7. True.

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7. True.

"Você vê a pessoa, mas não a enxerga de verdade, ela simplesmente está por ali. E você fica lutando para aceitar algo que, sem que você perceba, vinha ganhando forma bem debaixo do seu nariz..." - Me Chame Pelo Seu Nome (André Aciman).

Draco esperou Harry começar a cantar a música Just The Way You Are do Bruno Mars. Quando o menor cantou a primeira estrofe Draco e todos do kareokê/bar ficaram em absoluto silêncio. Malfoy nunca escutou Harry cantar antes. Ele pensou que seria algo ok e um pouco afinado, mas... Ele não estava esperando aquilo. Draco nunca escutou nada parecido com aquilo. A voz de Harry era doce, suave e tão gostosa de ouvir. Pronto. Aquela era a milésima coisa que Draco descobria sobre o mais novo.

Ele fez uma careta quando teve que cantar porque teria que parar de ouvi-lo. De repente outra coisa o atingiu. Draco já havia ouvido aquela música antes. Não havia nada de novo. Mas depois daquelas últimas semanas aquela letra havia ganhado um novo sentido. Just The Way You Are era sobre alguém que não enxergava o quão perfeito era e que não havia nada que deveria mudar em si mesmo. Draco prestou atenção em cada uma das estrofes. Aquilo era tão... Harry.

Foi como ser atropelado por um caminhão, Draco pensou.

Em um momento, Draco estava segurando a mão de Harry, lhe dando apoio. No outro, o óbvio veio à tona como uma tapa na cara.

E de repente as lembranças invadiram sua mente. Harry pedindo desesperado para Draco ajudá-lo a ser menos "feminino". Draco fazendo uma armadilha e o levando para fazer tatuagem para que Harry desistisse. Harry segurando sua mão como se aquilo fosse a coisa mais segura do mundo. Draco observando o quanto Harry ficava perfeito em suas roupas. Ele o havia chamado de bonito pela primeira vez. Harry caindo em cima dele e Draco notando seu rosto, seus olhos, seu sorriso. O chamou de bonito pela segunda vez. Draco admitindo para si mesmo que sentia falta do jeito de andar do menor. Eles rindo pelos palavrões e pela nova tentativa falha de falar "grosso". A conversa com o Ron...

"Você já olhou para alguém, mas sem realmente notar?"

"Então você nota essa pessoa e depois fica se perguntando por que não fez isso antes?"

Então era assim que acontecia com as outras pessoas. Draco não era o único. Você olha para uma pessoa e não a vê. Você se permite a olhar novamente e então tudo muda. Draco sabia que não era amor. Aquilo não era um filme da Disney onde os personagens trocavam olhares pela primeira vez e decidiam que eram alma gêmeas. Não, não era aquilo. Draco precisou de semanas para conhecer Harry. E conhecer Harry, conhecer de verdade, fez com que Draco se encantasse por tudo o que deveria mudar nele.

Aquela não era a pior parte. A ficha caiu pela segunda vez naquele dia. Draco percebeu que era o único que estava descobrindo coisas e que estava sentindo coisas que nunca sentiu antes. Não Harry. Harry só o via como o melhor amigo do irmão. Harry não via nada além de Parvati.

Parvati.

Aquela era a terceira do dia. Draco não só estava ajudando Harry a mudar tudo o que ele adorava no garoto, como o estava entregando para alguém que nunca notaria e nunca apreciaria nada daquilo. Parvati nunca o conheceria e nunca se encantaria por cada nova descoberta sobre o verdadeiro Harry.

Draco era um idiota!

[...]

Harry encontrou Draco em um beco escuro ao lado do Fifties Karaokê. Ele estava fumando. Harry bufou, irritado e confuso. Draco havia dito que iria ao banheiro quando eles desceram do palco e haviam sido ovacionados. Então meia hora depois Harry percebeu que havia alguma coisa errada.

— Por que está aqui fora? — Perguntou quando ficou de frente para o maior. — E por que está fumando essa porcaria?

— Eu estava entediado. — Deu de ombros, frio. Harry teve a certeza que havia algo de errado com o maior.

— Você poderia ter falado e aí poderíamos ir embora. — Retrucou.

— Me desculpa, Harry. — Draco falou sem encará-lo. Ele parecia pedir desculpa por outra coisa.

