SDPFNPPOF

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Devem estar se pensando, mas que merda S/n, finalmente conheceu a garota e você simplismente fugiu sem dizer nada? Calma meu querido leitor, a vida é longa, terei tempo o suficiente, ou é isso que eu espero.

Após aquela noite eu pensei sobre ir para casa ou andar pelas ruas, porém eu acabei tendo uma idéia um pouco diferente, a única luz ligada dentro da casa, dando diretamente para ela, focada na costura.

Eu me encontrava sentada no telhado, na ponta com o rosto um pouco afastado cedo alguém olhasse, observando a mulher, a maçã ao seu lado, sempre mordendo uma vez ou outra dando descanso para suas mãos.

Espionagem? Não, ela sabia que eu estava ali, eu sei que sabia, e tive certeza quando começou a chuviscar.

- Vai entrar ou ainda é cafona? - Levantei meus olhos na sua direção sorrindo.

- Posso vossa alteza? - Ela concordou sem me olhar. Me joguei dali caindo com cuidado para não acordar Horácio e Joel - Não acha que está tarde para costurar?.

- Eu sempre tenho idéias esses horários - Peguei uma cadeira e a arrastei para frente da mesa.

- O lado criativo do cérebro se torna mais ativo em alguns casos a noite, em você não parece ser diferente - Observava com certa difículdade para entender como ela conseguia costurar aquilo na fraca luz.

E assim fiquei, o mais puro silêncio quando ela o quebrou.

- Por que foi embora? - Ela largou a roupa de camareira que fazia finalmente me olhando, os olhos verdes claros levemente apertados por causa de seu sorriso, mas tinha algo a mais, algo do qual eu anotei em minha mente que me focaria depois.

- Não fui embora, deixei a maçã, e fiquei no telhado o tempo todo - Ela continuou me olhando sem expressão, a língua na ponta da bochecha - Tá, eu tava com medo de que fossem me matar ou coisa do tipo.

- Sério?.

- Óbvio que não, só queria sair daqui, lugares apertados me dão falta de ar.

- Mas aqui não é apertado.

- Exatamente - Ela riu negando enquanto concordava, confuso não?.

- Então, não irá embora de vez senhorita S/n - Eu arqueei a sombrancelha me apoiando na mesa.

- Fugi uma vez, o que me impede de fugir de novo?.

- Nao vou tirar os olhos de você - Ela se virou para guardar a roupa e eu me levantei, correndo para o canto da mesa, eu a vi se virar confusa logo me achando atrás de si.

- E não é que tirou? - Peguei a maçã quase acabada da mesa dando uma última mordida.

- Isso era meu.

- Saia do passado, foque no presente planeje o futuro - Uh, saiu melhor do que eu pensei que sairia.

- Filósofa?.

- Todo mundo tem seus momentos - Joguei o restante da maçã no lixo me virando - Então, ladra do cabelo vermelho, acho que tá na hora.

(Stella)

Me virei pronta para achar um lugar para S/n dormir quando a perdi de vista, vendo uma maçã inteira em minha mesa.

- "SDPFNPPOF" - Que merda aquilo siginificava? Olhei para a prateleira de tecidos e a coloquei ali, não iria comer até saber o siginificado, vai que.

- E a dançarina some novamente - Me joguei na minha cama e relaxei pronta para dormir, eu necessitava de uma boa noite de sono para aguentar aquele trabalho.

[...] Vi o saco rasgar em meus pés me fazendo gemer.

- Que dia maravilhoso! - Caminhei estressada para a porta e a puxei, não abriu. Tentei novamente e nada - Perfeito - Respirei fundo me afastando tentando manter o sorriso no rosto, peguei a comida que Joel e Horácio haviam trazido e sai daquele beco, comendo sem rumo pouco ligando para onde estava indo.

Olhava as lojas quando me deparei com uma vitrine, digamos que ridícula.

- Você acha que isso aí tá aceitável? - Falei a espera de que a moça lá dentro me ouvisse.

- Que! - Surda.

