16. Karma

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Após a enxurrada de más notícias que a Raven despejou sobre Clarke, ela vai atrás do Bellamy para saber o que ele sabe e confirmar a história da outra. Ele está no mesmo lugar que o deixa de manhã, no beliche de cima.

Ela o questiona sobre o nome Bill Cadogan e ele lembra que ela já havia comentado sobre ele quando contou da sua breve captura na Alie, mas não se recorda de tê-lo conhecido pessoalmente, tudo que sabia vinha de registros que já foram descartados, a pedido de Jaha, sobre antigos cientistas da aeronáutica e um caso específico de desaparecimento de uma cientista no qual o acusado era o dito cujo, Cadogan. Até onde ele lembrava de ter lido, nunca encontraram provas que o incriminasse, mas o homem fora expulso e preso mesmo assim.

Clarke pergunta sobre a pessoa desaparecida, mas Bellamy não lembrava o nome, era muito antes da época em que ele assumiu o império herdado. Ele era uma criança quando esse caso se instaurou e mal restara lembranças de sua infância com clareza. E isso é tudo o que ele tinha para compartilhar sobre o assunto, o suficiente para ela por enquanto, afinal há um ano atrás se ela precisasse de respostas de qualquer tipo sabia que não poderia contar com Bellamy para descobrir, pelo menos nisso eles tinham evoluído. Ele não tinha mais nada a perder para guardar um segredo dela.

Ela divide com ele o que ouviu da integrante da Resistência e o implora - engolindo o orgulho - para que ele faça a parte dele e a ajude a inseri-los naquela pequena sociedade, a fim de se tornarem mais a par de tudo aquilo que desconheciam.

Não precisou de tanta humilhação, Bellamy já estava se sentindo molenga demais para manter a postura de covarde e isso só dizia aos outros como ele parecia ser - e não era na verdade, não se considerava um fraco, então precisava agir ao menos conforme a figura social que construiu sua imagem pública.

Onde estaria o herdeiro Blake que as pessoas temiam e invejavam?

O que ele fazia para manifestar isso nelas? Precisava ressuscitar aquela máscara novamente.

Na verdade não era bem assim. Mas, ele ainda não tinha aprendido como um caráter bom e honesto deveria parecer. Então pelo menos se fizesse algo fora daquela cama, já teria alguma serventia.

Por isso na manhã seguinte seguiu com Clarke quando ela deixou o dormitório que dividiam com mais três pessoas, uma mãe solteira e seus dois filhos, sobreviventes pois não deixaram o bunker para tentar a sorte na invasão - e de fato tiveram sorte, pois só o que aqueles que se arriscaram encontraram foi a morte ou perda de familiares e/ou membros do corpo. Cass já tinha perdido o marido anos antes em uma luta contra militares, não queria expor os filhos a perda da mãe ou vê-los perecer. Escolheu ficar para trás, e agora os três estavam vivos.

Bellamy e Clarke eram gratos por aquela pequena família e foi através da enfermeira que pediram uma ocupação de utilidade para os dois. Clarke ja ajudava no que podia a qualquer um que ela visse precisando de ajuda, várias pessoas ficaram deficientes de membros superiores e inferiores após a invasão e muitos ainda se amontoavam em um espaço improvisado de
posto médico, ela auxiliava como podia até onde ela tinha aprendido em seus três anos como estudante de medicina. Na vida real, ela percebeu que não sabia de quase nada, estava aprendendo ali na prática, tudo o que treinava antes eram em ferimentos simples de crianças da Elite que ralavam o joelho ou realizava exames de rotina, nunca precisou lidar com fraturas expostas ou cirurgias de remoção de membros - em um local que não tinha a menor estrutura ou preparação pra isso. Ela se sentia emocionalmente esgotada e arrasada todos os dias que deixava o local, por isso queria achar outra função mais leve porém ainda necessária, de preferência uma que mantivesse os olhos em Bellamy.

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