Capítulo dezessete

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Eu fui para a porta com o pensamento voando alto e nem tinha idéia de quem poderia ser. Tia Jane poderia muito bem me ligar e me pedir para descer qualquer coisa. Enfim. Abri. Era uma garota com um sorriso radiante. Demorei em reconhecer, mas depois vi que era ela. Era Malu. Malu estava na minha porta ás uma da manhã. Tinha pintado o cabelo de preto e estava mais alta.
Não sabia que reação ter então fechei a porta para pensar. Ela bateu de novo e eu abri novamente, e falou "Oi Pamela", e eu disse "Oi Maria Luisa" (não me chamou pelo apelido, então também não a chamaria). Depois desse cumprimento estranho, ela desabou e eu a puxei para dentro de casa. Fechei a porta.
Ela começou dizendo que estava muuuuito feliz por eu não ter mais alergia ao ar (estava explícita sua felicidade em meio aos choros). Depois falou dos seus sentimentos, mas para isso leu uma cartinha:
"Sei que fui muito egoísta naquela vez e hoje eu enxergo isso. Você pode pensar que estou aqui somente por que não precisa mais de tudo aquilo, e sendo sincera é relativamente por isso mesmo. Mas não quero que ache que nesse quase 1 ano fora, eu te esqueci. NÃO! Pelo contrário, só serviram para aumentar meu desejo e meu arrependimento. E para eu me entender também. Enfim. Até de longe, até sem contato algum, você era minha motivação. Você é minha motivação. A lição mais importante que sua quarentena me ensinou foi a perseverança. O jeito que você lidava com ela me fazia ter forças para enfrentar meus próprios problemas. Era, sim, um pé no saco também, mas isso não vem ao caso. Lá no intercambio teve várias vezes que eu queria voltar, mas continuava pelo o que você me ensinou. Você, Pamela, é a mulher mais forte que eu já conheci. Tens uma energia incrível e uma força indescritível. Não sei descrever esse sentimento tão bem quanto os outros, mas eu sou apaixonada por você, Pam"
Quanto mais ela lia mais raiva eu sentia.
- Então porque você me deixou sozinha?!
- Eu não sei Pam. Precisava de um tempo.
- Não passou na sua cabeça em nenhum momento que você não é o centro do universo e que eu precisava de você? Poxa, Malu...
- Desculpa mesmo, Pam. Eu sei que eu errei.
Fiquei feliz em ela ter reconhecido isso e decidi não ter a razão dessa vez, e a beijei.
Havia tantos dias desejando sentir o sabor do seu beijo que parecia um sonho.

Um diaWhere stories live. Discover now