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Chloe ficou sentada na cama esperando Lucifer que entrou pouco depois secando o cabelo com uma toalha. Ele tinha umas jeans que lhe ficavam melhor do que ela queria admitir. Já a camisa era a mesma que ele usava antes... algumas gotas de sangue adornavam a sua frente.

"Essa não é a camisa antiga?"

"Sim... um Prada original! Já as minhas calças Armani não tiveram muita sorte."

"Oh Prada e Armani... hum... tu és bem rico, não é?"

"Não é pelo dinheiro querida... é pela qualidade. Gosto de apreciar o melhor." Ele senta-se ao seu lado na cama.

"Certo." Ela começa a rir. "O teu cabelo..." A mão dela viaja diretamente para o seu cabelo tentando pentear os caracóis da sua testa. Não notaram a proximidade.

"Chloe..." Ela olha-o percebendo que estava muito perto dele. Os olhos castanhos estavam penetrantemente sobre ela e esperava uma reação. Congelou com uma mão no ombro dele e outra no seu cabelo molhado sem saber o que dizer ou fazer. Só então se afastou não querendo invadir o seu espaço pessoal.

"Desculpa."

Ele pegou o queixo e fez com que ela olhasse para ele novamente. "Diz-me querida o que te faz ser um milagre? O que desejas?" Diz ele antes de avança um pouco mais até ela.

"Eu não sei... eu estou acabada Lucifer... estou presa aqui há tanto tempo que mesmo se algum dia sair daqui viva, não há nada lá fora para mim. Eu estou há 12 anos aqui. Isso quer dizer que tenho 31 anos..." Ela suspira. "Eu às vezes gostava de morrer..." Ela fica por algum tempo a olhar para o nada. "Achas que existe um lugar no Céu para mim?"

Lucifer ficou quieto. A sua magia não funcionou nela. "O que te leva ao inferno é a culpa. Nada disto é culpa tua, eles lá fora estão obcecados em algo sem fundamento. Eles são os culpados de tudo."

Chloe sorri. "Pelo menos isso."

"E sobre sair daqui... não te preocupes. Ter 31 anos é ainda muito bom, és adulta e podes fazer o que quiseres."

"Certo... eu não tenho absolutamente nada e pedi 12 anos pelo menos sendo torturada, acho que vai ser difícil fazer uma vida normal depois disso."

"Suponho que sim, mas será melhor... vai melhorar e depois Cidade Prateada e paz eterna."

Chloe suspira, parecia feliz. "Como é no inferno."

"Aborrecido, demónios, almas condenadas, tortura e cinza..."

"Sem fogo?"

"Não tem fogo."

"Uau." Ela sorri novamente. "Deves me achar ridícula." Ela começa a rir. "E louca..." Ela ri mais alto.

"Eu não..."

"Eu ainda não acredito que é suposto ter um bebé contigo..." Ela continua a rir. "Rosemary's Baby... é verdade?"

"Não que eu saiba."

"Então eles vão matar um bebé inocente." Os risos dela escalaram rapidamente para choro.

"Não é possível que fiques grávida... tecnicamente somos espécies diferentes." Lucifer acrescenta. "Acho eu..."

"Achas?"

"Bom... tu és um milagre do meu pai. Fica difícil de prever."

"O teu pai... porque ele deixou que isto acontecesse? Era suposto estar assim miserável? Sofrer? Para quê? Qual é o objetivo?" As emoções dela estavam rapidamente a escalar para raiva.

Ela está muito instável... até mais do que ele já é. Os lábios deles estavam a alguns centímetros de distância e Chloe parecia realmente furiosa. Ela afrouxou o aperto que fazia na camisa dele. "Desculpa." Ela respira fundo. A proximidade trazia uma sensação boa e reconfortante para ambos. "Não sei o que deu em mim." Ela foi se afastando lentamente. O coração de ambos batia forte e tanto que eles podiam ouvir o seu próprio batimento.

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