Percepcões de um vazio ao qual não me cabem vaidades

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"Penso, logo, existo". Lembrei tal frase por uma determinada reunião com uma das psicólogas que tive em meados 2015, mais uma delas: mulheres que passam em breve vida e eternizam ideias e momentos; revirando cabeça. Nossa jornada é cercada por divinos terapeutas que independem às faculdades ou estudos humanos, para que falem com propriedade sobre questões filosóficas e de alma. Cabe a nós saber enxerga-las e ouvi-las. Moeda de troca não é necessário. Quando se está apto a ouvir; como nascente de rio que fluem águas límpidas; diretrizes são mostradas nos instantes: por mulheres, homens, porcos, pássaros, deuses e espíritos. Vejo que, nesse sentido, vagueamos no temporário tilintar do tempo, tique-tá-te-ando o que julgamos ser pessoal, de momento, ao eu cabível nas limitações da esfera do que se julga importante. A vaidade é desprovida quando percebemos o ser genuíno, imutável e brilhante, que se pode ser e que nada é. Esta mesma vaidade, soberba, altiva, goza traquejo; impele alcance do objetivo maior por finalidade. Somos aprendizes do infinito. O nada. O tudo. Um qualquer andarilho dependente de observações internas e externas, dependentes dos meios pelos quais proferimos ideias e intensões: Como carros que precisam de gasolina, outrossim, dos motoristas. Como folhas de cadernos que precisam de tinta e também dos escritores; terceiras participações, para que possam dar vida ao inanimado. Dependentes, ao menos, de algum foco de verdade. De personificação. Sabe-se lá quantas outras formas e pontos de vistas nos são desconhecidos nesta pequena vastidão a qual chamamos por universo.
Desperto e percebo o mais belo aspecto que ao nada habita em noites de sonhos, esvair-se à grosseira sonoridade de um mundo ao qual é necessário abdicação da real forma invisível, para busca, em pessoas e signos, percepções que somente são compreendidas no silêncio do sono. Retornar ao mundo físico é como: vestir adereços pelos quais possamos ter uma mínima dignidade, pra que assim, o convívio com distintos graus de sombra-luz, − estes, percebidos nas ruas e através das telas; em instantes e ocasiões – façam algum sentindo em pequeno punhado de entendimento. Fica, senão, evidente, interdependências de intensões e ações, essas que, habitualmente, nos sugerem a falsa percepção de um âmbito saudável, e acabam por nos privar de maiores aprendizados que só a linha de fogo pode proporcionar. Estes são: Família, trabalho, amigos, relacionamentos, pessoas, vícios e hábitos. Grupos que compactuam "verdades" em comum, deleitam-se em bolhas e zona de conforto, supondo o "não me faça pensar", modelo ideal para permanência – equivocada − na elucidação.
É necessário o desprovimento dos apetrechos confortáveis, para que, nus, possamos atingir os cumes gélidos da inteligência emocional, onde, tais gatilhos não serão mais gerados por errôneas interpretações do ego humano, e sim, pelos nutrientes de um mundo que julgamos ser desconhecido, como morte, a divina sabedoria do silêncio universal.
Indago: Estaria você, caro leitor, apto a tal abdicação? Ser apenas um espectador que agora tudo pode ver com os olhos da verdade intrínseca? Estaria você, caro leitor, apto a enxergar que, nada pode se fazer, a não ser, esperar que as águas retomem devido curso? Teria a coragem de abrir mão aos prazeres da carne, vícios, ego, desejo; dos parâmetros estabelecidos em errôneas interpretações do que é felicidade? Pra que assim, do pó, a ele retorne? Consegue ler o que escrevo sem ser atingido?

Crônicas por Caique SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora