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Essa tarde foi mais intensa do que Chloe esperou. A mãe levou-a ao centro comercial onde compraram várias roupas, nomeadamente roupas de gravidez mais avançada. Acabaram por almoçar no local, ela a mãe e Maze que não as abandonou nem por um único segundo.

Ela estava exausta... Não dormiu no hospital e praticamente não tinha fome desde o dia anterior o que não era assim tão normal. Ela vestiu um dos pijamas da mãe enquanto tudo o que tinham comprado era lavado e cuidado por Penelope.

Quando explorou mais do seu antigo quarto descobriu que não se sentia dela. Alguns dos seus antigos pertences ainda estavam por ali, mas as roupas tinham sido doadas. Chloe sentia-se diferente como se aquela tivesse sido outra vida... talvez num universo alternativo ela tivesse seguido o seu sonho de se tornar detetive como o pai. Onde teria uma vida minimamente feliz com o uma família minimamente funcional.

Chloe olhou para o exterior. A polícia ainda estava estacionada à frente da casa. Já Maze estava no quarto ao lado a arrumar as suas facas, roupas de couro e cabedal no roupeiro. Lucifer prometeu voltar mais tarde. Talvez o seu clube precisasse dele... talvez a loucura celestial ainda não tenha terminado. Ela não sabia, mas precisava ter um minuto de paz. A mente dela ainda não estava descansada. Ela ainda se sentia prisioneira e tem a certeza de que essa sensação custará a passar.

Ela tocou a barriga. Tinha de tentar superar isso pela filha, um psicólogo foi destacado pelo hospital para a apoiar. Ela sabia que seria alguém qualificado para esse tipo de casos problemáticos. Ela só quer os resultados. Ela quer estar estável para a filha e ter a certeza que nada lhe faltará. Materialmente ela não tinha dúvidas... Lucifer divagou por muito tempo em como podia sustentar metade da população dos Estados Unidos por várias gerações. O que preocupava Chloe era transmitir princípios, amor e todos os outros sentimentos que ela "esqueceu" ao longo do tempo. Tanto ela como Lucifer tiveram momentos complicados e Chloe tem medo de que isso se reflita na educação da filha. Como por exemplo, não deixar a filha ter experiências por medo que seja raptada por qualquer razão. Chloe tinha muito medo disso, nunca superaria se a sua filha vivesse o que ela viveu.

Ela suspirou enquanto se sentava na cama. Não valia a pena resistir. Ela tinha de descansar e começar a viver em vez de pensar em "ses" e "mas". Ela tinha a mãe, Lucifer e Maze... ela ficaria bem. Era livre! Acabou por se deitar e adormecer pouco depois.

*

Quando acordou já era final do dia. As luzes de rua no exterior já estavam ligadas e o céu não era mais do que uma tela de tons rosados e alaranjados. Ela fechou as persianas e resolveu descer para o andar inferior. Ao descer as escadas ela ouviu claramente o som da televisão no noticiário da noite. A juntar a isso as vozes da mãe e do Lucifer vindos diretamente da cozinha.

Ela entrou na área. Maze com uma garrafa de uma bebida alcoólica que ela nem conhecia a olhar para a televisão. A mãe a mexer algo que estava numa panela e Lucifer a discutir a importância dos ingredientes enquanto olhava para um rótulo. Parecia uma cena doméstica que ela apenas recordava de infância quando avós, tios e primos se reuniam no Natal.

"O que estão a fazer?"

"Querida!" A mãe dela limpa as mãos e olha para ela. "Dormiste bem?"

Dormiu? Pelo menos não teve sonhos. "Sim, esqueci como era dormir bem." Chloe sorri.

"Isso é ótimo querida. Agora... senta-te e espera um pouco o jantar está quase pronto."

Chloe apenas concordou e deu um olhar significativo para o Lucifer. Ela queria saber se estava tudo bem e o que se passou realmente. Porque Deus tinha estado mesmo na sua frente no hospital. No entanto, Chloe deixou isso para mais tarde e sentou-se no sofá que dava para a área comum. Maze não parecia interessada no que se estava a passar então ela pegou no comando e começou a passar canais.

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