26. Adivinha quem veio para o jantar?

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― Eu vou perguntar apenas mais uma vez ― disse Albedo pausadamente, cada palavra dita trazia uma pitada a mais de impaciência ― Onde está o regulador de entropia?

No centro do saguão, onde antes se encontrava o cofre da Caótica, agora uma criatura humanoide e cristalina aguardava por uma resposta. Olhares mais atentos ainda conseguiam perceber detalhes de um organismo polymorpho na aparência do alienígena, tal como a ausência de articulações ou o rosto composto apenas por olhos brilhantes. No entanto, não se encontrava a coloração avermelhada ou o aspecto catarral, assim como não se via mais nenhum gerador de gravidade oscilando por sobre a cabeça da criatura.

Ao redor de Albedo, os soldados-cavaleiros se dispunham num semicírculo com as armas em riste. Kevin, ainda sentado no chão, começava lentamente a se pôr de pé, pois sentia que a situação iria evoluir mal a qualquer momento. Sir William mantinha-se com um orgulhoso sorriso de vitória. Atrás dele, Sir Gustav e Sir Alfred (o tio do arco, como diz Kevin) atravessavam os portões da sala do cofre levando o ferido Sir Eduardo. Os primeiros socorros realizados foram o suficiente para poder colocá-lo de pé, mas ainda assim seriam precisos cuidados mais intensos de suas feridas.

Sir William então respondeu:

― Não existe nenhum regulador de entropia.

― Não ouse tirar uma com a minha cara, Cavaleiro ― disse Albedo com voz grossa, totalmente distinta da conhecida voz fina e distorcida dos polymorphos ― Vocês não se colocariam em tanto risco apenas para me enfrentar.

― Ficastes tanto tempo em nossas instalações e até agora não conseguiu compreender os fundamentos de nossa Ordem, verme? ― Sir William apontou a ponta de sua espada em direção ao alienígena ― Acabar com criaturas asquerosas como você, que colocam em risco a humanidade, é a pedra fundadora de nossos preceitos!

Durante todo o discurso de Sir William, Kevin movia-se com muita cautela, buscando sair do meio do confronto eminente. Com a inexistência do tal regulador de entropia, tudo aquilo se tornou apenas uma batalha de psicopatas. Não fazia sentido continuar ali. Ele olhou ao seu redor e notou que a atenção dos soldados se mantinha focada no novo Albedo. Agradeceu ao universo por fazer vilões gostarem tanto de discursos longos e por capangas raramente agir sem um comando.

Em meio ao silêncio da cripta, ouviu-se um lento bater de palmas.

― Lindo... ― disse Albedo. ― Realmente tocante...

Albedo cessou as palmas. Em seguida, disse:

― Só que eu não aceito ter perdido todo esse tempo para uma caçada infundada. Ou você me entrega um regulador de entropia nesse exato instante ou eu vou acabar com cada um de vocês até que alguém me traga o dispositivo.

― Suas ameaças não nos amedrontam, escória alienígena ― disse Sir William ― Nós, da Ordem dos Cavaleiros Eternos, juramos lutar e morrer por nossos objetivos!

― E quem disse que eu simplesmente os matarei? Há formas muito mais eficientes de demonstrar sua determinação em alcançar um objetivo.

Albedo deu um passo à frente e, com isso, todos os soldados ao seu redor moveram-se um passo em recuo. O rosto gelatiforme do alienígena se torceu no que poderia ser interpretado como um sorriso.

― Antes de matar alguém você pode torturá-lo... ― disse Albedo.

Ele avançou mais um passo e obteve como resposta outro recuo dos soldados.

― Fazê-lo gritar de dor...

Mais um passo. Mais um recuo dos soldados.

― Obrigá-lo a mostrar ao universo a insignificância de sua espécie a cada lágrima e pedido de clemência...

Omnitranil (Ben 10 - Alien Force)Onde histórias criam vida. Descubra agora