12.

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Noah estava certo, afinal

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Noah estava certo, afinal. Se eu não estivesse acompanhada por seus enormes músculos, no banco de trás do Uber, eu provavelmente entraria em desespero.

Não gosto de julgar por aparências, mas o motorista me dava calafrios. De cinco em cinco minutos, percebia seu olhar analisando minhas pernas nuas através do retrovisor. Constantemente puxava a bainha do vestido para baixo, numa tentativa falha de me cobrir. O garoto ao meu lado notou meu desconforto. A postura, ereta, a mandíbula, travada, o foco diretamente no senhor a frente.

Respirei aliviada assim que o carro estacionou em frente ao prédio. Noah agradeceu ao motorista, que respondeu com um aceno – mesmo que sua atenção tivesse centrada em meu corpo enquanto saía do automóvel. O de olhos verdes abriu a porta para que entrássemos no hall. Cumprimentamos o porteiro, indo até o elevador. As portas se abriram no terceiro andar.

— Obrigada por ter vindo comigo.

Sai do elevador, de cabeça baixa. Não o olhei nos olhos – estava muito apressada para finalmente me ver livre dele.

— Sina. — hesitante, me virei para encará-lo. Sua mão segurava as portas para que não se fechassem. — Não quer conversar sobre o que aconteceu?

Porra. Que homem sádico! Quer se satisfazer com minha humilhação? Não precisamos conversar sobre nada. É isso. Nada aconteceu. Vamos tratar como um delírio – um delírio muito gostoso, na verdade.

— Foi apenas um beijo. Não se preocupe. Posso superar. — lancei uma piscadela quase imperceptível, o provocando com a mesma frase que me disse dias atrás. Ele riu, dando de ombros.

— Como quiser, gatinha. — enfiou as mãos no bolso depois de apertar o botão do elevador. — Gostei de te ver no bar, de qualquer forma. Continue aparecendo por lá, ok?

Eu sei. Fui mal-educada. Não deveria ter o tratado dessa maneira. Nunca foi a intenção soar grosseira. Mas meu único desejo era correr para longe de Noah, antes que cometêssemos outro erro.

Antes que as portas me impedissem de vê-lo, botei o pé entre elas. Ele ergueu a cabeça, me encarando com curiosidade.

— Quer entrar? — cuspi. Uma covinha surgiu em sua bochecha. — Não vamos fazer nada, Noah. Estou te convidando para, no máximo, tomar um vinho. — é uma forma de pedir desculpas, também.

Por como me comportei nas últimas horas. Nos últimos dias, na verdade.

— Vinho parece ótimo.

Com um garoto sorridente atrás de mim, abri a porta do apartamento, entrando antes de dar passagem à visita. Fechei a entrada, depositando o molho de chaves na mesinha ao lado. Noah analisava o ambiente, mantendo suas mãos nos bolsos. Quando nossos olhares cruzaram, balançou a cabeça.

— Curti aqui. — ri, tirando os calçados que insistiam em torturar meus pés. Caminhei até a cozinha, puxando duas taças do armário.

— Não precisa esfregar na minha cara que tem um apartamento mil vezes melhor que o meu. — falei num tom alto, para que ele pudesse ouvir.

HANDS TO MYSELF - Noart Onde histórias criam vida. Descubra agora