estou vivendo ou apenas escrevendo fanfic stony?
boa leitura! ❤️
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Sempre fui muito bom em fingir que está tudo bem. Se as pessoas ao meu redor não chegavam a acreditar na minha performance, nunca me disseram diretamente. Encarando o rosto sério de Rogers agora, no entanto, penso que talvez minhas táticas tenham se enfraquecido com o tempo.
Por mais que eu insista que está tudo bem entre nós, ele ainda não consegue me olhar nos olhos como antigamente. Quando estamos no mesmo ambiente, o Capitão parece manter a maior distância possível de mim. Não que eu ligue, afinal nunca fomos tão próximos, mesmo antes de Sokovia... Mas minha mente não para. Não posso evitar o sentimento incômodo que aflige meu peito ao lembrar das nossas batalhas idiotas. Olhando agora parece que foi há tanto tempo, quase como se fôssemos duas crianças brigando pelo controle da TV na época, quando na verdade faz apenas seis meses.
Seis meses desde que Rogers me enviou aquela maldita carta. Seis meses desde que tive que consertar meu reator completamente destruído. Seis meses desde que tentei recomeçar minha vida do zero — pela milésima vez, mas quem se importa? — e reatei com Pepper. Seis meses desde que descobri a verdade sobre a morte dos meus pais. E como tudo tinha de ser em se tratando das aventuras de Tony Stark: ainda doía.
Talvez ele perceba em meu olhar quão quebrado ainda estou e por isso não se permita me dizer mais do que três palavras por sentença. Culpa é um sentimento traiçoeiro, corrosivo. Eu saberia; foi a causa-mor pela qual assinei aqueles papéis. Era um símbolo que me lembrava de que não poderíamos perder o foco jamais. Não poderia nos deixar sem controle a ponto de causar danos às pessoas que tentávamos ajudar. Estava fora dos meus planos abrir outra empresa armamentista sob o nome dos Vingadores.
"Você vem?", ouço a voz acanhada de Rogers mais uma vez. Seus olhos estão presos em um ponto fixo na janela, sua expressão séria parcialmente escondida pela barba escura.
"Quase acabando aqui", respondi com uma caneta na boca, enquanto girava a chave de fenda na minha mais nova armadura.
Há um silêncio perturbador em seguida. Por acaso encontro suas orbes me fitando, entretidas com o movimento circular que meus braços fazem na ferramenta. Ele pisca algumas vezes antes de sair sem dizer mais nada, deixando-me a sós novamente. Era assim nos últimos tempos. Meias palavras e um olhar pesado.
Culpa.
