VI

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|O capítulo a seguir contém palavras de baixo calão.|

Reese O'Connor

Desde meu desmaio se passou uma semana, meu filho voltou para as aulas normalmente e pude voltar a trabalhar na mesma intensidade de antes. Durante todo esse tempo Lily e Cassidy me obrigavam a ir para casa mais cedo, além de me impedir de fazer muito esforço, admito que aquilo foi muito bondoso da parte delas, mas eu nunca posso parar.
As portas do elevador abriram e na mesma hora avistei Cassidy andando rápido até mim. Ela parecia um tanto inquieta e me assustou um pouco.
ㅡ Bom dia, Cassidy. Aconteceu alguma coisa?
ㅡ Eu juro que tentei impedir. ㅡ a olhei confusa e arrumei meu cabelo.
ㅡ Como assim?
ㅡ Quando entrar você vê, eu iria jogar um vaso de planta na cabeça do cara, mas Cassidy disse que não era educado. ㅡ Lily apareceu com os braços cruzados e com a voz em tom de tédio.
Olhei para ambas ainda sem entender a situação e elas abriram espaço me dando visão da porta do meu escritório.
Caminhei até o mesmo um tanto nervosa e abri a porta vendo que não havia ninguém, mesmo assim entrei com cautela na sala e fechei a porta lentamente.
A minha cadeira estava virada para a janela e olhei aquilo espantada, ela não estava assim ontem de noite.
Andei até minha mesa tentando não fazer barulho, mas assim que dou um passo a cadeira se vira no mesmo instante.
Passei a encarar a pessoa e abaixei os meus ombros vendo quem estava sentado com um sorriso no rosto.
Suna.
ㅡ O que faz aqui? ㅡ perguntei indo até o cabideiro e guardando minha bolsa.
ㅡ Trabalha vestida assim? ㅡ desci o olhar sobre minhas roupas e arqueei uma sobrancelha.
Eu vestia um terno branco com uma gola alta preta por baixo. Não tinha nada de anormal nessa roupa.
ㅡ Tem algo de estranho nela? ㅡ perguntei com um braço na cintura e ele deu de ombros.
ㅡ Não, mas ela ficou horrível em você. ㅡ senti um tom de brincadeira em sua voz e revirei meus olhos.
Fui até onde ele estava e puxei a cadeira me apoiando nos braços da mesma.
ㅡ Saia da minha cadeira. ㅡ disse séria, mas com um sorriso de canto.
Ele me encarou divertido e se recostou na cadeira de couro.
ㅡ Não. ㅡ Suna disse simples e o encarei realmente séria.
Ele me lançou uma cara de espantado soltando uma risada em seguida.
Mordisquei a parte interna da minha bochecha e respirei fundo. Bom, se ele não fosse sair, eu iria o tirar de lá.
Sem pensar duas vezes peguei seu antebraço o puxando com rapidez para fora de lá. Mas ele nem ao menos se movia.
Soprei uma mecha de cabelo do rosto e lhe dei um pisão na coxa.
ㅡ Saí!
ㅡ Me obriga, Reese. ㅡ mas que merda.
Parecíamos duas crianças brigando por alguma coisa.
Revirei os olhos sem paciência para aquilo, foi então que decidi dar um puxão novamente em seu antebraço, dessa vez com mais força ainda.
Mas aparentemente meus saltos me abandonaram nessa hora, já que acabei tropeçando em alguma falha no carpete e caindo de costas. Porém, antes de bater contra o chão um braço envolve minha cintura me impedindo. Uma cena familiar protagonizada pelas mesmas pessoas.
Olhei para cima e Suna me encarava com um ar preocupado, mas sem conseguir me conter, soltei uma risada e escutei ele bufar. Fui puxada de volta e ainda continuava rindo.
ㅡ Desculpa, desculpa. Sua cara se tornou engraçada de repente. ㅡ disse cobrindo meu sorriso com a mão e sinto seu julgamento sobre mim.
ㅡ Você é bem peculiar, O'Connor.
ㅡ Poderia levar como ofensa, mas vou encarar como um elogio. ㅡ respondi tomando um pouco de ar e parando de rir.
Foi então que percebi o quão próxima estava dele, nossos rostos tinham centímetros de espaço e ainda sentia sua mão em minha cintura.
Nossas respirações eram baixas e um tanto ansiosas, se soltasse uma risada bem nesse momento, seria meu corpo querendo que respondesse de alguma forma.
Suna analisava cada parte do meu rosto e se aproximava lentamente.
Por um momento eu esqueci de tudo, me concentrando apenas em nossos corpos quase juntos e meu coração batendo acelerado no peito, mas quando Suna aproximava sua boca da minha a ficha me caiu.
Eu não faço as coisas desse jeito, por que faria agora, então?
E além do que, eu estava mesmo indo beijar o mafioso? Que porra é essa?!
Antes de nossos lábios se colarem, minha mão foi a sua boca o impedindo de fazer.
ㅡ Desculpa, não posso fazer isso. ㅡ ele me encarou confuso e com um toque de raiva, mas como um passe de mágica essa sua expressão sumiu.
ㅡ Não gosta de apenas um beijo e cada um para seu lado, não é? ㅡ concordei com a cabeça e então sua mão saiu rapidamente de minha cintura.
ㅡ Sou demissexual, peço perdão por não ter comentado antes. ㅡ falei em um sorriso tímido e ele balançou a cabeça.
ㅡ Sem problemas, estilista. Mas deveria ter me contado antes, teria preparado uma surpresa romântica se fosse o caso. ㅡ revirei os olhos impedindo um sorriso e passei por ele me sentando na cadeira de couro.
ㅡ Mas mudando de assunto, o que faz aqui? ㅡ repeti minha pergunta do início e ele cruzou os braços.
ㅡ Se lembra do que me disse semana passada? ㅡ sim, eu me lembrava.
"Eu prometo que falo com você", uma grande mentira.
Escondi minha imensa vergonha e arrumei minha coluna.
ㅡ Acabei esquecendo, não tenho seu número. ㅡ disse com um sorriso e vi ele revirar os olhos.
ㅡ De qualquer forma, vim aqui para terminar de falar com você.
ㅡ Bom, sou toda ouvidos.
ㅡ Você foi a única que não ouviu a proposta semana passada, então vim aqui para lhe comunicar sobre o que era. ㅡ esquisito.
No mínimo pensei que ele mandaria alguém aqui para falar comigo, como foi na outra vez, ou simplesmente esquecesse desse assunto.
ㅡ Bem, nós estamos organizando um evento beneficente, conseguimos reunir as máfias da região e vamos realizar esse evento hoje. O evento consiste em arrecadar dinheiro para instituições ao redor do mundo, não importa de que tipo seja. ㅡ uma causa bem justa, devo admitir.
ㅡ E o que os estilistas tinham haver com isso?
ㅡ Bom, são vocês que farão o evento rodar. ㅡ franzi o cenho me perguntando como isso iria acontecer.
ㅡ Resumidamente, chamamos vocês por que o que vai ser leiloado será uma peça feita por vocês.
ㅡ Então está dizendo que chamou todos aqueles estilista renomados para fazer uma roupa para alguém que colocasse o maior lance? ㅡ ele corcondou com a cabeça e soltei um sorriso sarcástico.
ㅡ Alguém aceitou sua proposta?
ㅡ Quase todos, ainda falta uma pessoa.
ㅡ E devo imaginar que vai atrás dela.
ㅡ Com certeza.
ㅡ Então não perca tempo comigo, vá encontrar ela. ㅡ disse com um ar inocente apontando para a saída.
ㅡ Mas eu já encontrei. ㅡ ele apontou para mim e revirei os olhos para mim mesma.
Obviamente já deveria esperar isso.
ㅡ Bom, vou lhe responder com uma simples palavra. Não. ㅡ falei girando minha cadeira e ligando meu computador olhando também algumas planilhas da marca.
ㅡ Pode sair? Sua presença me desconcentra.
ㅡ Sou tão ofuscante assim? ㅡ Suna perguntou em um tom risonho.
ㅡ Me desconcentro facilmente, você só vai me atrapalhar. ㅡ abanei as mãos para ele sair mas ele ainda permanecia no mesmo lugar.
O olhei sem paciência e ele deu de ombros.
ㅡ O que você quer para sair daqui?
ㅡ Que fale sim para minha proposta.
ㅡ Só nos seus sonhos.
Ele revirou os olhos e pensou em dizer algo a mais, porém vi de canto de olho ele dar um passo para trás.
ㅡ Tudo bem, Reese. Mas saiba que aquela festa não vai ser mais a mesma sem você. ㅡ ele disse e saiu da sala arrumando seu terno.
Ao fechar a porta suspirei penteado meu cabelo com os dedos, ele tinha aceitado isso fácil demais. Tão facilmente que suspeitei uma volta sua mas ele não surgiu.
Ele parecia querer insistir mais, porém algo o impediu. Mas o que seria?
Balancei a cabeça e olhei novamente para as planilhas, foi nesse momento que um pequeno pedaço de papel me chamou a atenção. Puxei ele de entre algumas folhas de papel e li o que estava escrito.

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