Naquele mesmo fim de semana, o caminhão de mudanças estava a frente da antiga casa de Felícit, seu espírito estava alegre, feito um pássaro quando voa pela primeira vez, ela se sentia livre; ver que mais uma vez conquistou algo sozinha, lhe fazia se sentir útil, lhe fazia se sentir como se fosse uma pessoa normal, sem problemas psicológico algum. E então quando o último móvel foi posto no baú do caminhão ela pode deixar suas lágrimas caírem, e rolarem sobre sua face avermelhada e que se esticava com um enorme sorriso que quase não cabia em seu rosto.
Ela agradeceu os caminhoneiros e então tomaram partida para cidadezinha vizinha. Felícit seguindo logo atrás em seu sedã Mazda 626, batia com os dedos agitados em seu volante, ouvindo o rádio que tocava Welcome Home de Radical Face, parecia que o universo conspirava ao seu favor.Estavam agora em Beaufort, em frente a grande casa vitoriana, o caminhão aberto estava sendo descarregado pelos funcionários da empresa de mudanças que Felícit contratou, já que a amiga não poderia ajudar, pois estaria no trabalho; embora Felícit não acreditasse em nenhum tipo de ser místico ou sobrenatural, ainda sim agradecia aos céus por ter que trabalhar apenas de segunda a sexta, contudo o dia todo.
A agitação na cidadezinha era razoável, o clima agradável, e Felícit aproveitava a folga para apenas observar e dar ordens aos homens que naquele momento trabalhavam para si, se sentia poderosa e nada poderia estragar o seu momento.
Apesar de já estarmos em constante mudanças às vezes é necessário mesmo mudar. Mudar de cidade, mudar de opinião, mudar de gostos ou simplesmente mudar. E não há problema algum nisso, se adaptar a determinadas situações é necessário para que o progresso aconteça. Quando você opta por mudar, automaticamente começa a se adaptar e é no processo de adaptação que ocorre a evolução. Assim pensava Felícit decidida que aquele seria seu novo começo.O sol já havia se posto, agora a noite havia chegado, Celeste e Felícit haviam combinado de comemorar a nova mudança, mas já eram quase oito da noite e nenhum sinal de Celeste, a ruiva estava começando a achar que sua amiga havia outras prioridades, prioridades tão grandes que não podia nem ao menos passar algumas horas com a amiga como antigamente, o estágio de sua depressão talvez estivesse aumentando gradativamente com o isolamento, ela pensará que morar só seria bom, mas havia uma diferença muito grande em estar sozinho e se sentir sozinho. Ela então decidiu guardar os salgadinhos no armário novamente, e as latinhas de refrigerante na geladeira para não perderem o gás. Talvez suas noites seriam sempre assim, deprimida, sozinha z jogada em um sofá, sob os efeitos de seus remédios controlados, era assim que ela estava no momento quando de repente escutou um barulho alto vindo do porão, um barulho como um batida; algo havia caído? A garota se levantou lentamente analisando todo o cômodo que se encontrava e então de ponta do pé a ponta do pé, saiu em direção a porta do porão e mais uma batida foi ouvida, dessa vez mais alta que a fez dar um enorme pulo pra trás, se escorando na mesa da cozinha de frente a porta que a levaria ao som.
—Q-quem está aí? -Disparou a mulher valente tentando não demonstrar seu medo e falhou miseravelmente
—E-eu tenho um medo e não tenho arma pra usar...
— Q-quero dizer, é ao contrário, eu tenho uma faca e não tenho medo de usar! – Ponderou, e se ao menos tivesse um assassino ali, há essa altura estaria rindo dela sem parar, e já teria morrido engasgado com a própria saliva, e nenhuma faca de verdade ela havia pego, e quando tudo se acalmou e o som parou, se sentiu mais confiante e ao dar um passo a frente, a luz da cozinha piscou e a mesma voltou a posição inicial.
—M-merda... Calma Felícit é só mal contato na lâmpada – Tentou se aconselhar, mas as luzes continuaram piscando de hora em hora, até que apagou de toda uma vez
—Ótimo, essa cara era boa demais pra ser verdade, só podem ser ratos... -Suspirou fundo e pegou seu celular e ligou a lanterna e caminhou para o andar de cima, onde se encontrava seu quarto, na parte Norte da casa, mas quando chegou ai corredor e avistou a porta de seu quarto no fim dele, jurou ter visto algo passar rapidamente de uma porta a outra, mas as outras portas estavam completamente fechadas, e então lentamente deu alguns passos a frente e a luz do corredor começou a piscar e no andar de baixo ela ouviu outra batida, lhe fazendo tomar outro susto e correu pro seu quarto, sentiu sendo perseguida e então fechou a porta com força, fazendo um grande estrondo ensurdecedor e logo depois, silêncio absoluto, mas ainda na porta sentiu que não estava sozinha, sentia que tinha alguém esperando ela abrir a porta e então em um ato rápido se afastou da porta sem dar as costas pra ela, e se sentou sobre sua cama calmamente encarando a porta, até aquela sensação sumir.—E-eu tomei meus remédios, eu tomei... Eu tenho certeza – ela dizia a si mesma, mas eram tão bizarro aquela situação que nem ela acreditou em si própria e tomou mais uma dose do remédio e então se deitou e resolveu dormir, mesmo que para alguns, aquele horário fosse cedo demais.
Por volta das três da manhã, Felícit escutou sussurros próximos a si, e então acordou rapidamente com medo de ter uma Paralisia do sono, e quando abriu os olhos, viu a cortina de seu quarto balançar, mesmo não tendo corrente de ar alguma no quarto, encarou a cortina por alguns instantes até ela parar de repente, a fazendo achar que era fruto de sua imaginação. Se levantou devagar e procurou seu celular no criado mudo, mas ele não estava ali, e si em sua cômoda do lado de seus remédios
—Estranho... Não me lembro de ter deixado ele ali – Sussurrou caminhando até a cômoda e o pegou.
Havia apenas uma notificação da amiga pedindo desculpas por não ter ido até a casa dela, ela estava tão irritada que ignorou a mensagem, e tentou voltar pra cama, mas escutou seu celular tocando, e um sentimento de premonição tomou conta de seu peito, se virou rapidamente e quando viu, seu celular nem sequer havia tocado e nem estava ali, agora estava sobre seu criado mudo, confusa ficou parada sem piscar por alguns minutos que pareceram horas.
Em alguns passos chegou até o aparelho e o desbloqueou, e mandou mensagem pra amiga pedindo pra que lhe ligasse assim que visse a mensagem, e tentou voltar a dormir, ignorando totalmente tudo aquilo, e estava decidida que na próxima consulta com a psiquiatra, ela pediria pra trocar de remédios e não de doses.
![](https://img.wattpad.com/cover/271634241-288-k286591.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ghost
Paranormal"(...) Norte era um herói de milhares de aventuras. Não era um mago, nem ladrão, nem guerreiro, mas uma figura poderosa de alegria, mistério e magia sem fim, que vivia numa cidade tomada pela tristeza. (...) Então o sonho fez algo que somente os son...