Negócios com uma Dama

XII

Alice Quinn

A manhã havia começado calma, como eram quase todas as vezes na casa Quinn. Como morávamos um pouco afastados da agitada Londres, ouviamos apenas o barulho das atividades da casa e de alguns pássaros lá fora.

O sol brilhava forte, o que não era tão comum na Inglaterra, mesmo estando no verão. Edward já havia se levantado e ido para seus compromissos, e comigo não seria diferente. Apesar de não trabalhar como ele, as atividades da casa mereciam atenção.

Após me banhar, escolher um vestido e arrumar os cabelos com ajuda de Anne, uma das criadas da casa, desci para uma das salas da propriedade, onde pedi que levassem chá e biscoitos para o meu café da manhã enquanto eu analisava alguns papéis sobre os afazeres de casa.

Meu cunhado, Colin, já estava lá quando eu cheguei, sentado em uma das poltronas com um jornal em mãos.

— Bom dia, Colin — Disse ao passar pelo arco de entrada da sala, sendo recebida pela grande iluminação do cômodo. Não era à toa que aquele era um dos meus locais favoritos para passar o dia.

— Bom dia, Alice.

— Scarlet e o senhor Downing já saíram? — Questionei ao me acomodar em uma cadeira próxima a janela.

— Acredito que sim já que não os vi no café da manhã — Ele respondeu quase que de forma automática, mas depois levantou os olhos do jornal. — Espere, quer dizer que eles realmente foram ao tal passeio?

— Aparentemte sim. Não me surpreende já que Scarlet não costuma voltar atrás em suas decisões.

— Não era da palavra dela que eu duvidava, mas sim da coragem dele. Ou de seu senso de autopreservação, não sei ao certo.

— Você fala como se sair com Scarlet fosse uma grave ameaça. Ela é sua irmã, sabia?

— É exatamente por ser minha irmã que a conheço tão bem, e você a conhece também — Um pouco contrariada com a forma, mas não com o conteúdo da fala de Colin, balancei a cabeça. —  O senhor Downing está se mostrando um homem de muita coragem — Ele acrescentou.

— Acha mesmo?

— Bem, não tenho certeza ainda. Isso me parece excesso de bravura ou tolice, entende? — Confirmei.

— Talvez ele apenas tenha a personalidade tão forte quanto Scarlet, e seja irredutível como ela.

— Acha minha irmã irredutível?

— Você não? — Devolvo a pergunta.

— Com certeza sim. Só nunca a vi falar dela nessa maneira.

— Scarlet sempre tenta ter a última palavra. Mas, talvez, ele tente o mesmo — Colin se voltou ao jornal e eu aos biscoitos a minha frente por certo tempo, até ele se remexer inquieto no assento e voltar a falar.

— Está pensando o mesmo que eu? — Ele levantou os olhos.

— O quê? — Eu conhecia aquela expressão. Tento Colin quando Scarlet tinham o mesmo brilho nos olhos quando sorriam verdadeiramente. E o sorriso deles se parecia com o de Edward em alguns momentos.

— O incidente com o balde de água foi porque Scarlet pensou que o senhor Downing fosse um pretendente, certo?

— Certo. Mas ele não é um pretendente.

— Não ainda.

— Colin... — Início a repreensão, mas ele continuo falando sua ideia, que com certeza seria algo que Scarlet odiaria.