2° Capítulo

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Justin e seus tios estao esperando você lá na mesa de jantar. - Bárbara disse atenciosa, dando duas batidas na porta que estava aberta.

–Tudo bem, Barby. - sorri, virando-me para encará-la. Ela estava com o uniforme todo ensanguentado, e os joelhos sujos por ter ficado tanto tempo ajoelhada limpando o chão. - Não acha melhor ir tomar um banho? - sugeri enquanto me levantava.

–Eu ainda tenho que servir a janta... - eu a interrompi.

–Eu posso fazer isso, não tem problema. - sorri. - Agora anda, vai tirar esse uniforme!

–Obrigada. - ela sorriu atenciosa, caminhando até as escadas novamente.

Desliguei o computador e dei uma olhada no espelho. Já estava um pouco frio, por isso peguei um casaco dentro do armário. Vesti, ajeitando o cabelo e depois desci as escadas, encontrando todos os meus tios e Justin sentados na mesa, conversando sobre como foi divertido torturar Duke Hudson hoje mais cedo.

Rolei os olhos, trazendo a lasanha que as cozinheiras haviam preparado para a mesa, e depois tirando um pedaço para cada um.

–Onde está a Bárbara? - Justin perguntou estúpido. - Ela é paga para fazer isso!

–Ela estava toda suja de sangue, pedi pra ela tomar um banho e disse que serviria no lugar dela. - respondi, colocando um pedaço no prato dele. - Agora come e não reclama.

Justin me olhou sanguinário, me repreendendo pelo modo como falei com ele. Murmurei um “me desculpe”, e voltei para o meu lugar, pegando uma latinha de cerveja e abrindo.

–Vai beber? - Justin me olhou com uma sobrancelha arqueada, enquanto engolia mais um pouco de vodka.

–Vou. - respondi indiferente, tomando o primeiro gole. Ele arrancou a latinha da minha mão, arremessando-a do outro lado da sala. A lata bateu na parede, explodiu, e jorrou cerveja pra todo lado.

–Depois você vai limpar aquilo. - ele apontou, e eu decidi não discutir porque no fim eu iria acabar apanhando mesmo.

O silêncio se instalou pelos próximos minutos, só o que se podia ouvir era o som dos talheres batendo contra o prato.

Meus tios sempre odiaram o jeito como Justin me trata, mas mesmo tendo o dobro da idade dele, nenhum deles tem coragem de enfrentá-lo, por isso ficam quietos, enquanto veem Justin me surrar e destruir tudo de bom que há em mim aos poucos.

–Chaz, explique o plano para ela. - Justin mandou, terminando com a primeira garrafa e logo depois abrindo outra.

Não entendo como ele consegue comer e tomar vodka ao mesmo tempo.

–Nós já temos tudo planejado, comunicação, horários, um mapa da mansão para que você saiba aonde ir, temos acesso ás câmeras... Tudo. - ele sorriu orgulhoso. Tio Chaz também era ótimo com computadores, e me ensinou quase tudo que eu sei.

–Vamos colocar um pequeno ponto no seu ouvido... - Tio Chris começou a explicar. - e um microfone na sua roupa para conseguirmos te ouvir. Você vai ter exatamente vinte minutos, que é o tempo que os geradores levarão para ser ativados... - interrompi.

–Por que vão desligar a energia? - perguntei confusa.

–Para que as câmeras não gravem você entrando no escritório. - Tio Ryan explicou piscando para mim. Apenas dei uma risadinha, piscando de volta.

–E como eu faço com o velho? - insisti.

–Calmantes. Ache um jeito de fazê-lo beber, isso vai ficar por sua conta. Assim que tiver certeza que ele adormeceu nos avise e nós desligaremos a energia. - Chaz explicou. - Depois você volta para o quarto e vai embora como se não houvesse nada demais. Ele não vai lembrar de nada no dia seguinte.

–Mas vai perceber que foi roubado quando abrir o cofre! - disse como se fosse óbvio.

–Não exatamente. - Chris riu, tirando um Pen-Drive cinza do bolso. - Você vai trocar esse pelo original, ele só vai perceber se tiver tempo de abri-lo... - Justin o interrompeu.

–O que eu duvido, porque nós pretendemos assassiná-lo no dia seguinte. - sorriu.

–E quando vai ser isso? - perguntei.

–Sexta-feira que vem, eu já te disse. - Justin rolou os olhos, e eu assenti trêmula.

Eles conversaram sobre mais algumas coisas, mas eu não consegui prestar atenção em nada. Meu corpo inteiro tremia em cima daquela cadeira.

Terminei de comer e subi para o meu quarto. Vesti um pijama e me joguei na cama, adormecendo poucos minutos depois.

Acordei na madrugada com gritos e mais gritos no andar de baixo. Era uma mulher, provavelmente mexicana porque berrava em uma língua que eu nunca ouvi antes. Podia perceber o barulho de coisas se quebrando e os gritos chapados do Justin.

Ele devia ter se entupido de cocaína outra vez e agora estava querendo obrigar uma das vadias a fazer sexo com ele. Ouvi o barulho de um gatilho sendo ativado, e o silêncio se instalou novamente.

Decidi me levantar, não podia deixar Justin matar mais uma pessoa.

Já tinha dado a cota por hoje.

Levantei-me, enrolando meu corpo em um roupão já que o pijama era curto demais e caminhei sonolenta até a escada. Ouvia apenas alguns gemidos e gritos baixinhos, enquanto algo se movimentava rapidamente. Já estava quase na sala quando encarei aquela cena.

E se eu já sentia nojo de Justin antes, agora eu simplesmente não conseguiria olhar para a cara dele sem vomitar.

Havia um corpo morto estirado no chão da sala, um homem. Provavelmente o marido da mulher mexicana. Ela estava deitada sobre o corpo do cara, de barriga para baixo e com o rosto cheio de lágrimas, enquanto Justin apontava uma arma para a cabeça dela e a estuprava.

É, essa é a palavra exata. Ela parecia desesperada, como se preferisse morrer a estar ali.

Pesadelo AmorosoOnde histórias criam vida. Descubra agora