Capítulo 4 - Sherlock

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Aconteceu um acidente

Não, eu não morri

E não, eu não matei ninguém......Ainda. Porque se aquele cara continuasse resmungando perto de mim eu com certeza iria soca-lo no rosto.

- Você acha mesmo que fazer um escândalo no meio da rua vai ajudar você nisso?

- Acho – eu falo em voz alta e aponto para a gaiola – Esses animais são inofensivos, e acima de tudo livres

- E o que me interessa isso? – aquele velho estava me irritando de uma maneira que se estivéssemos em uma sala eu com certeza voaria em seu pescoço

- Olha – eu falo tentando apaziguar – Porque não solta ele? Aí fica tudo certo e você pode ir para o inferno, ou seja lá onde for

- Porque você.... – Ele começa, mas é interrompido por uma voz se aproximando do outro lado da rua

Caceta, eu estava ferrada

- O que está acontecendo aqui? – uma policial vem até nós nos observando e eu pigarreio antes de começar a falar

- Esse senhor está apreendendo um animal que é para ficar livre, e não em uma gaiola suja – eu falo e ela franze a testa abaixando o olhar para a gaiola em questão

O marsupial peludinho nos observa e vejo seu corpinho estremecer de leve quando a policial se aproxima averiguando. Se levantando de novo ela nos encara e levanta um ombro

- Você roubou esse animal? – ela pergunta para o velho rabugento e ele balança a cabeça negando

- Ele é meu

Percebo que vou perder essa discussão e me aproximo do velho enquanto a policial me olha

- Desculpe senhora, mas se esse animal é dele, não podemos fazer nada

- Tudo bem, eu entendo – eu falo e me abaixo fingindo ajeitar a bolsa no ombro – Obrigada por intervir

- Por nada – ela fala desconfiada e eu dou uma leve tossida quando o trinco faz um som meio alto

- Desculpe, estou meio gripada – eu falo e me ajeito de novo ignorando quando o velho se afasta de onde eu estou. Sorrindo aceno para eles e saio andando.

Demora cinco segundos antes que eu o escute resmungando um palavrão, caminho mais rápido pela calçada mais ainda o escuto

- Ele fugiu – o velho fala em voz alta e eu aperto o passo – Aquela mulher pegou o meu animal

- Senhor, se acalme – a policial responde e eu abro a porta do carro rapidamente antes de entrar. Jogo a bolsa no outro banco e me sento ligando o carro o mais rápido possível.

Dando partida acelero e saio das ruas apertadas e só quando estou o mais distante possível é que eu relaxo no banco. Suspiro e dou risada.

Ok, isso foi legal


.............................................


Cruzo os braços olhando para o meu quarto e vejo a luz piscar duas vezes antes de continuar acesa. Levantando um ombro fecho a porta e coloco a bolsa e a mala perto da saída enquanto averiguo o quarto em busca de algo inadmissível

Tipo, uma bomba

Ou drogas ilícitas escondidas nos buracos

Abro a torneira e água gelada escorre em um jato me assustando, pulo um centímetro e controlo a respiração enquanto desligo a torneira. Ando pelo corredor e vejo o quarto com a porta aberta, paredes cinzas com alguns arranhões.

E deus me livre querer saber de onde veio esses arranhões

Sento na cama e depois de um leve rangido ela continua segura, me levanto de novo e saio do quarto indo até a sala, pego a mala de rodinhas e minha bolsa, mas paro quando sinto o celular vibrando dentro dela

Coloco a mão dentro enquanto deixo a mala de rodinhas parada e solto um grito quando sinto um arranhar em meu dedo, tiro rapidamente e averiguo a mão antes de olhar dentro da bolsa.

Um par de olhos escuros me observa tranquilo de dentro da bolsa e eu estreito os olhos em sua direção

- Mas que danado – eu falo e ele se move lentamente – Eu mandei você fugir e não se enfiar na minha bolsa

O marsupial continua me olhando e eu suspiro antes de colocar lentamente a mão dentro da bolsa, ele me olha por alguns segundos e decidindo abre os braços e agarra o meu dedo indicador. Sorrindo trago-o para mim e acaricio o seu corpinho fofo

- Está mais tranquilo amiguinho? – eu pergunto e vejo sua respiração calma – Você deveria ir, tipo passear ou curtir umas festas

Ele continua parado e eu me aproximo da janela, coloco a mão para fora, mas ele continua parado olhando para mim

- Não quer ir embora? – eu pergunto e ele pisca os olhos lentamente – Quer ficar aqui por uns tempos? Eu posso dividir uns petiscos com você – eu falo e tranco a janela de novo – Mas até lá você tem que ter um nome – eu comento e me sento no sofá desgastado – Deixe-me pensar

Coloco a mão no meu colo e ele se deita ainda me olhando tranquilamente. Acaricio de leve e franzo a testa pensando, me viro e pego a bolsa de novo, pesco o celular de dentro e vejo uma mensagem de Sophie.

Sophie: Tudo bem?

Eu: Cheguei viva

Sophie: Isso não é resposta

Eu: É sim

Sophie: O que você já aprontou?

Eu: Eu não fiz nada

Mando a mensagem e dou risada quando vejo as patinhas do marsupial na minha tela do celular enquanto inclina a cabeça para ver a mensagem.

- Você é bem curioso, mocinho – eu falo e ele inclina a cabeça para mim. Volto o olhar para o celular e digito

Eu: Na verdade acabei de encontrar meu novo melhor amigo

Sophie: Verdade?

Eu: Sim

Tiro uma foto dele em meu colo e mando para ela, digitando o nome dele embaixo. Olhando para o meu novo amiguinho eu dou um sorriso enquanto o observo

- Sherlock é um bom nome, não é? – eu pergunto e ele se aproxima ainda mais se inclinando em minha mão e eu meio que considero isso como um sim.

Perfeita DesordemOnde histórias criam vida. Descubra agora