8| Charlie Duart

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Puxo levemente a colcha da cama, esticando-a até que fique reta o suficiente

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Puxo levemente a colcha da cama, esticando-a até que fique reta o suficiente.

Ergo meu corpo e fecho uma das cortinas, tampando um pouco dos raios de sol do começo da manhã. Este lugar é tão enrolado, não sei se um dia irei me acostumar com isso, Angeles é muito diferente do meu Reino.

Pego meu livro e caminho até a varanda, nessas últimas semanas percebi que melhorei minha percepção acerca de alguns comandos que terei de dar quando for rei, e isso é um alívio, pois meu pai me considerava fraco com relação à isso.

Acho que vou surpreende-lo mais do que ele imaginava, e provavelmente ele não irá gostar nenhum pouco disso, pois somos totalmente diferentes.

Sento-me no sofá e estico minhas pernas confortavelmente.

Ainda há coisas que preciso melhorar, e uma delas é minha relação com Ava e com o povo daqui. Mesmo em Carolina do Norte sendo o tempo inteiro vigiado por meu pai e com suas restrições com relação a como e onde ir por lá, consegui desenvolver uma boa relação com meu povo, mas aqui? Aqui é diferente.

Sinto que Ava e eu não estamos de fato conseguindo conquistar o povo, e eu acredito que seja justamente porque não estávamos de fato reinando, apenas seguindo o contrato que fomos destinados a cumprir ao sermos prometidos um ao outro.

[...]

Há uns dias começou a sair mais tablóides negativos sobre Ava e sinto que isso pode afetá-la de alguma forma, e não posso protegê-la disso.

Encaro a cômoda ao lado de minha cama, há umas semanas que não abro-a, nela há lembranças fortes demais e não posso deixar que isso me desestabilize. Não agora, talvez nunca.

Quase deixo cair o livro que seguro em minha mão assim que ouço batidas constantes na porta do meu aposento, com o livro na mão, caminho até a porta e abro-a.

"Desculpe bater assim, mas você demorou para abrir" Ava pede desculpas antes que eu fale qualquer coisa.

O cabelo ruivo e longo dela está preso no topo da cabeça e ela veste um vestido roxo simples que vai até os joelhos.

"Sabe que pode vir a qualquer hora, não precisa pedir desculpa. Ao que devo a honra?"

"Queria lhe ver. Esses dias estou me sentindo angustiada, acho que temos que conversar." diz mordendo o lábio inferior. "Muita coisa."

"Por favor" digo dando-lhe passagem para que ela entre em meu aposento.

"Te atrapalho?" Ava pergunta encarando o livro em minhas mãos.

"Não, estava apenas tentando me distrair um pouco." Encaro o livro em minhas mãos.

Charles Baudelaire. Les fleurs du mal.

"Podemos sentar ali" aponto para a sacada do aposento.

"Ótimo. Aqui está ótimo." Ela diz seguindo minhas instruções, então espero que ela sente, para que eu possa sentar também.

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⏰ Última atualização: Dec 28, 2023 ⏰

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