5° Capítulo

1.3K 48 30
                                    

–Consegue checar se está tudo certo com os arquivos? Se foram copiados para algum outro aparelho ou modificados... - sugeriu, e eu apenas assenti trêmula. - Ótimo, quando terminar desça até o escritório também. Quero te mostrar o que acontece com quem me desafia. - disse frio, antes de bater a porta com todas as forças do mundo.

Algo me dizia que eu veria Justin torturar alguém pela primeira vez na minha vida.

Levantei-me da cama ainda sentindo o corpo todo dolorido, dei passos lentos e desajeitados pelo quarto até conseguir chegar a escrivaninha, sentei-me porque não aguentava ficar em pé e segurei um soluço na garganta.

Eu não queria chorar mais.

Peguei o maldito CD do qual ele havia falado e o coloquei no drive, esperando os arquivos abrirem para que eu pudesse mexer, e enquanto isso comecei a me lembrar das palavras de Justin.

Foi como se a cada frase que ele me dissesse me partisse em pedaços. Pedaços, como ele mesmo disse, insignificantes.

Como ele pôde me comparar àquelas vadias? Ele ameaçou me matar! Encostou uma arma na minha cabeça e me pediu motivos para não estourar meu cérebro sem piedade alguma.

Realmente, naquele momento eu entendi que para Justin não havia limites, que ele não era capaz de amar nada e nem ninguém, não conseguia sentir.

Eu estive do lado dele a vida inteira. Eu o vi crescer e depois se transformar no que é hoje, eu o apoiei todas as vezes que ele caiu, eu o amei como ninguém mais amou ou algum dia chegará a amar. Eu sou tudo o que ele tem, sou a única família que restou á ele.

E mesmo assim, Justin não sente remorso nenhum quando diz que vai atirar em mim. Fala isso como se estivesse falando para um dos seus inimigos ou uma das prostitutas.

Eu não sabia o quanto era insignificante para ele até isso acontecer.

A tela do computador se iluminou e várias pastas foram abertas em sequência. Enxuguei as lágrimas e tentei parar de pensar e de me torturar com aquilo.

As pastas não tinham nome, apenas uma numeração. Abri a primeira delas e logo alguns mapas em tamanho pequeno se iluminaram na tela. Em cima deles havia vários pontos marcados em vermelho. Cliquei no primeiro e ele se ampliou.

Eu reconheceria aqueles pontos em qualquer lugar no mundo. Eram os galpões onde Justin guardava as prostitutas ilegais que trabalhavam para ele.

Nos onze seguintes havia apenas rotas de tráfico marcadas, e no último deles o mapa indicava as mansões do Justin por todo o Canadá. Nem eu sabia que havia tantas.

Fucei em todos os lugares que eu me lembrava que pudesse indicar alguma alteração no arquivo, e descobri que, seja quem for, aquela mulher sabia muito bem o que estava fazendo.

Ela havia conseguido enviar TODAS as pastas de Justin para outro computador á quilômetros de distância, e se tivesse conseguido devolver o CD a tempo, Justin nunca descobriria.

Na segunda pasta havia vários nomes de agentes do FBI, provavelmente os amigos de Justin que se infiltravam lá dentro. Na segunda eram apenas quatro agentes da CIA, também infiltrados.

Não sabia para quem aquela moça havia enviado os arquivos, mas essa pessoa havia acabado de realizar aquele plano que Justin tinha, só que contra ele.

Justin queria que eu roubasse o Pen-Drive com as informações da máfia de Abílio para pode eliminá-lo, e agora esse homem havia acabado de fazer o contrário.

E... E se ele quisesse eliminar Justin também? Para tomar os negócios?

Só de pensar nessa hipótese meu coração já dava solavancos desesperados no peito e as lágrimas começavam a se formar.

Pesadelo AmorosoOnde histórias criam vida. Descubra agora