Prologue

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Primeiro de setembro de 1910

Belfort, França.

Bonjur, petit! — a voz animadora e empolgante de Oliver desabrochou no alcance auditivo do pequeno Jeongguk ainda tão adormecido, o rapaz de idade mais avançada fitando-o, sentado ao seu lado na cama que era tão pequenina, apropriada para o seu tamanho nanico — Vamos, é hora de levantar! Se réveiller! — gesticulou com a mão pedindo que o filho levantasse, mas ao invés de fazer oque lhe foi pedido, ou pelo menos tentar, Jeongguk puxou as cobertas e cobriu o corpo dos pés a cabeça.

Oliver suspirou pensativo se levantando do colchão e passou a mão pelo queixo subindo alguns centímetros e enrolando o bigode bem desenhado entre os dedos o deixando ainda mais pontudo nas suas beiradas bem modeladas. Virou de costas e começou a dar alguns passos lentos e pesados até a porta, olhando Jeongguk por cima dos ombros, esperando que lograsse sua atenção.

— Ah, é uma pena que meu petit não esteja disposto agora... Acho que terei que comer o bolo de aniversário sozinho... — proferiu com o tom alto e cúmplice colocando a mão sobre a maçaneta — Parece tão délicieuse...

— Bolo de aniversário? — Jeongguk levantou as cobertas devagar deixando que apenas uma parte de seu rosto fosse posta à luz do sol.

— Oh, então você acordou! — sorriu satisfeito e se virou em sua direção com a postura aprumada e as mãos para trás.

— Quem faz aniversário hoje? — se sentou na cama e coçou os olhos com as costas das mãos o mais rápido possível para que pudesse mantê-los bem abertos. Os seus cabelos castanhos estavam inchados e com algumas mechas apontando para direções distintas, uma parte de seu rosto estava marcada pelas dobras do lençol e seus olhos pareciam ainda menores, todo aquele complemento só transformava o menino Jeongguk em uma criança ainda mais linda e adorável.

— Oras, andas tão esquecido assim? Comeu muito queijo Brie? Hum? — deu alguns passos para que pudesse ficar próximo o suficiente de si e bagunçar ainda mais os seus cabelos.

— Para quem é o bolo de aniversário, pére?

— Oliver — corrigiu sisudo com a postura firme mas sem desassistir o carinho nos fios castanhos do mais novo — Já conversamos sobre me chamar de p-

— Para quem é o bolo de aniversário, senhor Oliver? — reformulou a pergunta.

— É para tu, mon petit garçon — sorriu docemente abandonando completamente a feição dura de segundos atrás.

— Para moi? — cresceu os olhos e apontou para o próprio peito — Achei que meu aniversário fosse amanhã.

— Hoje já é amanhã, chére — riu de sua inocência.

— Então isso significa que hoje eu já tenho nove anos? E que eu tenho um bolo de aniversário? — ficou em pé na cama mirando o pai em seu olhar puro com um brilho encantador nos olhos de jabuticaba.

— Direto da padaria, ainda está fresco — sorriu pequeno assistindo sua animação com doçura abrangendo a felicidade de seu pequeno petit com coisas tão simples.

Realmente não era difícil agradar Jeongguk. Era um menino de coração puro e gracioso e se contentava com simplicidade e amor.

O menino arfou surpreso e deu um salto da cama arrancando uma risada de Oliver que o seguiu sem pressa alguma, fechando a porta devagar vendo Jeongguk correr pela casa de poucos cômodos e parar na cozinha, em frente a mesa, segurando no encosto da cadeira e com os olhos grandes e ansiosos em cima do bolo simples coberto por uma camada fina de açúcar de confeiteiro e alguns confetes coloridos, havia até algumas cerejas e isso foi o suficiente para o estômago vazio de Jeongguk roncar desejoso.

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