Capítulo XI

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Capitulo XI

Luan

Enquanto voltávamos para a nossa cidade minha cabeça estava fervendo, era tanta coisa passando ao mesmo tempo e eu não sabia o que pensar direito. Por que ele estava ajudando a Karen? O que estaria acontecendo? Fiquei olhando pela janela enquanto o carro percorria a estrada, foi aí que notei que estávamos longe de casa. Casa?

Eu já pensava na academia como minha casa, algo que nunca pensei sobre o local onde cresci, era tão estranho pensar nisso, era somente um lugar onde eu morava, não uma casa.

- Luan está tudo bem?? - Me assustei com o som da voz dele. De novo. Por que eu ainda não tinha me acostumado?

- Tudo bem sim, só estava pensando sobre... Tudo que eu conheci hoje??

- Conheceu??

- Sim, a Dona Ana é fantástica, me falou sobre a casa e as pessoas que se abrigam lá, achei tão lindo o trabalho dela.

- Ela realmente é fantástica, essa é uma palavra que descreve a Ana muito bem - o Arthur sorria, era legal ver ele assim. -  O que achou de tudo?? - Eu fiquei observando o perfil do Arthur. Forte como ele.

- Fiquei feliz por ter um lugar que abriga pessoas que estão precisando de ajuda. Então Arthur...Foi por isso que me ajudou na aquela noite?? - eu sempre quis perguntar isso, levar alguém estranho pra dentro da casa dele e muito mais que isso, ajudar essa pessoa sem pedir nada em troca. Hoje eu entendo por que, mas sempre quis saber como ele pensava.

- Também. - o tom da voz dele mudou um pouco.

- Que tipo de resposta é essa? - ele me olhou rapidamente.

- Quando eu te vi naquele estado lembrei de mim, pensei em como eu era quando jovem, em tudo que passei. As vezes quem esta na pior só precisa de uma mão estendida, de alguém que olhe por ti. Sabe Luan, quando tu está no fundo do poço saber que alguém pensa em ti, ou que tem alguém que esta te esperando em casa já é o suficiente pra que tu te erga e siga em frente. Mas quando tu não tem nem isso, não tem pra quem voltar, não tem pra onde ir, não tem uma casa, um teto, tudo é muito mais difícil, não se tem vontade de sair daquela situação, não tem um motivo pra seguir.

- E de onde tu tirou essa vontade de seguir, de não desistir. - ele segurava a direção com força dava pra ver as veias da mão dele saltadas.

- Eu não tirei. - a voz dele era mais baixa ainda se isso era possível.

- Como assim? - eu não estava entendendo.

- Eu desisti. - fiquei em choque, eu não sabia o que dizer, meu coração acelerou.

- Não entendi. Como tu chegou onde tu esta agora?? Se tu desistiu, o que aconteceu para tudo mudar? - eu queria tanto entender, ele precisava se acalmar um pouco.

- Acho melhor mudar o rumo dessa historia ...por enquanto. - e voz dele era cada vez mais baixa. - Não vai te fazer bem saber. As vezes visitar lugares antigos do passado não ajuda no momento em que estamos, casas velhas podem nos trazer recordações que não são mais necessárias. Tem uma parte da minha vida que eu não quero lembrar, eu não quero voltar lá naquele eu antigo, não vai fazer bem nem para mim e nem para ti.

- Desculpe Arthur, não queria te deixar em uma situação triste. - ele era tão bom pra mim que eu não queria deixar ele magoado por nenhum motivo.

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