30. Inefável

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A Estação Polaris tinha desaparecido no espaço há décadas. As pessoas na terra fizeram um memorial em honra a todos os membros da expedição. Bellamy visitava a lápide em memória dos pais uma vez por ano. E ali bem à frente deles estavam os fantasmas. 

A primeira ação que alguém teve depois do susto, veio de Shaw. Ele ligou a rede de comunicação externa e tentou fazer contato pela rádio. Sem sucesso. 

— Precisamos avisar aos outros. 

É Lincoln quem quebra o silêncio. 

— E falar o quê? Que meus pais morreram aqui, esquecidos por três décadas?

Todos sentem angústia de Bellamy e ele deixa escapar algumas lágrimas. 

— Pelo menos agora temos uma resposta. — Raven gira a poltrona e o olha nos olhos. — Esse tempo todos nunca soubemos o que aconteceu, porque o sinal foi cortado. Agora sabemos. Estavam irrastreáveis.

—Assim como nós, agora.
Completou Charlotte lembrando da atual realidade. 

— Eu quero explorar. 
Octavia comunica de repente e os olhares se voltam para ela. 

— Você ainda não está recuperada-...

— Nem comece, Bellamy. São meus pais também, eu quero ir. 

— Acho que Octavia está certa, mas também acho que realmente deveríamos falar com a Comandante.  

— Certo, deixa eu só direcionar a ponte de acoplamento para a arca. — o piloto pede e em segundos os outros observam uma extensão de aço ser aberta para a estrutura a frente com cerca de dois metros de largura. — Pronto, devemos mesmo falar com Lexa primeiro.

— Costia! 
Lincoln corrigiu. 
Mas Shaw obedecia a Lexa, líder do abrigo que viviam. Costia era só um nome para ele. 

— Tanto faz.
Deu de ombros se levantando.

Ninguém tinha algo mais a dizer então deixaram juntos a sala e seguiram Lincoln. Raven, como piloto reserva, os acompanhou já que não tinham mais controle sobre o percurso da nave. Estavam à deriva em um novo universo e eram reféns dele. A nave era apenas uma proteção ilusória. 

A equipe principal da antiga Resistência já estava no salão conversando baixo, após retirarem seus trajes quando notaram a energia voltando e as coisas parecendo normais — com exceção do lado de fora totalmente escuro e irreconhecível dos arquivos escolares. 

O grupo que presenciou a novidade os conta onde aparentemente estavam e o que tinham descoberto. Octavia, segurando a mão de Lexa e Costia lhes passa a visão que recebeu do que o irmão sentiu e associou. Quando elas entendem, é fácil concordar que eles deveriam estar na primeira equipe de exploração.  

Entre conversas de preparação e inseguranças eles não percebem ouvidos curiosos por perto. 

A sorte de quem os ouvia, era seu tamanho não ser medido com a mesma régua da sua esperteza, porque enquanto um era de baixa estatura a outra era abundante em sabedoria. A pequena figura, invisível como escutava escapuliu da Eligius sem o notar de ninguém. Foi somente quando o ponto inteligente na têmpora do piloto sinalizou algo errado, que ele conferiu no tablet-guia que a porta para a ponte havia sido aberta. 

Alguém já estava atravessando.

— Pessoal! 
Ele chama atenção de todos levantando a voz e mostrando a câmera do tablet. — A passagem foi aberta. 

O grupo se aproxima da tela e é Bellamy quem primeiro reconhece.

— Madi?

𝐄𝐓𝐇𝐄𝐑𝐄𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora