Capítulo XVI

679 45 47
                                    

Instagram:contosdogaucho

Facebook:Deporto Alegre

....

Diego

Quando entrei na faculdade fui direto para o nosso local de sempre, encontrei o Luan e o Feio sentados um na frente do outro, não sabia dizer qual dos dois estava pior.

- Bom dia, parece que vocês foram atropelados.

- Nem me fala. - O Luan disse. Achei estranho ele estava diferente, parecia que tinha tido uma noite difícil. O que será que tinha acontecido? Diego o que tá pensando do Luan, olha pra ti, tua noite foi bem estranha também. O que adianta ficar pensando na noite do guris, olhei pro feio que parecia estar em outro lugar.

- Feio, aconteceu alguma coisa? - ele ficou vermelho na hora.

- Acho que não dormi direito, estou na cama ainda.

- Mas o que aconteceu?? - ele ficou me olhando e por um instante achei que ele ia chorar, o Feio respirou fundo e tentou esboçar um sorriso.

- Hoje começo a trabalhar na loja, junto com o meu pai. - o Luan parece que despencou de onde quer que ele estivesse e olhou pro Feio.

- Mas por que?? O que houve? - a reação de incredulidade do Luan chegava a ser engraçada.

- Meu pai tá doente e eu preciso aprender a dirigir as lojas e...ele acha que tá na hora de eu fazer o que..eu tenho que fazer. - Ele nos contou da conversa que teve com o pai dele, sabíamos que isso ia acontecer mas ninguém pensava que seria tão cedo. Mais que a doença do pai o Feio estava preocupado com outras coisas isso era certo. E eu sabia que a maior delas era o  que aconteceria com ele e o Prior? O preconceito dos pais dele era enorme.

- Mas a faculdade e teu emprego? Cara que merda... - o Luan colocou a cabeça na mesa. - Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que as nossas famílias não querem que a gente seja feliz? Por que não podemos ter nossas vidas do nosso jeito?

Fiquei olhando para os dois e pensei no que estava acontecendo comigo, lembrei da noite com o Alexandre e fiquei pensando no que o Luan falou. Por que a gente não pode ser simplesmente feliz? Sempre tem um mas, um problema, algo que foge a nossa compreensão, algo que não depende de nós. Por que ser o que realmente queremos ser é tão ruim assim? Por que nossa família quer que sejamos o que eles querem? Peguei um café e fiquei sentado ao lado dos meninos lembrando da manhã estranha que eu tive.

Acordei assustado, não estava no meu quarto.

Olhei na volta, o quarto era do Alexandre. Mas onde ele estava? Levantei sentindo meu corpo estranho, entrei no banheiro e me olhei no espelho, vi as marcas da noite anterior, algo dentro de mim dizia que já tinha visto essas imagens várias vezes com outras pessoas, mas sabia que agora era diferente, eu não tinha pensamentos confusos ou estranhos dessa vez, era como se eu soubesse que estava no lugar certo, meu corpo sabia, minha mente sabia, e nesse momento eu fiquei com medo.

Um medo que subiu pela minha espinha e me aterrorizou, tentei tirar essa sensação da minha cabeça e entrei no chuveiro. Enquanto a agua caía no meu corpo eu tentava entender a sensação de medo que passou por mim, quando eu entendi por que eu estava com medo tive apercepção de que saia do meu corpo e voltava novamente ao passado, entendi que eu estava com medo de ser feliz finalmente, com medo deter encontrado a pessoa certa, mas principalmente com medo de ser abandonado de novo, medo de ser deixado de lado.

Porque novamente eu tinha medo de não ser o certo para alguém?

Assim como eu não fui o certo para minha família, como não fui o certo para os outros, Luan, Gabriel, por que esse medo todo de ser rejeitado novamente. Eu já deveria estar acostumado com essa sensação. Por que dessa vez seria diferente?? Por que com o Alexandre seria diferente?

Um caminho a seguir.Onde histórias criam vida. Descubra agora