XXV

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Andrew James

Adorável Andrew. Não era um apelido ruim, apesar do tom sarcástico utilizado pela dama que o proferiu. Quando se tratavam dos comentários da bela dama, eu já esperava sempre um tom humorado - com sarcasmo ou provocação. Ou ambos. Tal combinação conseguia ser ora irritante, ora atrativa.

Realmente, a bela em questão era um grande caso de opostos. Eu não sabia descrevê-la sem contraste de ideias. Oras, ela própria era um contraste. Desde o perfume recém reparado - aquela mistura suave e intensa que continuava na carruagem - até suas atitudes e falas.

Hoje mesmo ela parecia irritada comigo mas, com um pouco de conversa e provocação, algo que já estava se tornando comum entre nós, ela sorriu. Na verdade, o espetáculo presenciado seria melhor chamado de gargalhada. De alguma forma, me surpreendeu a intensidade de seu sorriso, apesar de eu não saber como sequer poderia esperar algo diferente dela, já que Scarlet se mostrava intensa em tudo. Talvez porque não havia pensado antes de hoje no sorriso ou na gargalhada dela - mesmo que agora, enquanto seguimos na carruagem para visitar um comerciante da cidade, eu imaginava quando presenciaria tal cena novamente.

- A questão não é apenas o comerciante - Scarlet começou a explicar. -, mas sim a esposa dele.

- A esposa?

- As coisas aqui não são muito diferentes de como imagino e sei como são em Londres, Andrew. - Andrew. Ela realmente me chamaria pelo nome. - A alma do negócio não é a habilidade, mas sim a visibilidade. Ou melhor dizendo, a fofoca.

Eu entendia o que ela queria dizer. A fama das coisas era essencial em Londres, algo que se aplicava a tudo e à todos, sem exceção.

- Quem diria, Scarlet Quinn contribuindo com mexericos locais?

- Estou contribuindo com os seus negócios. Sabe, eu devia pedir uma porcentagem nos lucros.

- Ora, ora. E eu pensando que era uma gentileza de sua parte me ajudar.

- Sabe o que eu penso? - aguardei. - Que precisa rever seus conceitos de gentileza. Também achou que me dar todas aquelas flores era um gesto gentil, e não foi assim que interpretei.

- Touché! Você tem um ponto aqui, bela dama.

E então, a ideia. Se Scarlet desejava uma nova forma de demonstrar gentileza, eu arranjaria uma forma de fazer isso. As provocações eram algo que naturalmente aconteciam nós - tanto vindas de mim como vindas dela - e, eu sabia que, não seria pelos nossos negócios que isso mudaria. Eu, por exemplo, estava prestes a contribuir para isso. O touché talvez tivesse seu retorno. E quem sabe o espetáculo da risada de Scarlet tivesse um segundo ato.

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