Prologue Ⅰ

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Londres, 1853.

— Como estão as coisas? - Mark disse ao se aproximar do filho que estava parado em frente a sua mãe, de costas a ela.

Johannah passava uma das pontas do cinto de utilidades, onde ficariam as facas e outras armas, pelo lado esquerdo da cintura do filho, e a outra ponta do cinto pelo seu ombro direito, dando nós firmes garantindo que o cinto não se desprenderia. Quando ela terminou, os três começaram a andar, em direção ao salão principal do galpão.

— Está quase tudo pronto. As armas já estão carregadas, as espadas onde devem estar, assim como os sacos e os soldados mascarados. - respondeu ao pai com a expressão firme e confiante do que estavam fazendo. — Só estamos a espera das charretes que logo chegarão.

O pai respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso orgulhoso. A mão de sua mãe alcançou sua nuca em um afago. — Lembre-se filho, estão armados, mas usem apenas em último caso. Para se defenderem e defenderem os seus.

Louis concordou com a cabeça e sorriu para o aviso, não era a primeira vez que a corporação saía em uma missão como essa, mas o aviso era o mesmo em todas as vezes.

Louis recebeu dois tapas reconfortantes nas costas e escutou a voz de seu pai. — Eles não precisarão se defender, são bem treinados para isso.

O movimento no imenso galpão, gélido e escuro, iluminado apenas por algumas dúzias de lamparinas posicionadas em lugares estratégicos era grande. Foram designados para essa missão aproximadamente trinta soldados, mas o número de integrantes da corporação era em torno de cento e cinquenta pessoas, apenas em Londres.

Parte dos integrantes não foram selecionados para a missão de hoje, portanto estavam em casa com seus familiares visto que já se passavam das três e meia da manhã. A outra parte ficaria no galpão a espera dos soldados, garantindo que eles voltassem a salvos e estando a disposição para os ajudarem caso fosse necessário.

As gêmeas Phoebe e Daisy observavam atentas toda a movimentação, estudando todas as etapas de organização e retirada dos soldados, ansiosas para quando atingissem a idade mínima de se tornarem parte da tropa.

O manto preto, de mangas longas, capuzes grandes o suficiente para cobrirem até a metade do rosto, que se estendiam até depois dos joelhos era a peça fundamental do uniforme dos soldados; juntamente ao lenço, também preto, amarrado no rosto, que deixavam apenas os olhos de fora. Todos eram iguais, com exceção do manto do líder da missão, designado pela líder da corporação; Johannah.

O líder dessa missão seria o primogênito, Louis. Seu manto não se diferiava muito do restante, no entanto, a barra era pintada de vermelho, de uma maneira despojada e em tons que imitavam sangue. O manto do líder tinha a função de manter viva a memória de todos os guerrilheiros e camponeses que perderam suas vidas; para que se lembrassem o por que fazem o que fazem, e para quem o fazem.

— Mark! - o grito de Félicité ecoou pelo galpão chamando a atenção de todos. — Eles estão aqui.

Mark se desvencilhou de sua esposa e filho, e caminhou em direção a três camponeses que haviam acabado de chegar ao galpão trazendo as charretes. Tirou do bolso de dentro de seu manto um pequeno saco que possuía uma boa quantia de moedas de ouro, e os entregou.

Os olhos dos camponeses percorreram por todo o galpão, e por mais que pudesse parecer assustador, seus olhos brilhavam em admiração.

Os três balbuciaram baixo, tímidos "obrigado", e em sincronia dezenas de cabeça retribuíram com um único aceno. Em seguida, se viraram a Mark e o agradeceram em uma formalidade desnecessária, mas que condiz com o respeito que fora conquistado pelos membros da corporação; "obrigado, Rei Mark" .

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