Aconteceu um acidente
Não, eu não morri
E não, eu não matei ninguém......Ainda. Porque se aquele cara continuasse resmungando perto de mim eu com certeza iria soca-lo no rosto.
- Você acha mesmo que fazer um escândalo no meio da rua vai ajudar você nisso?
- Acho – eu falo em voz alta e aponto para a gaiola – Esses animais são inofensivos, e acima de tudo livres
- E o que me interessa isso? – aquele velho estava me irritando de uma maneira que se estivéssemos em uma sala eu com certeza voaria em seu pescoço
- Olha – eu falo tentando apaziguar – Porque não solta ele? Aí fica tudo certo e você pode ir para o inferno, ou seja lá onde for
- Porque você.... – Ele começa, mas é interrompido por uma voz se aproximando do outro lado da rua
Caceta, eu estava ferrada
- O que está acontecendo aqui? – uma policial vem até nós nos observando e eu pigarreio antes de começar a falar
- Esse senhor está apreendendo um animal que é para ficar livre, e não em uma gaiola suja – eu falo e ela franze a testa abaixando o olhar para a gaiola em questão
O marsupial peludinho nos observa e vejo seu corpinho estremecer de leve quando a policial se aproxima averiguando. Se levantando de novo ela nos encara e levanta um ombro
- Você roubou esse animal? – ela pergunta para o velho rabugento e ele balança a cabeça negando
- Ele é meu
Percebo que vou perder essa discussão e me aproximo do velho enquanto a policial me olha
- Desculpe senhora, mas se esse animal é dele, não podemos fazer nada
- Tudo bem, eu entendo – eu falo e me abaixo fingindo ajeitar a bolsa no ombro – Obrigada por intervir
- Por nada – ela fala desconfiada e eu dou uma leve tossida quando o trinco faz um som meio alto
- Desculpe, estou meio gripada – eu falo e me ajeito de novo ignorando quando o velho se afasta de onde eu estou. Sorrindo aceno para eles e saio andando.
Demora cinco segundos antes que eu o escute resmungando um palavrão, caminho mais rápido pela calçada mais ainda o escuto
- Ele fugiu – o velho fala em voz alta e eu aperto o passo – Aquela mulher pegou o meu animal
- Senhor, se acalme – a policial responde e eu abro a porta do carro rapidamente antes de entrar. Jogo a bolsa no outro banco e me sento ligando o carro o mais rápido possível.
Dando partida acelero e saio das ruas apertadas e só quando estou o mais distante possível é que eu relaxo no banco. Suspiro e dou risada.
Ok, isso foi legal
.............................................
Cruzo os braços olhando para o meu quarto e vejo a luz piscar duas vezes antes de continuar acesa. Levantando um ombro fecho a porta e coloco a bolsa e a mala perto da saída enquanto averiguo o quarto em busca de algo inadmissível
Tipo, uma bomba
Ou drogas ilícitas escondidas nos buracos
Abro a torneira e água gelada escorre em um jato me assustando, pulo um centímetro e controlo a respiração enquanto desligo a torneira. Ando pelo corredor e vejo o quarto com a porta aberta, paredes cinzas com alguns arranhões.
E deus me livre querer saber de onde veio esses arranhões
Sento na cama e depois de um leve rangido ela continua segura, me levanto de novo e saio do quarto indo até a sala, pego a mala de rodinhas e minha bolsa, mas paro quando sinto o celular vibrando dentro dela
Coloco a mão dentro enquanto deixo a mala de rodinhas parada e solto um grito quando sinto um arranhar em meu dedo, tiro rapidamente e averiguo a mão antes de olhar dentro da bolsa.
Um par de olhos escuros me observa tranquilo de dentro da bolsa e eu estreito os olhos em sua direção
- Mas que danado – eu falo e ele se move lentamente – Eu mandei você fugir e não se enfiar na minha bolsa
O marsupial continua me olhando e eu suspiro antes de colocar lentamente a mão dentro da bolsa, ele me olha por alguns segundos e decidindo abre os braços e agarra o meu dedo indicador. Sorrindo trago-o para mim e acaricio o seu corpinho fofo
- Está mais tranquilo amiguinho? – eu pergunto e vejo sua respiração calma – Você deveria ir, tipo passear ou curtir umas festas
Ele continua parado e eu me aproximo da janela, coloco a mão para fora, mas ele continua parado olhando para mim
- Não quer ir embora? – eu pergunto e ele pisca os olhos lentamente – Quer ficar aqui por uns tempos? Eu posso dividir uns petiscos com você – eu falo e tranco a janela de novo – Mas até lá você tem que ter um nome – eu comento e me sento no sofá desgastado – Deixe-me pensar
Coloco a mão no meu colo e ele se deita ainda me olhando tranquilamente. Acaricio de leve e franzo a testa pensando, me viro e pego a bolsa de novo, pesco o celular de dentro e vejo uma mensagem de Sophie.
Sophie: Tudo bem?
Eu: Cheguei viva
Sophie: Isso não é resposta
Eu: É sim
Sophie: O que você já aprontou?
Eu: Eu não fiz nada
Mando a mensagem e dou risada quando vejo as patinhas do marsupial na minha tela do celular enquanto inclina a cabeça para ver a mensagem.
- Você é bem curioso, mocinho – eu falo e ele inclina a cabeça para mim. Volto o olhar para o celular e digito
Eu: Na verdade acabei de encontrar meu novo melhor amigo
Sophie: Verdade?
Eu: Sim
Tiro uma foto dele em meu colo e mando para ela, digitando o nome dele embaixo. Olhando para o meu novo amiguinho eu dou um sorriso enquanto o observo
- Sherlock é um bom nome, não é? – eu pergunto e ele se aproxima ainda mais se inclinando em minha mão e eu meio que considero isso como um sim.
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Perfeita Desordem
RomanceExiste uma lei perfeitamente clara dizendo que "não cometerás um erro duas vezes no mesmo dia". Mas obviamente Jazmine Bellucci ainda não deve ter ouvido, porque acabou de entrar em uma furada ainda maior do que a primeira. A primeira? Foi ter decid...