- E você acha que isso aí tá, aceitável? - Minha voz foi abaixando aos poucos ao ver o homem de cabelo capacete aparecer na minha visão, seu sorriso sumiu quando deu de cara comigo, dando um único movimento me indicando a entrar na loja.

Me desviei do caminho vendo o homem abrir a porta e entrei naquele salão brega e ridículo.

- Chapéu bonito - Que cor horrível - Hm, blusa cobrindo o pescoço, tá legal - Se controla, mas não deu ao ver uma moça fazendo um gesto com sua mão reclamando de algo, logo me fazendo imita-la, por pouco não dando de cara com ele, tantas caras e bocas em.

- Eu já vi de tudo, porém, poderia me explicar por que tem uma, banana, no seu rosto? - Toquei minha bochecha e não senti nada - Do outro lado - Toquei logo a sentindo, e não demorei a joga-la para dentro de minha boca o fazendo rir de nervoso - Oh, meu escritório, agora! Vai vai - Concordei o ultrapassando, indo para a pequena sala, que cara chato.

Esperei ali vendo ele se mover para a caixa de vidro, pegando uma das bebidas dali, agora você se vira Stella.

- Antes de me demitir eu quero falar uma coisa - Ele arranhou a garganta respirando fundo, achando a calma que ele não tinha.

- Limpe o escritório, de cima a baixo - Tentei passar por cima de sua fala mas ele continuou - E quando viver amanhã, lembre-se de trazer uma cabeça que, bem, funcione - Aquilo era sério? A pior parte é que era.

- Foi grosseiro a beça agora, eu imagino, que escondido, em algum lugar desse, terno - Eu poderia chamar aquilo de terno? - Que além de ser curto é brega e mal acabado, tem um homem gentil e bom, que pensa em dar a essa mulher genial outra chance - Ele iria aceitar, era eu, sinceramente, eu era incrível.

Ele sorriu prepotente virando de uma vez sua bebida rindo logo em seguida.

- Faxina, agora!

[...]

Já te disseram que tudo com música fica melhor? É... o que? Tá esperando que eu saia dançando e crie uma obra de arte assim de repente? Bom, foi mais ou menos assim, só precisamos adicionar um pouco mais de, bom... Álcool.

Eu terminava de guardar o fedorento lixo dentro daquela sacola imensa, como poderia ter tanto lixo em um único dia? Amarrei o saco preto e olhei em volta para ver se faltava alguma coisa, dando de cara com a belezinha de vidro. Era arriscado? É claro, mas eu estaria bêbada logo logo, nem mesmo iria me lembrar, mas eu me lembro perfeitamente bem dessa parte.

Eu me lembrava de como embolava meus pés tentando dançar, os sons de nojo que saiam de minha boca com cada peça horrível, a música These Boots Are Made For Walking Dead tocando dentro da minha cabeça, eu não sei talvez realmente estivesse sendo tocada, eu não me lembro.

Cantarolava baixinho fora do ritmo caminhando para eu sei lá onde, quando aquela toxidade de vitrine se colocou a minha frente, tão, simples, comum e, feia, muito feia.

Entrei dentro da vitrine acabando por derrubar algo de vidro, o que era? Eu não faço a mínima idéia, mas me ajudou bastante.

Olhei pelo vidro vendo se não vinha ninguém e sorri, logo sumindo ao ver aquele chapéu, o joguei para trás me afastando e foi a última coisa que eu me lembrei antes de criar uma obra de arte, estou sendo até que humilde.

(S/n)

Eu juro que imaginava de tudo, tipo, tudo mesmo, mas em nenhum momento pensei em ver Stella caixa bêbada em uma vitrine de uma loja depois de ter feito uma coisa incrível, eu podia não entender dessas coisas porém, tinha que adimitir, aquilo deixava qualquer um intrigado, até mesmo eu.

Observava do outro lado da rua a confusão que acontecia na loja após uma mulher adentrar a mesma, o trio saiu correndo para dentro de um bondinho e eu ponderei sobre segui-los ou não, o que eu tinha a perder de qualquer forma?






Preto no Branco (Cruella x You)Onde histórias criam vida. Descubra agora