem infernal não teria um pouco de paz não?
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Perfeita Desordem
RomanceExiste uma lei perfeitamente clara dizendo que "não cometerás um erro duas vezes no mesmo dia". Mas obviamente Jazmine Bellucci ainda não deve ter ouvido, porque acabou de entrar em uma furada ainda maior do que a primeira. A primeira? Foi ter decid...