Quarenta e Oito

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Acordar cedo se tornou um hábito para Jisoo. Desde que Chaeyoung entrou em sua vida, ela sempre foi a primeira a acordar. Como um cão de guarda, quase. Gostava de ter a primeira hora mais ou menos quieta para si mesma.

Hoje era diferente, no entanto. E Jisoo sabia muito bem por que ela acordou com uma sensação de aperto no estômago.

Chaeyoung sabia também, porque enquanto Jisoo esperava o café esquentar, ouviu passos silenciosos entrando na cozinha atrás dela. Um pequeno cobertor estava enrolado em torno de seus ombros, e Chaeyoung se inclinou sobre o ombro para dar um beijo suave em sua bochecha antes de ir procurar o café da manhã.

"Você acordou cedo." Comentou Jisoo, mesmo sabendo o porquê. Chaeyoung estava ciente disso também, porque ela simplesmente encolheu os ombros enquanto se servia de um copo de suco de laranja.

"Não consegui dormir." Chaeyoung ofereceu um olhar nervoso para Jisoo enquanto ela pegava sua caneca e a apertava entre as mãos. "Eu sei que você estava no estúdio ontem à noite."

Jisoo assentiu, confirmando as suspeitas de Chaeyoung. "Não conseguia dormir." Ela riu fracamente, recostando-se no balcão e observando o vapor do café desenhar padrões no ar frio da manhã. "Parece que estamos no mesmo barco."

"Você está bem?" Jisoo colocou a caneca de lado e estendeu um dos braços, abrindo o cobertor e oferecendo a Chaeyoung o espaço ao lado dela. Sua esposa simplesmente assentiu, bocejou e se arrastou pela cozinha para se apoiar ao seu lado.

"Não fica mais fácil." Chaeyoung admitiu. Jisoo estudou a esposa, que afastou os cabelos despenteados do rosto e balançou a cabeça. "A vida... não fica mais fácil. Nós apenas nos acostumamos."

"Hey." Jisoo suspirou. Foram alguns dias difíceis para elas. Para Chaeyoung especialmente. Primeira morte de Hank e agora ... bem, hoje.

"Nós ficamos mais fortes também, Chaeyoung." Sua voz suavizou, e ela ganhou a atenção de Chaeyoung. "Isso parece nobre. Não fica mais fácil, mas aprendemos a dar alguns socos. Alguns mais que outros."

"Ela é muito jovem." Chaeyoung suspirou. Ela entendeu as palavras de Jisoo, ela realmente entendeu. Mas às vezes era muito mais fácil para ela ficar de mau humor com suas preocupações do que seguir o conselho dela. "Não é justo. Nunca é."

"Eu mudaria isso se eu pudesse, querida." Jisoo estendeu a mão e gentilmente deslizou o copo das mãos de Chaeyoung para que ela pudesse entrelaçar seus dedos. "E eu sei que você faria o mesmo em um piscar de olhos. Mas não podemos. Podemos desejar o quanto quisermos, mas às vezes as coisas não saem da maneira que as pessoas pensam que deveriam".

"Eu lembro como era." Chaeyoung simplesmente assentiu em vez de reconhecer as palavras de Jisoo. "Todo mundo... todo mundo estava esperando eu chorar. Mas eu não chorei."

"Chorar não é fraqueza, você sabe."

"Eu sei." Chaeyoung balançou a cabeça. "Mas... eu estava pensando muito. Porque eu me perguntava se todas aquelas pessoas estavam chorando porque estavam realmente tristes por eles, ou... ou porque estavam tristes por tê-los perdido. Meu primo me disse que ele iria sentir falta deles, e lembro-me de pensar que ele parecia muito egoísta."

"Eu fiquei brava por muito tempo também." Ela parou por alguns momentos e viu Jisoo tomar um gole de sua caneca, acenando para que ela continuasse. "Com eles. Mas... mas eu acho que estava brava, porque eu estava com muito medo de ficar triste. Porque então era real. E eu não queria que isso acontecesse."

"Funerais nunca são divertidos." Jisoo concordou, passando a mão pelos cabelos. "Você mesmo disse. É apenas um monte de gente reunida e triste juntas."

Green (Chaesoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora