8. Fear.

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8. Fear.

"Um belo jovem cavaleiro está apaixonado por uma princesa e ela também está apaixonada por ele, embora ela não esteja de todo consciente disso." Me Chame Pelo Seu Nome (André Aciman).

Harry sabia que não deveria fazer o que iria fazer. Ele sabia que só estava fazendo isso porque estava confuso e com raiva. Harry não entendia o porquê de Draco ter feito o que fez, só para ignorá-lo depois. Ele não atendia suas ligações, não respondia suas mensagens. Harry estava se sentindo um idiota. Desde o começo aquilo era só uma brincadeira para o mais velho. Talvez deixar o menor confuso fizesse parte de algum plano que Harry não conseguia entender.

Harry não queria pensar mais naquilo. Ele sabia que não era inteligente, mas decidiu que a melhor forma de não pensar era fazer o que queria desde o início.

— Então... — Harry mordeu os lábios, ansioso.

— Você está... diferente. — Parvati apontou para o novo visual.

— Obrigado? — Harry não sabia se aquilo era um elogio.

— Não, não vai rolar. — Respondeu curta e grossa, com uma pitada de desprezo.

— Por que não? — Harry, no fundo, já esperava aquilo. Ele só queria que ela falasse onde ele tinha errado dessa vez.

— Harry, eu falei aquela coisa de você ser afeminado porque pensei que desistiria. Como iria adivinhar que você iria tentar mudar por alguém que nem conhece? — Admitiu. — Eu nunca sairia com você. E agora mais do que nunca. Você está mais ridículo. Não existe nada em você que seja interessante, nada de especial. Eu acho que fui mais clara dessa vez.

Harry a encarou, boquiaberto. No fundo ele esperava um fora, mas não aquilo. Ele deveria estar triste ou chateado, mas a verdade era que... ele não estava. Aquilo deixou as coisas mais claras. Como Parvati havia falado.

— Você não tem obrigação de sair com alguém que não quer e não tem culpa de eu ter inventado essa história de querer ser "feminino de menos" para te agradar. — Fez aspas com os dedos. — Mas você também não tem o direito de tratar as pessoas assim. Não pode pegar as inseguranças que elas mais odeiam e as usar contra elas. Você não precisa humilhá-las,  fazer com que elas se sintam uma merda. Eu tive sorte de ter alguém que me fez ver coisas que eu não via em mim, mas se fizer isso com outra pessoa, ela pode ter o psicológico abalado de forma irreversível. Palavras podem machucar e destruir, Parvati.

Harry respirou fundo surpreso com tudo o que havia dito. Algumas palavras ditas na noite anterior invadiram sua cabeça.

— Você pode não me achar interessante ou especial, mas alguém me disse que sou bonito, inteligente, engraçado e gentil... Eu estou começando a acreditar nele. — Harry sorriu para si mesmo.

Harry sentiu um aperto no peito. Algo que estava em seu subconsciente finalmente veio à tona. Draco perguntou o porquê Harry estava fazendo aquilo por Parvati. Harry não soube o que responder na hora. Mas a resposta era tão óbvia. Ele nunca gostou de Parvati. Não de verdade. Ele achava que a queria por motivos fúteis. Ela era bonita e inalcançável. Algumas pessoas inseguras, como Harry, sempre se interessavam por pessoas "impossíveis". Assim elas se colocavam em um lugar cômodo.  Nunca foi sobre sentimentos, mas sobre ser mais fácil. Harry queria Parvati porque não iria tê-la e assim que ela lhe desse um fora ele poderia voltar para sua zona de conforto.

Harry não conhecia Parvati. Não sabia suas qualidades e defeitos. Como ele poderia gostar dela? Harry não a conhecia, mas nas duas últimas semanas ele havia conhecido alguém... de verdade. Harry precisava encontrá-lo.

Feminino Demais | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora