8. Eu Tenho de Acreditar

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- História velha! - zombou Jungkook. - Essa é uma daquelas que
saem nessas revistas de quadrinhos de horror, muito mal desenhadas. É das que servem para preencher um buraco entre uma história de vampiro e outra de Frankenstein. Não vá me dizer que essa história aconteceu mesmo, vai, Yoongi? Nesse caso, quem era o "seu" parente que lhe contou a
história? O assassino? A mulher-cadáver?

- Não, Jungkook. Só quis mostrar que os mortos podem voltar à vida, não só por motivos nobres, como nas histórias do Namjoon e do
Taehyung. Eles também podem voltar para fazer o mal, para vingar-se...

- Mas, nesse caso, a vingança parecia justa... - disse Hoseok.

- É... nessas histórias de terror, os mortos sempre aparecem para
reparar uma injustiça, são sempre muito bonzinhos, já notaram? - brincou Jungkook. - O gozado é que, em vida, há boas e más pessoas. Entre os mortos todos são justos... Vocês me desculpem, mas não é possível levar à
sério esse monte de baboseiras. Não dá para acreditar!

Do outro lado do círculo formado pelos amigos em volta do tapete,
Taehyung comentou:

- Eu também pensava assim, Jungkook. Mas, depois do que
aconteceu, eu tenho de acreditar...

- Do que aconteceu? O que aconteceu, pessoal?

- Você sabe, Jungkook... - suplicou Jimin. - Você tem de saber...

- Não brinca, Jimin. Ah, vem cá, meu amor...

- Não, Jungkook... por favor...

- Uma coisa eu não entendo! - disse o rapaz, contrariado. - Só eu aqui não estou nem ligando para o clima de terror que tomou conta de vocês por causa dessa casa velha, da ponte caída e da tempestade. Então, por que vocês não aceitam a minha proposta de cantar, contar piadas? Em vez disso, como se gostassem de sofrer, ficam com essas histórias idiotas de terror? O que é? Vocês gostam de sentir medo, é?

- Parece que a gente não tem outro jeito, Jungkook - respondeu Jin, pretendendo falar por todos. - O sobrenatural... o fantasmagórico
está morando entre nós...

- Ai, ai, ai, ai, ai! O que está morando dentro de vocês é loucura! Gente, eu conheço há anos, desde o primeiro grau. Nunca vi a minha querida turma desse jeito! O que houve com os sete tremendões do colegial? Será que tem alguma coisa estranha nesse ar de montanha? Algum vírus? Ora, mas eu estou respirando o mesmo ar de vocês!

- Acho que não está, Jungkook... - disse Yoongi, num sussurro. - Acho que você não está respirando o mesmo ar que nós...

A noite já tinha caminhado para a madrugada, mas nenhum dos
componentes do grupo parecia estar disposto a entregar-se ao sono.

As velas já estavam bem abaixo da metade.

- Estas são as últimas... - informou Taehyung, desanimado. - Depois, será somente a escuridão...

A ameaça de passar aquela noite inteira, sem luz, insones pelo terror
que tomava conta de todos, pareceu aumentar a tensão reinante.

- Ai... - gemeu Jimin.

Jungkook recusava-se a permitir que o pânico o invadisse, como tinha tomado conta de seus amigos. Acariciou os cabelos do namorado,
como se consolasse uma criança medrosa.

- Querido... Não há nada a temer... eu estou aqui...

Jimin olhou para o namorado, como se sua alegria fosse a razão de
seu medo.

Ele se derretia cada vez que olhava o rosto bonito da garota:

- Vem cá, amor...

Tentando fugir dele, Jimin falou alto:

- Hoseok, você ainda não contou a sua história... O que vai ser?

O garoto remexeu-se, enrolado no saco de dormir:

- Estou fora, Jimin. Não quero me meter nisso.

Jungkook riu-se:

- Então só faltam eu, o Jimin e o Jin... Só que eu sou meio fraco nessa história de histórias de terror. Eu só sei contar piadas!

- Serei eu, então - decidiu Jin. - O que eu vou contar é somente uma teoria que eu li certa vez sobre uma morte muito estranha, ocorrida no Egito. Como toda teoria, os acontecimentos foram apenas
supostos. Poderiam ter sido do jeito que eu vou contar. Ou poderiam ser de outro modo. Mas o certo é que esse acontecimento foi realmente
inexplicável. Tão inexplicável como as incertezas da morte. Vou falar
novamente da morte e da capacidade sobrenatural de algumas vontades
superarem esse limite. Dessa vez, vamos ter uma distância muito grande no tempo, muito grande...

Descanse em paz, meu amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora