VI

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Vinte e cinco de abril de 1920

Belfort, França.

F-Flora... Mon amor... — eu te vi levantar, com aquele rosto meigo carregado de dor e angústia, fungando e limpando as lágrimas com as costas das mãos — J-je vois ame.... — aproximou-se de mim o suficiente para que pudesse tocar minhas pétalas — Vê o estado de mon père?

Oui, mon amour, eu posso voir.

— Ele estás ton mal que posso passar o resto de mi vie a chorar.

Oh, non! Non chores! Non sofras, mon amour! Deixe-me tocar-te e aliviar tua frustração.

Levou suas mãos até mim, seus dedos macios tocaram-me as pontas das pétalas e eu pude sentir o seu calor me aquecer, seu calor e presença tão quentes e confortáveis para mim que fazia-me sentir como um porto seguro, que fazia-me sentir seguro.

Mesmo que fosse eu que devesse proteger-te, sentia-me como em um porto seguro ao seu lado, mon amour.

Bastava um toque, um mísero e único toque e tu me derretias como o fogo da vela derrete a cera.

Ah, mon amour. Je vous aime... Tanto, tanto... Tu também me amas?

Oh, oui — respondeste-me, tu, respondeste-me. Não podia ouvir minha voz, não era capaz disto, mas tínhamos uma conexão pela qual éramos capazes de sentir oque um queria dizer ao outro mesmo que não usássemos palavras — Je vous aime.

Me amas...

Oras, eu poderia estar sorrindo bobamente se tivesse lábios agora. Poderia também aproximar-te de ti como estás a se aproximar de mim agora.

Oh, estás muito próximo. Muito, mutio, muito próximo de mim.

Como das muitas vezes pude sentir minhas raízes tremerem como uma máquina, pude sentir meus pequenos pelos minúsculos se arrepiarem.

Eras si belle assim de perto, eu podia ver com detalhes a curvatura de seus olhos, o brilho que neles há, podia apreciar seus lábios rosados e até mesmo o ar quente de sua respiração que tocava as minhas alvas pétalas com fervorosidade.

Ah, se eu pudesse mover-me...

Tocaria-lhe a face, acariciaria tua pele que eres ton macia. Já tive a oportunidade de sentir a macieza de sua pele quando, em um dia, roçasse seu nariz em mim, e agora estava a fazer isto novamente.

Seus olhos se fecharam e a ponta de seu nariz tocou-me com suavidade, tão devagar que era quase impossível acreditar que havia mesmo algo a me tocar naquele momento.

Inspirou profundamente o meu cheiro e fiquei meramente feliz com a maneira como te vi satisfazer com meu doce aroma, mas também entristeci-me ao ver seus olhos fechados, derramando lágrimas por seus cantos.

Eu nunca pude desenvolver nenhum outro sentimento por você além de amor, nunca pude sentir algo além de uma vontade imensa de abraçar-te, de envolver braços em seu pescoço e de talvez colar nossos lábios um ao outro um dia.

Ah, como eu desejava poder sentir seus lábios.

Suas sobrancelhas passaram a tremer e se unir uma à outra, evidenciando ainda mais seus olhos se apertando com força e deixando que mais e mais lágrimas rolassem.

Por que choras tanto, mon doux amour?

Ora, mais quelle grâce... Estás emocionado? Estás feliz de sentir mi amour por tu? És isto?

RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora