11. Delírio

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Clarke acorda quatro dias depois quase totalmente recuperada, e considera continuar não saindo de casa, se possível nem sair do quarto. Mas seus pensamentos não a deixam em paz, ela recapitula tudo que descobrira nas últimas semanas, a prisão de seu pai e o real motivo, o esconderijo do trem espacial que não era uma expedição breve ao espaço, era uma fuga só para uma parcela da população norte americana, a que tinha muito dinheiro - e alguns "sortudos" como ela, - o blackout que a fez acordar em um laboratório e Bellamy achar que ela havia sido eletrocutada. Além disso, descobriu sobre o que faziam nos laboratórios e o cruel projeto do tal Bill Cadogan, e que de alguma forma, isso chegava até ela e ao líquido injetado em seu corpo, motivo pelo qual queriam desesperadamente um herdeiro dela e de Bellamy e ele nem teve a dignidade de lhe contar.

É, ela definitivamente não podia ficar em casa. Precisava procurar onde começava e onde terminava a relação entre tais segredos. Tinha a infeliz impressão de que aquilo era só a ponta do iceberg.

Ao chegar na ALIE segue direto para um único lugar, o escritório Blake. E como ele havia dito a ela uma vez, tudo que era dele agora era dela, ou seja, ela também devia ter direito a usar seu escritório - ia inclusive usar esse argumento com ele se necessário.

Não sabia bem o que procurar, sentia que quando achasse saberia. Mexeu em vários papéis na mesa, tomando cuidado para deixar organizado como encontrara. Não havia nada além de relatórios de impostos e criptografia de coisas que ela não podia decodificar lendo.

Passou a procurar entre os livros da estante, folheou cada página mas era só mais frustração. Ele nem deveria ler qualquer coisa ali, devia ser tudo apenas decoração.

- Posso saber o que está fazendo aqui?

Ela se assusta com Bellamy entrando tempestuosamente no ambiente e batendo a porta atrás de si. Sua grande marca de estupidez.

- Bellamy...

- É, eu. O que estava fazendo aqui no meio das minhas coisas?

- Eu só estava procurando...

Ele ergue a sobrancelha a desafiando a inventar uma bela desculpa pra se safar dessa.

- Estava procurando algo.

Responde atrevida.

- Algo? - ri sem acreditar que ela não dá o braço a torcer - e você não poderia ter pedido esse algo?

- Não. Você não saberia onde está...

- Não...E você sabe?

- Eu?

- É, você, Clarke. O que está acontecendo? Você tá muito mais estranha que o normal.

- Eu preciso ir.

- Ah, mas de jeito nenhum. Depois da última noite eu planejava te deixar sozinha pelo tempo que fosse necessário, mas você veio até minha sala com seus próprios pés, então eu exijo saber que diabos foi aquilo?

- Não sei do que está falando.

- Ah, não sabe?

- Bellamy por favor...

- Por favor, digo eu. Por que é que você voltou a me odiar do nada e decidiu que agora eu sou um monstro? Toda vez que tento falar com você é uma humilhação diferente! E você reage sempre assim, respondendo com palavras vagas, me deixando sozinho. O QUE TÁ ACONTECENDO?

- Ai me poupe do seu cinismo, você sabe o que está acontecendo!!! - explode falhando a voz prestes a chorar e balbucia - Você sabe, não sabe?

𝐄𝐓𝐇𝐄𝐑𝐄𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora