𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 36

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Eu gostaria de sentir medo, porque assim eu teria mais cuidado e talvez tivesse a chance de sair viva disso tudo, mas ao invés de me sentir acuada, eu me sentia muito irritada, puta da vida

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Eu gostaria de sentir medo, porque assim eu teria mais cuidado e talvez tivesse a chance de sair viva disso tudo, mas ao invés de me sentir acuada, eu me sentia muito irritada, puta da vida.

Acordei com a cabeça latejando, sem contar que meu lábio doía e, se não fosse o bebê, eu daria um jeito de matar aquele desgraçado com as minhas próprias mãos.

Ele não tinha o direito de ter batido em mim. Ele não tinha!

Levantei da cama e troquei de roupa, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e evitei ir até o espelho. Se eu já estava medonha antes, quem dirá naquele momento.

Mas no fundo, meu coração ansiava por notícias. Só em pensar que naquele instante Joshua e Yonta poderiam estar mortos, uma angústia serpenteava pelo meu coração e atrapalhava as batidas.

Escutei quando a porta foi aberta e sequer me virei para olhar, porque provavelmente era um dos capangas do meu marido ou ele próprio. Aquele infeliz.

Porém, tamanha foi minha surpresa ao ouvir uma voz diferente chamar meu nome.

— Noah? Graças a Deus! — Corri na direção dele e tentei abraçá-lo, mas foi tudo muito esquisito, pois ele segurava uma bandeja nas mãos. Ele sorriu sem jeito. — Perdão, é que eu estou com os hormônios à flor da pele.

— Está tudo bem, Senhora. — Falou, deixando a bandeja em cima da cama e se virando para mim. — Seu marido me falou para trazer sua comida, por que ele está indo no hospital buscar a mãe dele que recebeu alta.

Fiz uma careta.

— Era só o que faltava... A cobra recebeu alta? Uau! Agora ela vai poder se arrastar pela mansão até chegar aqui e arrancar o resto de paciência que eu ainda tenho.

Apesar de tudo, Noah riu.

— Eu trouxe notícias para a senhora. — Murmurou e olhou por cima do ombro.

Olhei para a porta fechada e depois para ele. Meu coração retumbou no peito.

— Apenas me diga que estão vivos, por favor!

— Acho que a senhora mesmo pode checar isso... — Ele ficou de cócoras na beirada da cama e remexeu na bandeja. Eu ia falar algo, mas ele puxou de debaixo do prato uma folha bem dobrada e me entregou. Depois rasgue, queime... Enfim, suma com isso. Ele precisou escrever, porque nem nós, os empregados, podemos usar celular. Ninguém pode. Os telefones da casa foram cortados e essa foi a única forma que encontramos de ajudá-los.

Segurei a folha nas mãos como se ela fosse uma jóia preciosa e não pude conter as lágrimas que brotaram nos meus olhos enquanto desamassava a folha. Eu podia sentir na minha pele o toque da pele dele; nos meus lábios, os lábios dele; nas batidas do meu coração, as batidas do coração dele.

Joshua estava vivo.

— É a letra dele... — Choraminguei.

— Ele está dizendo aqui que me ama, No... E que logo estaremos juntos... — Enxuguei os olhos e funguei. — É claro que eu te perdoei, meu amor... Olha só, ele ainda acha que estou brava com ele... Como eu poderia estar brava se o meu amor está falando mais alto que qualquer coisa?— Alisei as letras com a ponta dos dedos e sorri. — Eu também te amo, meu Canadense.

Noah me abraçou com delicadeza e beijou a minha testa, e quando ele se afastou, notei que também estava emocionado.

— Yonta está cuidando dele. Vai ficar tudo bem e, além do mais, vocês podem contar comigo. Joalin e eu estamos aqui para ajudar em tudo que precisarem.

Olhei para a carta e sorri ao pensar nele escrevendo-a.

— Eu só posso agradecer. — Falei chorosa e o encarei. Vocês estão sendo uns anjos. E que bom que a minha senhorinha colorida está bem... — Nós dois sorrimos. — Vai dar tudo certo, né?

— Vai. Vai, sim.

Assenti e toquei na minha barriga.

Vai ficar sim... E espero que você me perdoe, bebê. Seu pai vai cuidar de você. Eu sei que vai.

Olhei para Noah e sorri agradecida.

[...]

Aquilo não era justo.

Não era justo que Bailey saísse bem disso tudo e simplesmente sentisse que tinha tudo e todos nas mãos. Que eu merecia um castigo por tudo que fiz, disso eu sabia, mas Joshua e o bebê... Eles não tinham culpa de nada.

E foi por isso que eu resolvi fazer algo que nunca fiz antes. Ser altruísta. Colocar o bem estar de outra pessoa acima do meu.

Deus sabe o quanto eu errei e sem dúvida um erro a mais ou a menos não faria muita diferença. Meu conforto era saber que o bebê ficaria bem. Ele teria boas pessoas ao seu lado.

Peguei um caderno na minha mesinha de cabeceira e uma caneta, escrevi coisas que nunca imaginei escrever um dia e chamei Noah com a desculpa de que precisava mandar um recado para o meu marido, the entreguei a carta e voltei para a cama, chequei debaixo do travesseiro e encontrei a tesoura da noite passada.

Eu o mataria e depois me entregaria para a polícia.

Nós dois merecíamos uma punição e ninguém me tiraria o gosto de matá-lo com as minhas mãos, mesmo que para isso eu fosse perder minha liberdade.

Me deitei lentamente e encarei o teto branco. Sorri.

Coloquei a mão em cima do meu ventre e tentei pensar em coisas bonitas. Pela primeira vez eu sentia no coração uma coisa diferente, como se eu possuísse toda a força disponível no mundo, como se eu pudesse proteger a tudo e a todos.

Independente de qualquer coisa, ninguém faria mal ao meu filho e pensar nisso me fazia entender que eu havia mudado, mas que mesmo assim - e infelizmente - eu ainda precisava pagar.

E Bailey pagaria comigo.

E Bailey pagaria comigo

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Reta final: 7/10

Hello, leitores!

Acho que allguém tem um plano...

Qualquer erro, me avisem.

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~ xoxo, Carol.

𝑰𝒎𝒐𝒓𝒂𝒍 - 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora