𝓞 𝓭𝓮𝓼𝓹𝓮𝓻𝓽𝓪𝓻 𝓭𝓸𝓼 𝓹𝓸𝓭𝓮𝓻𝓮𝓼

37 16 2
                                    

Já que Félix quase não comeu e decidiu sair mais cedo do refeitório, mudei de lugar e sentei nos fundos na esperança de comer sozinha, não que eu desgoste da companhia dos meus amigos, mas as vezes é estressante ficar o tempo todo perto deles. o Félix e a Chole, apesar de serem mais velhos são imaturos demais, parece que estou interagindo com crianças! Chole tem quinze anos, eu tenho quatorze até amanhã as nove horas e Félix vai fazer dezessete. Sendo que outro dia me estressei porque a Chole passou cuspe na orelha do Félix e eles ficaram uns dez minutos babando um no outro! Nem parece que sou a mais nova do grupo. A Celine também tem quatorze anos, mas eu ainda não bem sei se ela faz parte do grupo.

Der repente minha paz acabou. Da minha direita veio um garoto de uniforme azul, com um sorriso humilde, uma câmera de revelação instantânea presa por uma fita em volta de seu pescoço e uma bandeja amarela na minha direção, ele se sentou na minha frente. Eu o reconheci, era o azule que cuidou de mim na enfermaria, se não me engano, o nome dele é Alisson.

-Você está bem? Como estão seus olhos? Alguma dificuldade para enxergar com eles? Perguntou o aluno azule colocando a mão no meu rosto, tentando me examinar.

-Quase... para ser sincera eu perdi mesmo um pouco da minha capacidade visual! A luz me incomoda como nunca incomodou e as vezes tudo sai do foco e fica embaçado, e é difícil trazer a nitidez de volta!

-Sempre achei esses olhos amarelos uma coisa linda! De todos vocês portadores! Parecem animais selvagens! Felinos poderosos! Eu ficaria feliz em ter seus olhos!

-Eu não acho! É um símbolo da nossa "deficiência! " As pessoas na vinícola tinham medo de olhar para eles! Eu era a única portadora da cidade inteira! É como se esses olhos gritassem: "olhem, sou diferente, sou estranha, sou perigosa! Cuidado!!"

-Quer trocar? Brinquei.

-Se pudesse, trocaria agora mesmo, Isabel! Passe lá na enfermaria por volta das seis horas, quando vai ser o meu turno! Eu sei que a madame Adélia disse que é irreversível, mas ela é uma pessoa muito pessimista! Eu mesmo vou dar um jeito nos seus olhos, ou não me chamo Alisson!

-Seu turno? Você é o que? Eu sei que é um estudante azule, mas não devia estar trabalhando! Você é monitor?

-Eu pedi muito para a Madame Adélia para poder treinar, porque minha família estuda as propriedades de cura rudimentar, mesclada em alquimia a oito gerações! Mas nenhum deles nunca recebeu o título de medico, porque preferiram se dedicar a ouras coisas! Eu pretendo seguir os passos deles, e ao mesmo tempo dar uma atualizada nos conhecimentos dos meus ancestrais. Eu quero ser o primeiro doutor da família! E não existe nada melhor do que treinar com uma enfermeira profissional com doutorado em ciências magicas! Depois de eu pedir muito, e testarem minhas habilidades, a diretora de ensino Keilan Mcbury me contratou como estagiário, e eu ganho algum dinheiro por isso! Mas faço mesmo porque gosto!

-Entendi! Sua história é interessante! Espero que consiga ser médico algum dia!

-Eu também! Mas mudando um pouco de assunto, o que há entre você e aquela garota? Tipo... vocês se gostam?

- Mas você é fofoqueiro, heim? Está falando da Chole? Ele riu.

-Na verdade sim, alguns me chamam disso, fofoqueiro, intrometido, mas é que eu tenho outros passatempos além da medicina. Também trabalho tirando fotos para o jornal da escola, que foi um passatempo criado dos alunos para os próprios alunos você já leu?

-Não....

-Não é nada de longo alcance, nem dá para chamar de "trabalho profissional", mas a diretora permite que eu e outros alunos escrevamos sobre nosso dia a dia, sem usar palavras chulas e sem críticas destrutivas. Eu sou o jornalista responsável pelas fotos! Temos nossa própria sala com datilografo. Somos amadores, mas tentamos parecer os mais profissionais possíveis! É uma maneira de dar nossa opinião e ter um pouco de visibilidade.

𝔓𝔬𝔯𝔱𝔞𝔡𝔬𝔯𝔢𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora