27. De um lado para o outro

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Acostumado a sempre ver a jovem lhe seguindo como uma obediente assistente, Azmuth estranhou a imagem de Eunice à sua frente. De costas para ele, a jovem se preparava para avançar contra os guardas da prisão.

A Unitrix sempre foi tão alta? ― pensou Azmuth

Ele encarou o cubo mecarmofo em suas mãos. Queria ter tempo para encontrar uma melhor solução para a situação, mas infelizmente não tinha. E mais do que isso, parecia que Unitrix já tinha um plano preparado para caso algo desse errado. Um plano que consistia em se sacrificar pelo bem dele. Nada muito diferente do que ele havia feito...

― Vão agora! ― disse Eunice antes de partir numa corrida corredor adentro em direção aos guardas.

― Eunice, espere!

Mas era tarde demais. Para Azmuth restou apenas ver a garota avançar em alta velocidade, saltando pelas paredes e incapacitando os galvanianos pelo caminho.

O cientista aproximou-se de Max Tennyson que jazia imóvel no chão. Segundo os sensores da armadura, o humano se encontrava vivo e isso era informação mais do que suficiente por hora. Contudo, não se sabia quando uma nova crise poderia surgir novamente...

Azmuth apertou um botão no cubo e um líquido negro, com circuitarias verdes começou a revestir seu corpo. Em questão de instantes o cientista de cerca de trinta centímetros adquiriu a estatura de um mecamorfo galvânico de dois metros de altura. Com cuidado, Azmuth levantou Max (também revestido do líquido metálico) e o apoiou em suas costas. Por razões distintas, nenhum dos dois eram capazes de ativar suas armaduras para a forma bélica, lhes restando apenas uma fuga sorrateira, pelo menos até chegarem na nave.

O cientista ouviu um estrondo vindo do corredor, em seguida um silêncio. Os sons dos disparos ou das mochilas à jatos dos guardas pareciam abafados. Alguém ― e Azmuth sabia quem ― havia selado o corredor de alguma forma.

Ele firmou seus braços ao redor do Magistrado em suas costas e seguiu em direção à saída.

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Eunice saltava de um lado para o outro, escapando dos disparos que vinham em sua direção. Utilizando do DNA de Musca domestica, reagia ao ambiente com reflexos que beiravam ao irritante. Pulou em direção a uma parede e em pleno ar substituiu o DNA, permitindo-se ficar grudada e correr lateralmente à gravidade como uma boa Hemidactylus mabouia.

― Você não tem como fugir, humana! ― gritou um guarda. ― Vamos, desista dessa ideia idiota!

Eunice não respondeu, continuou a correr pela parede, em direção ao teto da prisão. Como um enxame de abelhas, os guardas de mochilas-à-jato a perseguiam, atirando incessantemente.

― Tragam logo outro blindado! ― ordenou o guarda ― Ela está longe dos outros prisioneiros, é a oportunidade que precisamos para abatê-la e acabar logo com isso!

Eunice notou que a situação começava a mudar no solo, mesmo assim, continuou sem parar de se mover por um só segundo. Seu plano consistia em manter os guardas ocupados o máximo possível para permitir Azmuth e Max escapar. Um plano que beirava o suicídio, pois sabia que a qualquer instante os guardas desistiriam de tentar capturá-la viva.

Um novo veículo encouraçado adentrou o largo corredor das celas e iniciou a carga de um de seus projéteis.

Parece que o tal instante havia chegado.

A jovem saltou, buscando atravessar de um lado a outro do corredor, desenhando um arco sobre o ar. O blindado acompanhou o movimento da garota e então disparou. O projétil luminoso atravessou por entre os galvanianos voantes nos arredores e acertou Eunice ainda em pleno voo.

Omnitranil (Ben 10 - Alien Force)Onde histórias criam vida. Descubra agora