— Você está bem? — Harry perguntou preocupado.

Draco pareceu pensar naquela resposta. Sua boca fechava e abria. Harry só se sentia ainda mais confuso.

— Você gosta da Parvati? — Indagou. Harry franziu o cenho e depois riu.

— Eu fiz uma tatuagem. Eu cantei na frente daquelas pessoas. — Harry não estava entendendo onde o mais velho queria chegar.

— Não é isso o que estou perguntando. — Draco parecia selecionar as palavras. — Você está fazendo tudo isso por ela. Eu queria saber por que você gosta dela. Por que ela merece tanto esforço?

Harry entendeu o que Draco queria dizer. Harry estava mudando toda a personalidade que construiu ao longo dos anos por causa de alguém. Harry nunca havia parado para pensar naquilo. Harry gostava de Parvati. Ele realmente sentia atração por ela. Ele passou anos a admirando em segredo e a perseguindo pela escola. Mas por quê? O que Harry sabia sobre Parvati? O que existia nela de tão "especial"? Ela era bonita. Harry anotou em sua lista mental. Todos os garotos eram afim dela. Segundo item da lista. Harry conhecia Parvati? Seus defeitos e qualidades? Não. Harry estava fazendo tudo aquilo por ela, mas nunca havia se perguntando os porquês.

— Eu não vou fazer igual a Ron. Eu não vou tentar fazer você mudar de ideia. — Afirmou. — Harry, é só que... Você não percebe isso agora, mas não há nada de errado em você. Não há nada que deveria ser mudado. Você é bonito, inteligente, engraçado e gentil. Eu só queria ter certeza de que se está fazendo tanto esforço por alguém, então essa pessoa deveria estar à sua altura.

Harry tentou absorver o que estava escutando. Ele estava surpreso com cada palavra. Ele não esperava escutar aquilo do Draco.

— Eu espero que você veja o que demorei duas semanas para ver. — Draco deu um passo em sua direção e tocou o seu ombro para dar intensidade para aquelas palavras.

— Eu não estou entendendo. — Harry se encolheu confuso. Ele estava intimado com a proximidade dos dois.

— Dizem que perfeição não existe, mas eu a enxergo em cada maldito detalhe seu. — Harry esperou Draco rir ou admitir que só estava fazendo algo que Ron pediu. Mas Harry já sabia reconhecer quando Draco estava usando a sua habitual sinceridade.

Harry abriu a boca para protestar, dizer que nada daquilo era verdade, mas se calou quando sentiu lábios invadirem os seus. Ele tentou dar um passo para trás, mas Draco segurou o seu pescoço, o impedindo. Draco ficou parado como se tivesse tomando um decisão importante, mas balançou a cabeça como se tivesse perdido alguma batalha. Harry congelou quando sentiu a boca do maior começar a se mover. Harry não sabia o que fazer. Ele deveria empurrar, mas... Ele não conseguia.

Draco acariciou o seu pescoço e o contato fez com que o menor fechasse os olhos. Draco sugou os lábios do menor devagar e depois o mordeu. Ele moveu os seus lábios outra vez e tentou adentrar sua língua na boca do outro. Harry não iria se mover, mas os dedos de Draco se arrastaram pelo seu cabelo e isso o deixou irracional, o obrigou a corresponder. Aquela era a merda do seu primeiro beijo, ele achava que a vontade que estava sentindo vinha disso. O beijo começou devagar, mas Draco estava guardando coisas demais dentro de si. Ele parecia estar descontando tudo naquele beijo.

O beijo que começou calmo se tornou mais intenso e forte. As línguas começaram a se moverem com desejo. Havia algo puxando um para outro, algo magnético. Eles não estavam pensando, só queriam mais daquilo. Draco empurrou Harry contra a parede e depois voltou a beijá-lo com força. Suas mãos estavam formigando, como se precisassem estar em algum lugar. Ele não pensou, ele fez. Ele as levou até a bunda de Harry e as apertou, o menor gemeu com o ato.

Harry gemeu.

Draco caiu em si. Ele se afastou. Ele olhou para a cara confusa e agora assustada do mais novo.

— Eu vou te levar para casa. — Foi a única coisa que disse com frieza antes de dar as costas para Harry.

Feminino Demais | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora