“As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.” — Victor Hugo.
|As risadas preenchiam o ambiente como se fosse uma presença física, observei Lisa se virar sem dizer nada e sair ás pressas do restaurante. Acalmei todos que estavam conosco e sai porta afora.
Os pingos de chuva caiam agressivamente no telhado e no chão. Corri pela chuva, até encontrá-la na fachada do lugar, ela estava ensopada... Só parada ali, encarando o nada por segundos a fio.
— Lisa, o que está acontecendo com você? — exclamei preocupada. — Vamos entrar você vai acabar pegando um resfriado assim.
Aproximei-me para puxar o seu braço, mas ela me empurrou pra longe.
— Você não entende, nunca vai entender o jeito que eu me sinto. — diz agora com lágrimas salpicando seus olhos. — Não posso ser mais sua amiga Sophie.
Ela entra, conversa algum tempo com Tiffany, e depois as duas saem juntas dividindo um guarda-chuva.
Eu fico ali estática, tentando entender, o que eu havia feito pra deixá-la assim, mas nada me veio a mente.
Desde esse dia as coisas nunca mais foram as mesmas.
Segunda-feira
A manhã tinha apenas começado, mas a escola já estava uma completa bagunça. Olhei meu celular mais uma vez, esperando ver alguma mensagem de Lisa, explicando o que havia acontecido na noite passada, mas não havia nada.
Eu estava tão feliz tendo a amizade delas, as coisas finalmente estavam dando certo pra mim, não queria estragar tudo.
— Oi, Tiffany. — disse, ao vê-la entrar pelo corredor.
O quão grande não foi a minha surpresa ao vê-la me encarar com desdém e me ignorar. Lisa estava falando sério ontem a noite... Eu não podia acreditar, depois de tudo que nós três passamos juntas!
Passei toda a aula desconcentrada, tentando encontrar alguma explicação para tudo o que estava havendo. Resolvi esclarecer as coisas na hora do intervalo.
O sinal bateu e eu caminhei apressadamente pelo corredor, até o refeitório. Minhas mãos tremiam de nervoso, enquanto andava até a mesa dos populares.
Lisa me olhou da cabeça aos pés e sorriu.
— Você pode me explicar Lisa... O que diabos está acontecendo?!
Ela riu com desdém.
— Por que eu deveria explicar, algo pra uma perdedora como você?
— Não seja má Lis, diga a ela o que você me disse. — Tiffany afirmou.
— Nunca deveríamos ter te aceitado desde o começo Soph, você não tem nada de popular em você. Vive com a cabeça enterrada nos livros, e não se interessa pelo mundo real. — diz.
— Eu pensei... Pensei que éramos amigas, não sabia que você pensava todas essas coisas de mim. Sinto muito Lisa.Afasto-me enquanto lágrimas teimam em escorrer pelo meu rosto, eu limpo-as com raiva. Não podia acreditar que isso estava acontecendo, elas eram tudo o que eu tinha.
Chego em casa ainda pasma com tudo o que tinha acontecido. Mamãe encara os meus olhos vermelhos e eu não consigo aguentar, me dissolvo em lágrimas.
Ela me abraça apertado e eu me aconchego em seus braços, a fragrância do seu perfume de rosas tomando tudo ao meu redor.
— Eu nunca te disse querida, mas o seu nome foi dado em homenagem a sua avó, ela era uma mulher extraordinária, que tinha uma força e teimosia sem limites em relação a conseguir o que queria. — disse fazendo cafuné em meus cabelos. — Eu vejo muita dela em você.
— Eu não sabia disso, pensei que você só queria um nome diferente de Sofia.
— Você é única Sophie, não importa pelo que você esteja passando, vai conseguir superar em algum momento. Sei disso.
Ela sai do quarto e me deixa sozinha com os meus pensamentos.
Minha mãe estava certa, eu era única, mas isso pra mim nunca tinha significado algo bom.
O vazio me preenchia por completo, eu não sabia o que fazer comigo mesma. Enxuguei as minhas lágrimas, peguei um livro na escrivaninha e comecei a ler, naveguei na história até que eu me esqueci da minha dor.
Percebi que eu não me importava, enquanto eu pudesse me agarrar as palavras, nada poderia me machucar.
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Encontrando-me | Saga Meu Mundo - Livro 1
Teen Fiction"Porque algumas vezes a verdadeira maneira de deixar-se encontrar, é se perdendo completamente. As três amigas Sophie, Luara e Francesca, estão começando o seu último ano no ensino médio. O ano tinha tudo pra ser perfeito, se não fosse o fato d...