O final de semana chegou rápido, O senhor Gastón veio nos buscar, seu carro percorreu a longa estrada pela floresta de pinheiros que parecia não ter mais fim, eu gostava de sentir o vento saindo pela janela, o carro era mais bonito, perfumado e arrumado que o da minha família percorremos o cemitério velho que eu não sabia dizer se estava abandonado e eu senti sono, eu ia deitar no colo do Félix mas percebi que ele estava passando muito mal.
-Pai, para o carro! Eu preciso vomitar!
-Escuta aqui, seu moleque! Eu amo esse carro mais do que eu amo a sua mãe! Eu trairia sua mãe com esse carro se eu pudesse, se você vomitar aqui eu vou te surrar como nunca te surrei na vida!
Félix precisou sair do carro duas vezes para vomitar porque não aguentou a viagem, quando chegamos na porta notei que a casa de Félix era luxuosa, mas não tanto quanto a minha.
-Olá, Isabel Morgan, não é mesmo? Eu ainda não falei direito com a senhorita! Sinta-se em casa!
Disse o senhor Carlos Gastón.
Fiquei com um pouco de medo ao entrar, havia uma piscina bem maior que a da escola, mas impossível de nadar por conta do clima intensamente frio e da sujeira e galhos de arvores que caiam lá dentro. Aquela era a primeira vez que eu ia ficar na casa de portadores e acompanhar seu dia a dia. O clima era ainda mais frio que na Lírio Branco, e a casa, apesar de luxuosa parecia abandonada, mas ainda tinha sua beleza. Quando entrei, meus olhos começaram a lacrimejar. Havia muita poeira. Félix sentou na mesma mesa que sua mãe, que se levantou para me cumprimentar.-Quer comer alguma coisa? Eu preparo! Perguntou A senhora Úrsula Gastón antes mesmo de terminar de comer.
-Não precisa! Ainda estou com o estomago desconfortável por causa da viagem.
A senhora Gastón ignorou o que eu disse e preparou um sanduiche de salada sem casca com um copo de agua de coco. Senti por baixo da mesa algo me tocar e vi que tinha uma teia de aranha sobre meus joelhos. Os azulejos da casa eram pretos e tudo era muito escuro, a única lâmpada acesa na casa mal iluminava e piscava sem parar. A baixa luminosidade era compensada com candelabros de prata com velas vermelhas. Félix continuou olhando para o prato vazio.
-Ei, psiu Isabel! Você vai comer isso? Eu estou com muita fome!-Pode ficar com o lanche!
Me admirei como Félix conseguiu devorar aqueles sanduiches depois de vomitar tanto, colocou tudo na boca e começou a mastigar rápido demais, o que me deixou desconfortável, ele podia se engasgar a qualquer momento comendo daquele jeito. Úrsula voltou da cozinha e, ao ver seu filho comendo, deu um tapa, arranhando o rosto do meu amigo com suas unhas longas. Essa mulher era a única azule daquela casa, ela tem boa aparência, mas não tinha vaidade em se arrumar e estava muito longe de parecer feliz.
-Por que comeu a comida que fiz para ela, seu quadrupede?
-Foi culpa minha! Ele me pediu e eu deixei o Félix comer.
-Se detestou minha comida era só falar!
-Eu não detestei! Só não estava com fome, e ele me pediu, então não vi problema em deixar ele comer.
-O que achou da casa, Morgan?
Perguntou a senhora Úrsula, mordendo um pedaço de pão.
-Bonita! Achei grande e aconchegante!
~Menti.
-Pode falar a verdade! Essa casa é um lixo! Riu Félix, sua mãe não gostou de ouvir ele falando.
-Calado, estorvo! Não lhe dirigi a palavra!
Carlos se aproximou tentando amenizar o clima e mudou de assunto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝔓𝔬𝔯𝔱𝔞𝔡𝔬𝔯𝔢𝔰
TerrorNerona é atualmente a cidade mais tolerante do planeta em relação a aceitação de Portadores pois a maior parte da população mundial prega extermínio em massa dessa diminuta parcela de humanos dotados. Em meio a um cenário caótico, com fugitivos do p...