A perda do bebê ainda tem sido difícil, YuMi ficou irreconhecível, ela não dormia e chorava todas as noites se culpando pelo que aconteceu. Eu me sentia perdido, era difícil pra mim também, mas ela estava tão despedaçada que eu não consegui me permitir sofrer. Fiz o meu melhor pra distraí-la e fazê-la sorrir, funcionava, mas ele se sentia mal logo em seguida e nós discutíamos por isso. YuMi ficou comigo em Seul pelo máximo de tempo que tempo que pôde, até viajou novamente comigo para os Estados Unidos quando tive que ir pra lá no final de Janeiro. Ela não queria voltar pra casa e encarar nossos pais, decidimos não contar para eles...Estou sentado no meu carro, no estacionamento do prédio do nosso dormitório. Nós brigamos de novo por que eu tentei fazê-la sorrir... Ela vai voltar para Busan em 5 dias e eu só quero que ela fique melhor... Ela acha que a mãe dela não vai notar nada, a YuMi que está no meu quarto é apenas a sobra da YuMi de verdade...
Dei partida no carro e dirigi sem um destino específico, queria esfriar a cabeça antes de voltar pra ela. Eu sinto como se tivesse um peso enorme em meus ombros, algo dentro de mim parece prestes a explodir e eu não sei o que fazer. Ela não entende que estou mal também? Que não é difícil apenas pra mim? Assim como ela eu também perdi o meu filho! Tudo bem que eu não estava completamente engajado e satisfeito com a ideia de ter um filho, mas isso não significa que o fato de o termos perdido não me afete...
Eu me assustei com batidas na janela do meu carro e pulei no banco olhando para o lado e encontrando Jimin e Sara encarando os vidros escuros. Olhei ao redor e percebi que estava estacionado na nova casa deles, não me lembrava de ter dirigido até aqui e nem de ter passado pelo segurança no portão de entrada, menos ainda de ter estacionado em frente a casa.
Sara bateu na janela do carro novamente.
- JungKook? - ele disse. Eu soltei o cinto e abri a porta descendo do carro - Por que está parado aí?
- O segurança avisou que você estava aqui, mas você não apareceu na casa... - Jimin falou - Está tudo bem? - eu sempre procuro eles quando as coisa não estão bem... minha boca tremeu e minha garganta fechou.
- Noona... hyung... - eu disse com dificuldade. Os dois me olharam assustados, Sara segurou o meu braço.
- JungKook-ih... - e então explodiu. Eu explodi em lágrimas, me sentia sufocado, era difícil respirar. Os dois me levaram para dentro e me deram algo para beber. Eu queria a minha mãe e chamei por ela algumas vezes.
- Você que que eu ligue pra ela? - Jimin perguntou já com o celular na mão e eu me lembrei que se ele ligasse ela eu teria que contar pra ela o que aconteceu, mas a YuMi não queria contar aos nossos pais...
- NÃO! - eu gritei - Não ligue pra ela! - consegui falar. Eu não podia chorar nos braços dela, então chorei nos da Sara, ela não reclamou quando me embolei no sofá com a cabeça em suas pernas e a segurando com força enquanto chorava. Na verdade ela fez exatamente o que acho que minha mãe teria feito, me segurou e me mandou colocar tudo pra fora.~~~
Acordei no outro dia, enrolado no sofá da casa do Jimin, minha cabeça doía e eu sentia meu rosto inchado.
- Fiz uma sopa pra você... - Sara falou e eu me assustei - Se sente melhor? - ela apareceu no meu campo de visão com uma bandeja nas mão que colocou na mesa de centro na minha frete. Eu me sentei no sofá, encarando a sopa, pois estava com vergonha de olhá-la e apenas assenti. Ela apontou a bandeja e me incentivou a comer. Escorreguei para o chão e cheguei perto da mesa de centro.
- É de caldo de peixe, espero que tenha ficado bom, eu segui uma receita na internet. - senti as lágrimas escorrerem dos meus olhos de novo e funguei secando-as rápido e pegando a tigela de arroz para despejar dentro da sopa, enchendo a boca. Ela apenas ficou calada me olhando comer, mas quando viu que eu não diria nada, colocou meu celular em cima da mesa de centro com um suspiro e falou:
- Tocou bastante depois que você dormiu... era a YuMi então eu atendi... - funguei mais uma vez - Ela estava preocupada porque você saiu sem dizer nada depois que brigaram... Eu não disse a ela como você estava, apenas que havia vindo pra cá e que provavelmente ficaria a noite toda. - funguei outra vez e larguei a colher limpando o rosto outra vez. Ouvi um barulho e soube sem ver que o Jimin havia se juntado a nós antes dele falar alguma coisa.
- Está melhor? - ele perguntou sentando ao lado da Sara - Está chorando de novo? - vi de relance Sara cutucá-lo e negar com a cabeça. Eu estou muito envergonhado agora.
- Desculpe por ter chorado em você toda ontem, noona...
- Você não precisa se desculpar, JungKook, sabe disso. - eu assenti, mais lágrimas escorreram pelas minhas bochechas.
- YuMi... ela está muito mal... - meu lábio tremeu outra vez e eu tive medo de explodir novamente - Eu... tenho tentado ser forte pra ela e animá-la, mas... ela sempre briga comigo quando eu faço isso... Eu... Acho... Que... Só precisava por tudo pra fora pra poder voltar a ser forte pra ela... - Sara se levantou e sentou ao meu lado. Ela secou minhas lágrimas e segurou minha mão bem apertado.
- Olha.... eu não entendo da dor que dever ser perder um filho, mas... se fosse comigo... não ia querer que o Jimin fosse forte ao meu lado. Eu sei que te disse lá no hospital que você deveria ser forte pra ela, mas ser forte não necessáriamente significa não chorar e parecer bem... ser forte também pode significar chorar com ela, talvez seja isso que a YuMi precise. Seria o que eu ia querer nessa situação. - pela primeira vez desde que acordei a olhei nos olhos, ela também tinha lágrimas nos olhos. Me deu um sorriso e me abraçou - Ela sabe que você também está sofrendo, talvez não pelos mesmo motivos que ela, mas está e ter você sorrindo e tentando fazê-la sorri deve ser irritante.
- Obrigada, noona. Obrigada hyung...
- Não me agradeça... - Jimin falou - Eu não fiz nada.
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BTS Imagine - Além das Diferenças
FanfictionQuando uma brasileira de classe média recebe a oportunidade de uma vida de ir trabalhar na Coréia do Sul para a empresa responsável pela carreira de seu grupo de K-pop preferido, ela não imaginou que ao aceitar sua vida mudaria da forma que mudou. ...