Negócios com uma Dama

XIV

Andrew James

— Gostou de conhecer a cidade, senhor Downing? — Colin questionou quando sentamos lado a lado na sala de jantar.

— Gostei sim — Respondi. — Acredito que terei uma boa estadia aqui e, assim espero, sucesso com os negócios.

— Meu irmão me disse que a sua família tem um haras, certo? Conte-me mais sobre os planos de expansão.

Colin Quinn não me parecia o tipo de pessoa interessada em negócios, especificamente um haras. Porém, a pergunta dele atraiu os olhares das damas na mesa, até das senhoritas Quinn e Rymer que antes estavam em uma conversa baixa, então pus-me a responder.

— Há três gerações o haras está na minha família. Atualmente, a gestão é feita pelo meu pai, que achou uma boa ideia a expansão dos negócios. Sendo assim, ele me enviou para cá para avaliar possíveis locais e frequentadores.

— E o que o levou a escolher Kent? — Era claro que a senhorita Quinn questionaria alguma coisa.

— A região não tem nenhum haras. E por terem muitas casas de veraneio, um local como esse seria bem sucedido — Respondo de imediato. — A proximidade com Londres foi também um fator, é claro.

— Esperamos que seja bem sucedido em seus negócios, senhor Downing — A anfitriã comentou docemente.

— Espero que sim, senhora Quinn — Com um sorriso, respondi.

— E já tem algum frequentador ou sócio em mente? — A ruiva voltou a questionar. — Tenho certeza de que precisará de contribuidores para a construção do novo haras.

— Começarei amanhã pela manhã a visitar alguns possíveis contribuidores — Comecei. — Seu irmão me disse previamente alguns cavalheiros que podem ter interesse no negócio. O passeio que demos hoje foi importante para eu conhecer algumas partes da cidade que podem ser consideráveis para o projeto.

— Que bom que ajudei — Sem parecer realmente querer aquilo, ela sorriu.

A ideia de que ela ajudou em algum aspecto os meus negócios, e, consequentemente a minha permanência aqui, não agradavam Scarlet Quinn nem um pouco.

E depois de tudo o que houve, o balde d'água inicial e a queda na cachoeira, vê-la irritada era, no mínimo, agradável de se ver.

— Quem sabe a senhorita não me apresentaria mais alguns lugares da cidade? — Perguntei no melhor tom inocente que consegui, com um sorriso no rosto.

Ninguém na mesa disse nada, o que me fez perceber que minha pergunta soou inocente, exatamente da forma que eu queria. E meu objetivo maior havia sido alcançado: a senhorita Quinn estava ainda mais irritada.

— Claro — Ela respondeu contrariada. Mas então, um sorriso surgiu em seu rosto. E um sorriso dela direcionado a mim não poderia significar algo bom. — Quem sabe eu não o levo para conhecer um rio que tem por essa região? — Ela arqueou a sobrancelha sugestivamente.

— Sem dúvidas seria um prazer.

Após o almoço, todos se dispersaram em direções diferentes. A senhora Quinn foi a primeira a pedir licença e se retirar, dizendo que precisava resolver alguns assuntos.

Aparentemente, Colin acompanharia Anabella Rymer em casa, mas a jovem decidiu ficar para conversar com a senhorita Quinn. Certa decepção era visível na expressão de Colin, mas a senhorita Quinn disse ao fim que ele poderia acompanhá-la até em casa do mesmo jeito.

Não ouvi todo o diálogo dos dois, já que fui em direção ao quarto onde estava hospedado. Apenas sei que, depois daquilo, Anabella e Scarlet subiram também, pois as ouvi passando pelo corredor. Da mesma forma, ouvi as duas conversando quando saí do quarto horas depois.

— Mas, e se ele fosse? Digo, se o senhor Downing tivesse vindo com a intenção de cortejá-la? — A voz baixa que identifiquei como da senhorita Rymer questionou.

Não era minha intenção ouvir a conversa de duas damas. Mas ao ouvir meu nome foi inevitável não parar. Ainda mais, quando era a senhorita Quinn sendo questionada sobre mim.

— Então, a presença dele aqui seria ainda pior — Ela disparou. — Bella, você sabe que a vinda dele não me agradou. Se fosse com a intenção de me cortejar...

— Já entendi. Você ficaria ainda mais irritada com isso.

— Exatamente.

— Veja pelo lado bom. Pelo menos ele é mais novo que o senhor Brown e mais bonito que o senhor Jones.

Eu não sabia quem eram os dois, apesar de ter quase certeza de que li o nome de um deles entre os possíveis colaboradores do haras. Porém, pelo rumo da conversa, pareciam ter sido pretendentes da senhorita Quinn.

— Bem, nisso você está certa — A ruiva falou. — Mais isso não é relevante. Ele não é meu pretendente e nem será. A não ser que queira levar outro balde d'água — Ela terminou irritada e depois as duas mudaram de assunto.

Afastei-me da porta e segui pelo corredor, voltando ao rumo que iria seguir. Por mais que fosse algo que estivesse se mostrando difícil, eu teria que concordar com a senhorita Quinn. Eu não era pretendente dela e nem seria, ainda mais com tudo o que aconteceu hoje.

Em pouco mais de vinte e quatro horas, ela tinha conseguido me deixar ensopado duas vezes, irritado com isso e... E agora, com a ideia perfeita em mente.

Acreditava que o universo sempre tinha um retorno para as nossas ações. Mas, às vezes, o universo poderia necessitar de uma ajuda para isso. E, nesse caso, eu seria a ajuda no objetivo de irritar a senhorita Quinn. Ora, nada mais justo do que irritar a pessoa que fez o mesmo comigo.

Pelo que percebi, o que a senhorita Quinn menos quer nesse momento é um pretendente. Especificamente que esse pretendente seja eu. Então seria simples irritá-la. Eu só precisaria agir como se fosse um pretendente. Dessa forma, incomodá-la seria o motivo dos meus sorrisos pelos próximos dias.

Oi, gente! Tudo bem?

Acreditam que eu só fui me dar conta quase de noite que era dia de postar capítulo? (Enfim, a autora distraída). Mas, lembrei a tempo e cá estou eu!

Capítulo com o Andrew narrando fresquinho saindo pra vocês. E então, opiniões? Teorias?

Nosso Andrew ouviu conversa atrás da porta (literalmente) e agora quer irritar a Scarlet (ainda mais né?). No quê vocês acham que isso vai dar?

Em breve venho com mais um capítulo pra gente saber como isso vai desenrolar...

Por hoje é isso, fiquem bem, beijos e até mais ❤️✨