Capítulo VIII

750 99 84
                                    

Instagram: contosdogaucho

Facebook: Deporto Alegre

Capitulo VIII

Luan

Eu ainda estava nervoso, não sabia se o que eu estava fazendo era realmente certo. Quer dizer, eu sabia que era certo, na realidade estava com medo de dar esse passo, entendia que era preciso mas não sabia se eu teria coragem.

Entrei em casa e vi que minha mãe estava na cozinha, aliás como sempre. 

Minha mãe acordava e já estava preparando comida para todo mundo, hoje eu vejo que a vida dela era isso, nunca ouvi ela reclamar de nada, nem do meu pai, ele estava pai em frente a televisão, cerveja na mão, pés em cima da mesa de centro. Tudo igual, nada mudava.

- Onde andava?? - Ele me olhou e falou alto, seco como sempre.

- Na casa de uns amigos pai. - eu não conseguia olhar nos olhos dele.

- Sei. Que amigos são esses?? Teus irmãos disseram que tu saiu correndo do restaurante. - ele levantou com a cerveja na mão e ficou na minha frente, era a primeira vez que eu sentia nojo do cheiro da cerveja que exalava dos poros do meu pai.

- Vi uma menina que eu fico e fui atrás dela pai. - ele ficou me olhando como se tentasse descobrir alguma mentira, sustentei o olhar dele ou meu pai saberia que eu estava mentindo. Eu era uma cara grande mas meu pai era enorme, durante tanto tempo eu tive medo de apanhar novamente, as lembranças das surras da infância sempre me acompanhavam.

- Certo, teus irmãos estão dormindo, chegaram a pouco. Vai tomar um banho, daqui a pouco tua mãe coloca a comida na mesa. - Tentei respirar mais calmamente, eu não queria que ele visse que eu estava muito nervoso

- Pai consegui um emprego. - ele largou a cerveja na mesa e ficou me olhando, tentei respirar mais fundo eu precisava de forças, pensei no Arthur e no que ele faria.

- Pra que?? - meu pai levantou e ficou na minha frente novamente, a sensação era sempre a mesma, medo. "Luan tu tem que pegar tua vida na tua mão." A voz do Arthur atravessou na minha cabeça.

- Pai essa guria que tô saindo tem um irmão que tem uma academia. Ele me ofereceu um lugar para trabalhar lá quando eu não estiver na faculdade, na administração, cobrar, pagar as contas essas coisas, ela mora na frente, ai eu posso ficar na noite com ela e... - falei tudo de um vez só ou eu não teria coragem.

- Senta aqui. - Ele voltou pra poltrona dele e eu sentei na frente, eu não sabia o que esperar, do meu pai tudo era possível. Sentei na frente do meu pai e a sensação de medo sempre estava presente, ele ficou me olhando, acendeu um cigarro calmamente, eu não sabia exatamente o que fazer mas sustentei o olhar que ele me dirigia. - Sei que tá na hora de tu arranjar uma mulher e sossegar um pouco, mas ainda é cedo. - ele tragou e largou a fumaça para cima. - Fica um pouco com essa guria e aproveita mas depois passa pra outra, quero que tu termine de estudar, acho que é bom tu arranjar alguma coisa pra fazer, mas cuida, não te quero engravidando ninguém por enquanto. E outra coisa, teus irmão tão tudo louco lá em cima, exageraram como sempre e chegaram todos fora do ar, vou internar teu irmão mais velho, tu cuida o que tu faz ou te interno também, não quero saber de gente que não sabe se controlar.

- Tá pai, vou cuidar. - ele serrou os olhos tragou de novo, eu sabia que ele ainda pensava no assunto. - largou o cigarro no cinzeiro e se inclinou na minha direção.

- Depois vou mandar teus irmãos darem uma olhada nessa academia, não gosto muito dessa ideia mas tu tá na idade de fazer tua vida, só não te quero grudado com uma mulher só, essa coisa de paixão e namoro deixa pros viados, homem tem que ter um monte de mulher e quando chegar a hora arranjar uma pra ter seus filhos.

Um caminho a seguir.Onde histórias criam vida. Descubra agora