38. O mais poderoso dos instintos

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Gwen não via a hora de ir embora para casa. A aula parecia uma eternidade para acabar. Encarava o relógio por sobre a lousa e sentia como se o ponteiro teimasse em não querer se mover.

Vamos... – pensou. Sua perna direita balançava por debaixo da cadeira.

Ela olhou para os colegas ao seu redor. Um rebanho de pré-adolescentes de onze anos que, àquela hora do dia, já não prestavam atenção em nenhuma palavra dita pela professora de matemática.

Eis que veio o aguardado sinal.

Em questão de instantes, Gwen enfiou seu caderno, estojo e livro na mochila, jogou-a sobre o ombro e correu em direção à porta. A professora passou uma última instrução aos alunos, mas ela não ouviu. Adentrou o corredor, desviando do mar de estudantes, rumo à porta dupla da saída.

De mochila nas costas, ela correu pela calçada. Em sua mente ela tentava relembrar as etapas que seriam necessárias para a execução do feitiço. Treinou bastante os passo-a-passos, estudou a pronúncia correta das palavras, bem como, meditou por horas para conseguir alcançar o nível exigido de mana. Agora era colocar tudo em prática.

Abriu a porta de casa e gritou para quem quisesse ouvir:

― Cheguei! ― Ela subia as escadas de dois em dois degraus.

― Mas já!? ― respondeu sua mãe da cozinha ― A aula não acabou faz nem dez minutos?

Gwen não respondeu, entrou no quarto, jogou a mochila para um lado e foi em direção à gaveta de sua mesa de estudos. Escondido por debaixo de três cadernos, estava ali o livro de feitiços de Encantriz.

Foi graças a ele que a jovem garota de onze anos encontrou seu propósito. Seu primo pateta tinha um relógio que lhe permitia se transformar em aliens. Ela tinha a magia. Suas últimas férias foram um aglomerado de aventuras que jamais esqueceria. Enfrentou vilões, salvou pessoas, foi chamada de heroína. E como toda heroína, precisava estar preparada para o próximo desafio que surgisse.

Gwen não parava de estudar esse livro. Sempre que havia uma chance estava lendo ou recitando algum encantamento. Certa vez pronunciou errado uma magia: confundiu "D" com "T" e acabou transformando sua mesa de cabeceira numa planta carnívora. Precisou seu avô vir de longe para conseguir dar cabo à criatura. Desde então ele deixou orientações:

― Gwen, eu sei que você é uma garota muito curiosa e inteligente, mas não pode ser descuidada. Procure sempre se preparar bem antes de tentar alguma magia e, caso precise, me avise que eu te levo em algum local aberto e seguro para que possa treinar.

― Sim, vovô... ― Ela mantinha a cabeça baixa, encarando os próprios pés. ― E me desculpe por ter feito o senhor viajar até aqui pra isso...

― Não se preocupe, eu já estava planejando vir visitar vocês mesmo ― Vô Max sorria. Ele levou a mão ao seu bolso traseiro, tirou de lá um pequeno objeto e colocou na mão da neta. ― Aqui, sempre que você for treinar deixe isso perto de você.

Gwen olhou para o objeto com dúvida.

― Uma presilha de cabelo?

― Sim.

― Mas eu já tenho uma, olha. ― Ela levou a mão à mecha presa para não cair nos olhos.

― Mas não é apenas uma presilha. ― Max levou a mão ao cabelo da neta, retirou a presilha antiga e colocou a nova. ― Ela age também como um contador Geiger de radiação, só que para mana.

― O senhor vai ficar me vigiando como se eu estivesse de castigo!? ― Gwen tirou a presilha do cabelo. ― Por quê!? Eu já pedi desculpas pela planta!

Omnitranil (Ben 10 - Alien Force)Onde histórias criam vida. Descubra agora